EDITORIAL
 

Tramita há dez anos no Congresso Nacional um projeto de lei que pode ser um forte aliado na luta contra a obesidade, crescente no Brasil nos últimos anos. Trata-se do PL 1755/2007, que proíbe a venda de refrigerantes em escolas do 1º ao 9º ano. Este PL é apoiado pela comunidade global de saúde pública, está embasado em evidências e conta com o apoio da maioria da população. Segundo pesquisa ACT/Datafolha realizada em agosto de 2016, 64% dos brasileiros são contrários à venda de alimentos ultraprocessados em escolas.

Controlar a venda destes produtos nas escolas é importante, por ser um local onde as crianças passam, ao menos, quatro horas diárias. Portanto, deve ser protegido, seguro e que promova saúde e bem estar. A escola tem um papel central na formação e proteção de hábitos. A exposição diária e o acesso facilitado a produtos não saudáveis, como refrigerantes e bebidas açucaradas, pode sim fazer com que crianças e jovens se tornem consumidores frequentes deste produtos. No Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) a oferta de bebidas com baixo valor nutricional é proibida há anos, assim como sucos e doces são restritos.

Dada a extensão do problema de sobrepeso e obesidade no país, o Ministro da Saúde Ricardo Barros anunciou recentemente as seguintes metas: frear a curva de crescimento da obesidade, reduzir o consumo de bebidas açucaradas em 30% e aumentar o consumo de frutas e hortaliças até 2019.

O PL 1755/2007, se aprovado, pode contribuir no alcance destas metas.  Ele está na pauta da CCJC – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania e esperamos contar com seu apoio para aprová-lo. Saiba mais sobre a questão na página da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável.

Destacamos também que o professor da Universidade Federal de Pelotas Cesar Victora está entre os cientistas que receberam o Prêmio Gairdner, do Canadá, pelo conjunto de estudos sobre amamentação e nutrição materno-infantil. Seu trabalho foi um divisor de águas na década de 1980 na área. Ganhadores desse título são considerados como potenciais candidatos à indicação para o Prêmio Nobel.

O reconhecimento do trabalho de Victora reforça o consenso que existe na área e as bases em que a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável se sustenta: a amamentação ajuda a reduzir a morte de bebês no primeiro período da vida, a questão da alimentação não deve ser individualizada, mas sim da sociedade como um todo, e a saída para a epidemia da obesidade é o controle da propaganda e a taxação de alimentos ultraprocessados.

Na seção de Entrevistas, o destaque é para Mike Brady, realizador do filme Tigers, que trouxemos em parceria com a IBFAN e IDEC para exibições no país, e que aborda a questão da amamentação sob um ângulo diferente: a pressão das empresas de alimentos para abrir e expandir seus mercados, mesmo que custe a morte de milhares de bebês e um sofrimento incalculável para suas famílias.

Em Notícias, vale a pena conferir nota de O Globo sobre nossa ida a Brasília, junto com parceiros, pedir apoio para que o Superior Tribunal Federal julgue a ação sobre a proibição dos aditivos nos cigarros.

Boa leitura.
Paula Johns e Mônica Andreis



ACT ENTREVISTA
 

Entrevista Mike Brady,  da Rede Internacional em Defesa do Direito de Amamentar (IBFAN/UK).

Ayan é um paquistanês recém-casado que consegue emprego de vendedor na multinacional Lasta, de saúde. Com simpatia e bom relacionamento com os médicos, e munido de dinheiro da empresa, Ayan dá presentes a enfermeiras e doutores, paga promoções e patrocina eventos. Tudo para vender leite em pó para recém-nascidos, as chamadas fórmulas, que substituiriam a amamentação.

Até que um amigo médico, depois de se aprofundar mais na realidade do país, o leva a uma enfermaria onde bebês estão morrendo desnutridos, com diarreia, sem anticorpos para se defenderem.  Ayan fica arrasado ao perceber que vende e incentiva a prescrição de fórmulas infantis de leite, responsáveis pela morte  mais de 800 mil mortes de bebês, anualmente, em todo o mundo.

Essa é a história de Tigers, dirigido por  Danis Tanovic, que a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável e a IBFAN Brasil  apresentaram no Rio e que terá uma sessão em São Paulo, em 12 de abril.

Na vida real, Ayan é Syed Aamir Raza, e a Lasta é a Nestlé, que jogou pesado, perseguiu e negou todos os argumentos apresentados. Syed acabou indo para o Canadá e, depois de sete anos, conseguiu levar a família. Atualmente, é motorista de táxi em Toronto.

Nosso Boletim conversou com Mike Brady, coordenador de campanhas do Baby Milk Action e da IBFAN do Reino Unido, idealizador do filme. A IBFAN tem como foco de trabalho o monitoramento de empresas de alimentos infantis.

Quais são as principais práticas dessas empresas para vender seus produtos?
Esta questão é bem representada no filme. As empresas mantêm muito contato com os médicos,  para promover a fórmula de leite. Assim, fazem patrocínios de eventos, oferecem treinamento, conquistam e ampliam seu mercado.  E essa situação ainda acontece em muitos países.

