EDITORIAL | ||||
Além dos seus impactos econômicos diretos sobre a saúde, as doenças relacionadas ao sedentarismo são associadas também a impactos indiretos, na ordem de 13,7 bilhões de dólares, com perdas em produtividade. Investimentos em promoção de atividade física trazem benefícios não apenas para a saúde ou a economia, mas também para o desenvolvimento sustentável e sendo, portanto, pauta importante da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas. Essa é uma das conclusões da entrevista com Ricardo Brandão de Oliveira e Victor Andrade, especialistas em atividade física e mobilidade urbana, um dos destaques desta edição. Outro tópico é a participação da ACT Promoção da Saúde, no começo de outubro, da Oitava Conferência das Partes (COP8) da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), em Genebra. Segundo a diretora-executiva Mônica Andreis, que acompanhou as discussões, um ponto positivo foi a adoção de um plano para impulsionar as medidas previstas no tratado. A necessidade desse plano se dá porque, apesar das conquistas já alcançadas, ainda há muito a ser feito, especialmente em apoio aos países que ainda não conseguiram avançar na implementação das medidas. A próxima COP, em 2020, será na Holanda, e o Paraguai se candidatou para sediar a COP10, em 2022, mostrando uma forte intenção de mudar sua imagem internacional, atualmente associada ao mercado ilegal de tabaco, e demonstrar maior comprometimento com o tema e a CQCT. É uma boa notícia. Sobre o mercado ilegal, aconteceu entre dias 8 e 10 o 1o encontro para a discussão do Protocolo para Eliminação do Mercado Ilícito de Produtos de Tabaco, também em Genebra. O Brasil participa dessa primeira reunião, após ter ratificado o protocolo. Em setembro, a ACT também participou da Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNTs), que destacou a importância da implementação de medidas como a tributação de produtos não saudáveis (como álcool, tabaco e alimentos ultraprocessados) para controlar e prevenir as DCNTs. A Declaração Política final da reunião, entretanto, não incluiu compromissos realmente corajosos e com foco em tributos e regulamentação. Por isso, a NCD Alliance, coletivo do qual a ACT é membro, preparou uma declaração da sociedade civil, apoiada por mais de 300 organizações e especialistas, destacando as falhas do documento oficial e exigindo ações mais urgentes e efetivas de todos os países. Essa é a única forma de revertermos o crescimento de mortes prematuras e evitáveis ocorridas por conta dessas doenças. Na área da alimentação, dois fatos deixaram as organizações que fazem parte da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, da qual a ACT participa, bastante preocupadas. Primeiro, as declarações do novo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), William Dib, favoráveis a advertências coloridas nas embalagens dos produtos (o chamado “semáforo”), o que vai contra as conclusões do Relatório Preliminar da Análise de Impacto Regulatório sobre Rotulagem Nutricional, publicado pela própria agência. Junto com outras organizações integrantes da Aliança, a ACT se manifestou mostrando sua preocupação. O segundo fato foi o retrocesso advindo com o Decreto 9.514/181, publicado em 27 de setembro de 2018, que volta a elevar a alíquota do IPI sobre extratos ou sabores concentrados para elaboração de bebidas adoçadas, como os refrigerantes, o que favorece o aumento do valor da isenção fiscal das empresas fabricantes. Também com outras organizações integrantes da Aliança, manifestamos indignação com a medida, que parece ser fruto da pressão sofrida pela indústria de bebidas e seus aliados. Trazemos mais informações sobre o assunto nas seções Notas e ACT Legal. Além disso, a ACT lança agora uma campanha, intitulada Tributo Saudável, com objetivo de alertar sobre a importância da manutenção do decreto presidencial 9.394/2018, que havia reduzido incentivos fiscais recebidos pela indústria das bebidas açucaradas na Zona Franca e que foi enfraquecido por esse novo Decreto 9.514. A campanha usa mídias sociais e vídeo, além de uma petição online, que pede a manutenção do decreto presidencial, pois ainda há outros projetos de lei que querem derrubá-lo de vez e garantir as vantagens tributárias para o setor. Por fim, aproveitamos o período da campanha eleitoral para lançar uma carta