O  marketing dessas empresas continua sendo tão agressivo quanto o que é apresentado no filme, que se passa na década de 90?
Atualmente a promoção é mais regularizada por causa do trabalho da IBFAN e de outras organizações. Conseguimos aprovar, em 1981, um Código de Marketing para Substitutos do Aleitamento Materno, na Assembleia Mundial da Saúde, das Nações Unidas, mas mesmo assim as empresas desobedecem essa regra.  No Paquistão, por exemplo, o Código só foi adotado em 2002.

Mas pode fazer propaganda?
Elas não podem fazer propaganda das fórmulas ou mamadeiras, não podem ter contato com mães, mas isto acontece dissimuladamente. Em alguns lugares ainda existe o chamado baby show, um evento em que mães e bebês posam para fotos, uma espécie de concurso do bebê mais bonito, que é promovido pelas empresas e faz bastante sucesso.
Atualmente, fazem muita promoção por Internet e celulares, e tentam burlar as regras desse jeito, tendo contato direto com as mães.

A empresa no filme chama-se Lasta, mas na vida real é a Nestlé, certo?
Sim. A Nestlé é a líder do mercado, com cerca de 40% do mercado mundial de leites infantis e usa sua influência para lançar tendências e comportamentos, além de interferir nos esforços dos governos para regulamentar as práticas de marketing.
Em vários países, as empresas de leites infantis criaram outros produtos com a mesma marca da fórmula, fazem propaganda, chamam de leite do crescimento.

As empresas continuam a difundir o mito de que a fórmula é mais nutritiva que o leite materno?
Elas são muito espertos. Divulgam a ideia que o produto deles é baseado no leite materno, que é bom para a inteligência, para o desenvolvimento e a imunidade.

Como foi o envolvimento da IBFAN para conseguir produzir um filme como Tigers?
A IBFAN é uma rede internacional e temos parceiros no Paquistão, que no filme ficou representado como Hub. E a história aconteceu como é mostrada no filme. O personagem Ayan é um vendedor de uma empresa de fórmulas de leite que, quando descobriu o que estava acontecendo, as mortes de bebês por diarreia e desnutrição, entrou em contato com este grupo.

Uma preocupação que tínhamos era por não conhecê-lo  e, por ele vir de uma empresa de alimentos,  foi preciso que fizéssemos muitas investigações, pesquisas, incluindo os advogados da IBFAN. Mas tudo foi documentado e a história, confirmada e, então, um relatório  foi  produzido com as evidências encontradas.

Lançamos esse relatório na Europa, levamos  Syed, expusemos a história, e ele continuou com sua missão de divulgar a realidade do marketing das fórmulas de leite no Paquistão. Acabou sofrendo muita perseguição, sua família teve que sair da cidade, e o Canadá foi uma opção para ele.

A dificuldade de fazer o filme foi grande, porque há um grande medo de uma empresa transnacional como a Nestlé. Mas, no final, conseguiram, com produção da Índia.

O filme conseguiu mudar a realidade no Paquistão?
A IBFAN conseguiu reunir muitas provas desse marketing, que acabaram gerando um projeto de lei para coibir essas práticas danosas, mas ainda não foi aprovado.

#ChegaDeAgrotóxicos

 

A recém-lançada plataforma #ChegaDeAgrotóxicos traz uma petição online para mobilizar a sociedade pela aprovação da Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA) e já alcançou mais  de 40 mil assinaturas.

É uma iniciativa de organizações e movimentos sociais da área da saúde, meio ambiente, produção agrícola sustentável e direitos sociais. A ACT assina a plataforma, entre outras organizações que fazem parte da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável.

Temos o desafio de chegar a 100 mil assinaturas e entregá-las aos parlamentares que estão na Comissão do Pacote do Veneno (PL6299/2002).  

Para isso, contamos com o apoio de vocês para continuar divulgando e buscando mais assinaturas.

Sugestões de colaboração:

1)    Assine a petição: http://www.chegadeagrotoxicos.org.br/
2)    Envie este e-mail para seu mailing de contatos
3)    Curta e compartilhe os posts sobre a campanha: https://www.facebook.com/aliancapelaalimentacao/posts/234975083633771


III Congresso Abrasco
 

Estão abertas as inscrições para o III Congresso Brasileiro de Política, Planejamento e Gestão em Saúde, promovido pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva - Abrasco, cujo tema será o SUS como direito social. O evento será realizado de 1o a 4 de maio, em Natal, Rio Grande do Norte.

Para mais informações e inscrições, acesse http://www.politicadesaude2017.com.br/inscricoes.php


POLÍTICAS DE CONTROLE DO TABAGISMO
 

Estão abertas as inscrições para o curso de Políticas de Controle do Tabagismo 2017, oferecido pelo CETAB/ENSP/FIOCRUZ. Este ano, acontecerá no período de 3 a 14 de julho na Fiocruz e serão oferecidas 20 vagas para atender, principalmente, profissionais de saúde da Rede SUS que atuam ou querem atuar no controle do tabaco, além de pesquisadores e outros profissionais interessados no tema.