compromisso aos candidatos a presidente, governadores, deputados estaduais, federais e senadores, com o objetivo de que firmassem compromissos com políticas de saúde pública. O documento inclui compromissos com relação à promoção da saúde em geral e, mais especificamente, com a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável, a Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, a Década de Ação das Nações Unidas pela Nutrição e o Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das DCNTs no Brasil. Já a Aliança preparou uma plataforma para a promoção da alimentação adequada e saudável, com outra carta compromisso que contempla os 10 itens da agenda do movimento, entre eles a proteção e apoio à amamentação, fortalecimento da agricultura familiar e agroecologia, efetivação da proibição da publicidade infantil, melhorias nos rótulos dos alimentos e restrições à publicidade de alimentos ultraprocessados. Este Boletim foi fechado na semana em que o segundo turno das eleições se definiu. Uma pesquisa que encomendamos ao Instituto Datafolha mostrou que a população discorda da concessão de incentivos fiscais às empresas de bebidas açucaradas (49%) e de álcool (72%). Já as de alimentos orgânicos, segundo 84% dos entrevistados, devem receber incentivos. A amostragem também indicou baixa intenção de voto em políticos que apoiem esses setores: 89% não votariam em políticos ligados à indústria de agrotóxicos, 85%, à de tabaco, 71%, à de álcool, e 63% à de alimentos ultraprocessados. Desafios importantes estão por vir, no país em geral, e mais específicos nos temas relacionados às DCNTs, com os quais trabalhamos. Sigamos com nossa missão em prol da saúde para a população e de ambientes saudáveis. Boa leitura |
EVENTO: TRIBUTAÇÃO E SAÚDE | ||||
A ACT promoveu o evento “Tributação e Saúde: o caso dos refrigerantes e bebidas açucaradas” na Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, em 4 de outubro. Coordenado por Tathiane Piscitelli e Juliana Furtado Costa, professoras da FGV, o evento também contou com a participação de Luciana Miranda Moreira, procuradora da Fazenda Nacional, de Paulo Caliendo, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e doutor pela PUC/SP, e de Helio Mesquita de Freitas, da Receita Federal, entr outros. Paula Johns, representando a ACT, e Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec, a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, também marcaram presença. Foi discutida a tributação de produtos não saudáveis, como refrigerantes e bebidas açucaradas, para reduzir o consumo e trazer melhorias à saúde. Essa é uma das medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde para o enfrentamento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs). A procuradora Luciana Moreira destacou a questão da isenção de tributos para empresas fabricantes de insumos para bebidas açucaradas quando localizadas na Zona Franca de Manaus. Ela defende o decreto presidencial de maio de 2018 perante a Ação Direta de Inconstitucionalidade levada ao Superior Tribunal Federal pelo governo do Amazonas e o fim dos subsídios ao setor. Segundo ela, há décadas a distorção gerada pelos créditos de IPI a que as empresas que operam na Zona Franca desafia o equilíbrio fiscal brasileiro. Paulo Caliendo, por sua vez, destacou que a Constituição garante a defesa da saúde da população, por meio de medidas econômicas e sociais. |
COP 8 EM GENEBRA | ||||
A oitava Conferência das Partes da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco aconteceu entre 1o e 6 de outubro, na sede da Organização Mundial da Saúde, em Genebra, Suíça, reunindo mais de mil representantes dos 181 países membros do tratado. A ACT Promoção da Saúde participou, representada pela diretora-executiva Mônica Andreis que, em seguida, esteve na 1a MOP, reunião da implementação do Protocolo de Eliminação do Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco, entre os dias 8 e 10, também em Genebra. A abertura da COP 8 teve destaque para duas brasileiras: a chefe do Secretariado da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, Vera Luiza da Costa e Silva, e a Advogada Geral da União, a ministra Grace Maria Fernandes Mendonça. A Ministra Grace Maria Fernandes Mendonça mostrou o papel fundamental da AGU no julgamento da constitucionalidade da proibição dos aditivos de sabores e aromas no Superior Tribunal Federal, em fevereiro de 2018. O STF julgou constitucional a norma da Anvisa que proíbe os aditivos e que a agência tem competência e poder para regular a questão. Algumas das decisões tomadas estão descritas no Blog da ACT. |
CAMPANHA TRIBUTO SAUDÁVEL | ||||
No Brasil, mais da metade da população tem excesso de peso (56,9%), o que equivale a cerca de 82 milhões de pessoas com 18 anos ou mais, e a obesidade já atinge mais de 20% da população. No mundo, os números são alarmantes: 41 milhões de crianças menores de cinco anos têm excesso de peso. E um dos maiores vilões é o consumo regular de bebidas açucaradas, segundo pesquisas feitas pela Associação Europeia para o Estudo da Obesidade. Neste cenário a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável faz a campanha #TributoSaudável , a partir do Dia Mundial de Combate à Obesidade, celebrado em 11 de outubro. O aumento de tributos de bebidas açucaradas, como os refrigerantes e os sucos de caixa, acarreta a elevação dos preços e a tendência é que o consumo caia, assim como os problemas causados por esse tipo de produto. Alguns países como México, Reino Unido e África do Sul já adotaram a medida. |
REUNIÃO DE ALTO NÍVEL DA ONU SOBRE DCNTS | ||||
Aconteceu, em 27 de setembro, em Nova York, a Reunião de Alto Nível das Nações Unidas sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), responsáveis por 74% das mortes anuais em todo o mundo. Participaram da reunião líderes de governo e também representantes de outros setores, como a sociedade civil. A ACT estava presente com nossa Diretora Geral, Paula Johns. Vários participantes destacaram a importância da implementação de medidas como a tributação de produtos não saudáveis (como álcool, tabaco e alimentos ultraprocessados) para controlar e prevenir as DCNTs. Apesar disso, a Declaração Política final da reunião não incluiu compromissos mais fortes e com foco em tributos e regulamentação. Por isso, a NCD Alliance, coletivo do qual a ACT é membro, preparou uma declaração da sociedade civil, apoiada por mais de 300 organizações e especialistas, destacando as falhas do documento oficial e exigindo ações mais urgentes e efetivas de todos os países. Desde junho, com a campanha Saúde Primeiro, a ACT e organizações parceiras da América Latina também já vinham pedindo que os líderes políticos da região assumissem políticas comprovadamente eficazes para combater as DCNTs. |
V CONGRESSO TODOS JUNTOS CONTRA O CÂNCER | ||||
“Pelo menos 3 a cada 10 novos casos de câncer podem ser prevenidos por meio do controle de fatores de risco como tabagismo, consumo abusivo de álcool, alimentação inadequada e sedentarismo”. Este foi destaque dado pela diretora executiva da ACT, Mônica Andreis, à importância das políticas de saúde pública para evitar a doença, na abertura do V Congresso do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC), que aconteceu entre 25 a 27 de setembro, em São Paulo. A ACT, que faz parte como líder do grupo de trabalho de prevenção do movimento, também organizou um estande para apresentar políticas de controle de câncer e outras doenças crônicas, como a adoção do modelo de rotulagem de advertências frontais e a tributação de produtos não saudáveis, como álcool, tabaco e alimentos ultraprocessados. Lá, os participantes do congresso também puderam responder a um quiz sobre políticas de saúde para ganhar brindes. |
AGENDA 2030: TRÊS ANOS | ||||
O dia 25 de setembro marcou três anos da adoção da Agenda 2030 e dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Na data, o Grupo de Trabalho (GT) da Sociedade Civil para a Agenda 2030, do qual a ACT faz parte, organizou uma mobilização no Twitter, com o uso das hashtags #Act4SDGs, #EuApoioODS, #NãoDeixeNinguémParaTrás e #Agenda2030. O GT também foi responsável pela elaboração do Relatório Luz da Agenda 2030, lançado recentemente, que mostrou que o Brasil infelizmente está indo na contramão dos ODS, com retrocessos acontecendo em várias áreas. Se nada for feito, não será possível atingir as metas da Agenda 2030. Caso sua organização queira apoiar o conteúdo do relatório, é possível assinar esta petição para que ela seja incluída na lista de subscritoras do documento. |
BLOG DA ACT | ||||