O Edital completo está disponível em: https://goo.gl/FjB16V



REDES SOCIAIS
 

A ACT e  a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável continuam atuando nas redes sociais, focando temas como tabagismo, alimentação e outros fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis.

#EscolaSaudável  é um exemplo de mobilização que tem o objetivo de garantir que a alimentação nas escolas seja adequada e saudável e pressiona o poder público, por meio de prefeitos e vereadores, sancionar leis que garantam escolhas adequadas na merenda escolar.


Há um projeto de lei em análise na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados que pretende proibir a venda de refrigerantes nas escolas. Estamos acompanhando sua tramitação e vamos mobilizar a sociedade para sua aprovação.

Em março celebramos o Mês de Conscientização do Câncer Colorretal, com posts sobre o tema. Este tipo de câncer, segundo estudos, está relacionado à dieta baseada em alimentos ultraprocessados, tabagismo, consumo excessivo de álcool e sedentarismo.
E mantemos a campanha de assinaturas do nosso boletim mensal. Com ele, você tem acesso às informações, entrevistas, campanhas e advocacy que fazemos.



TIGERS
 

A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, da qual a ACT faz parte, lançou em 12 de abril, em São Paulo, Tigers. O filme tem 90 minutos de duração e é baseado na história verdadeira do paquistanês Syed Aamir Raza (Ayan), que foi representante de vendas da Nestlé, e hoje vive exilado no Canadá.

Tigers foi apresentado, em março, no Rio, em sessão especial, seguida por um debate com Mike Brady, da IBFAN, entrevistado desta edição do Boletim. O filme estreou no circuito de festivais, sendo exibido em Toronto, no Canadá, San Sebastian, na Espanha, e Zurique, na Suíça, em 2014.




NOTÍCIAS
 

'DITADURA DA MAGREZA ENLOUQUECE AS PESSOAS', DIZ ATRIZ CRISTIANA OLIVEIRA
Folha de S. Paulo, 28/3/2017

A transformação dos hábitos vai além do reconhecimento da necessidade de mudanças e passa por organização pessoal, redução do nível de exigência com os resultados e um ambiente que permita escolhas mais saudáveis. Essa foi a conclusão dos participantes de debate sobre mudança de hábitos, no 4° Fórum Saúde no Brasil.
http://www.actbr.org.br/dcnt/noticias-conteudo.asp?cod=2935

BRASILEIRO GANHA MAIS IMPORTANTE PRÊMIO CIENTÍFICO DO CANADÁ
O Estado de S. Paulo, 28/3/2017

O professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Cesar Victora  está entre os sete cientistas que receberam a mais importante premiação científica do Canadá, o Prêmio Gairdner. O título foi concedido a Victora em reconhecimento ao conjunto de estudos sobre amamentação e nutrição materno-infantil.
http://www.actbr.org.br/dcnt/noticias-conteudo.asp?cod=2934

Ação que proíbe cigarros com sabor está parada no STF desde 2012 e Fundação do Câncer cobra agilidade
O Globo, 24/3/2017
Representantes da Fundação do Câncer estiveram, semana passada, em Brasília, buscando apoio para pressionar o STF a julgar a proibição de aditivos de sabor em cigarros (como mentol, cravo e canela). É que o processo está parado no Supremo desde 2012.
http://actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=2941

ENERGÉTICO COM ÁLCOOL AUMENTA CHANCE DE ACIDENTES, DIZEM CIENTISTAS  
Folha de S. Paulo, 21/3/2017

A combinação de bebidas alcoólicas com energéticos pode aumentar a possibilidade de acidentes e lesões, de acordo com uma pesquisa divulgada nesta semana no Canadá. A cafeína contida em energéticos torna os consumidores mais despertos e encorajados a beber mais álcool que o normal.
http://www.actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=2928

TRIBO INDÍGENA DA AMAZÔNIA POSSUI OS CORAÇÕES MAIS SAUDÁVEIS DO MUNDO
O Globo, 19/3/2017

Estudo comprova que tribo Tsimané, com indíviduos que passam o dia pescando, caçando ou trabalhando em lavouras, possui os corações mais saudáveis do planeta, com os menores níveis de calcificação das artérias já registrados.
http://www.actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=2918

 SENADO ABRE CONSULTA SOBRE PROIBIÇÃO DE CIGARRO A MENORES DE 21 ANOS
O Globo, 6/3/2017

O Senado Federal abriu uma consulta pública em seu site para tratar da "proibição da venda de produtos fumígenos, derivados ou não de tabaco, a menores de 21 anos de idade". A enquete coloca em discussão um projeto de lei que pede a proibição da venda de cigarro e derivados a pessoas com menos de 21 anos, perguntando ao internauta se ele concorda ou não com a proposta.
http://www.actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=2908



 


Facebook da ACT