Além das campanhas e eventos destacados em outras notas deste boletim, neste mês o blog da ACT teve postagens com fatos sobre doenças crônicas e dicas de hábitos saudáveis que podem ajudar a preveni-las. Em 19 de setembro, a cidade do Rio de Janeiro celebra o dia de prevenção da DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), que na realidade não é uma doença única, mas um conjunto de condições que incluem os chamados enfisema e bronquite crônica. A prevenção é feita principalmente pelo controle do tabagismo. No final do mês, no dia 29, celebra-se o Dia Mundial do Coração. Cuidados com o coração são essenciais, já que as doenças cardiovasculares são, atualmente, a maior causa de morte no mundo. Além do controle do tabagismo, é importante também evitar o consumo de álcool, praticar atividades físicas e manter uma dieta saudável. Para o último item, foi dedicada uma postagem exclusiva sobre as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira e como elas podem ser incorporadas no cotidiano. |
ELEIÇÕES E ROTULAGEM NA ANVISA - O JOIO E O TRIGO | ||||
Continuando com a cobertura das Eleições 2018, um dos destaques do mês no Joio e o Trigo foi uma análise do que os candidatos à Presidência falam (ou não) sobre alimentação, saúde e nutrição em seus planos de governo. Um estudo semelhante também foi feito com os planos dos candidatos ao governo de São Paulo. Outro assunto em pauta foi a nomeação do novo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), William Dib, e sua postura notadamente a favor do setor privado nas discussões sobre rotulagem nutricional. Dib chegou a defender novamente o modelo conhecido como “semáforo”, defendido pela indústria, mesmo ele já tendo sido descartado no relatório técnico da própria Anvisa, em detrimento das advertências frontais apoiadas pela Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável e várias outras organizações de saúde, que expressaram sua perplexidade com a fala do novo presidente. Em conjunto com a ACT e outros, a Aliança também publicou uma nota criticando as declarações de Dib. |
NOTÍCIAS | ||||
OMS: países de média e baixa renda devem avançar no controle do tabaco Mudança em rótulo de alimento é 'questão de anos', diz novo presidente da Anvisa Uso abusivo de álcool mata 3 milhões de pessoas ao ano; homens são a maioria
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ACT LEGAL | ||||
JUSTIÇA CONFIRMA: ANVISA TEM COMPETÊNCIA PARA REGULAR ADITIVOSO Juiz Federal Substituto da 9a Vara Federal, Rodrigo Parente Paiva Bentemuller julgou improcedente ação do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) a respeito da competência da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para proibir o uso de aditivos de aromas e sabores em produtos de tabaco, conforme a Resolução da Diretoria Colegiada 14/2012. A ação questionava também a legalidade da norma, pois o Sinditabaco alegava que o tema deveria ser decidido pelo Poder Legislativo. A decisão está alinhada com o entendimento do Supremo Tribunal Federal que, em fevereiro de 2018, julgou improcedente a ação direta de inconstitucionalidade (ADI) 4874 e reconheceu o poder normativo da Anvisa, e que a edição da RDC 14/2012 está dentro da atribuição da agência. A Confederação Nacional da Indústria, representando a indústria do tabaco, havia entrado com a ADI em 2013. Na sentença referente à ação do Sinditabaco, que representa as maiores fabricantes de cigarros do país, o juiz Rodrigo Bentemuller afirma que o julgamento proferido pelo STF reconheceu o poder normativo da Anvisa por 9x1. Segundo ele, a RDC 14/2012 tem como base legislativa a Convenção-Quadro de Controle do Tabaco, ratificada pelo Brasil por meio do Decreto nº 5.658/2006. “Nos termos da Convenção-Quadro”, diz o texto, “os Estados que assinaram referido tratado internacional devem regulamentar os conteúdos dos produtos de tabaco, em atenção à proteção à saúde pública (diretriz integrante do preâmbulo da Convenção)”. Assim, o juiz decidiu que está inserido no poder normativo da Anvisa o controle dos produtos de tabaco no país e rejeitou o pedido do Sinditabaco. O juiz também decidiu que foi atendida a regularidade formal para elaboração de um texto normativo regulatório. A sentença revoga a liminar concedida, que havia suspendido os efeitos na RDC 14/2012, mas uma liminar concedida em outro processo ainda garante a suspensão da norma para as maiores fabricantes de cigarros no país.
INDICAÇÃO DE DIRETOR DA ANVISA PREOCUPAOrganizações da sociedade civil, entre elas a ACT e a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, manifestaram preocupação com a indicação do nome de Rodrigo Sérgio Dias para ocupar vaga de diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Como noticiado amplamente na imprensa, Dias tem formação na área jurídica e ocupou a presidência da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) a partir de abril de 2017, quando foi nomeado ao cargo por indicação do bloco formado à época pelos partidos Podemos (então chamado PTN), Avante (à época, PT do B) e PSL. O artigo 5º da lei 9.986/2000, de gestão de recursos humanos nas agências reguladoras, dispõe que os membros da Diretoria devem ter reputação ilibada, formação universitária e elevado conceito no campo de especialidade dos cargos para os quais serão nomeados. As organizações entendem que os requisitos de reputação ilibada e elevado conceito no campo da especialidade que o cargo exige parecem estar prejudicados. Reportagens baseadas em documentação mostraram que Dias é réu em ação penal e é apontado por envolvimento em irregularidades em relatório preliminar do Tribunal de Contas da União. De acordo com relatório de auditoria preliminar do TCU, ele está entre os responsáveis por irregularidades que ocasionaram um prejuízo de R$ 7,7 milhões à Funasa . Antes de assumir sua presidência, Dias já atuava na fundação como diretor de Saúde Ambiental desde setembro de 2016, nomeado pelo então ministro da Saúde, Ricardo Barros, do PP. O advogado é primo do ministro das Cidades, Alexandre Baldy (Podemos), e de Elsinho Mouco, marqueteiro de Michel Temer. Segundo documentos, Dias é réu também em processo por lesão corporal (agressão à ex-esposa), ainda em tramitação, episódio noticiado pela imprensa em dezembro de 2014. A indicação sofre, ainda, resistência entre servidores da agência, que já se manifestaram em nota do coletivo de mulheres e da Associação dos Servidores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Univisa.
DECRETO PRESIDENCIAL RETROCEDE E DEVOLVE INCENTIVOS PARA BEBIDAS AÇUCARADASO Decreto 9.514/18, publicado em 27 de setembro de 2018, elevou a alíquota do IPI sobre extratos ou sabores concentrados para elaboração de bebidas adoçadas, como os refrigerantes, o que favorece fabricantes na Zona Franca de Manaus (ZF). Evidentemente, a pressão do setor tem sido imensa, com ameaças de desemprego e fechamento de fábricas. Assim, em vez de eliminar os benefícios fiscais o governo cedeu à pressão do poder econômico. Em maio/2018, o governo editou o Decreto 9.394/18, que reduzia a alíquota do IPI de 20% para 4%. Isso favoreceu os cofres públicos porque os fabricantes de refrigerantes da ZF estão isentos do pagamento, mas podem receber o valor da alíquota como crédito. Portanto, houve, na prática, uma redução de incentivos, o que foi celebrado pela sociedade e pelos defensores da saúde pública. Agora, o novo decreto prevê a redução escalonada da alíquota do IPI durante o ano de 2019, de 12% no primeiro semestre, para 8% no segundo, retornando à alíquota de 4% nos anos seguintes. Em junho, durante audiência pública no Senado sobre a questão, a Receita Federal desmentiu dados apresentados pela indústria de refrigerantes, mostrando que o setor chega a dar prejuízo de arrecadação para o governo – em 2016, foram R$ 767 milhões negativos no IPI. A carga tributária total de uma empresa de refrigerantes que compra concentrados da Zona Franca fica em 4,77%. No total, segundo a Receita Federal, o setor tem incentivos de R$ 3,8 bilhões anuais. O fim das isenções fiscais a este setor é uma medida necessária pois não há razão para a concessão de benefícios a produtos que causam prejuízos à saúde pública. Existem evidências suficientes que mostram a relação entre o consumo dessas bebidas e a epidemia da obesidade e das doenças crônicas não transmissíveis, como câncer, diabetes e hipertensão, responsáveis por 74% das mortes no país. A situação levanta um debate fundamental em torno de justiça social e fiscal, que vem sendo proposto globalmente: a adoção dos tributos saudáveis. Em outras palavras, seria aumentar a tributação de produtos não saudáveis para tornar o preço ao consumidor mais caro, dificultando o acesso e reduzindo o consumo. O aumento da tributação desses produtos é uma medida eficaz de saúde pública, como comprovam experiências internacionais e o caso do tabaco, e é recomendada pela Organização Mundial da Saúde. |
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