nº 25
 
1. Editorial
2. Perfil - Margaret Matos de Carvalho
3. Oportunidades
4. ACT em Ação
5. NOTÍCIAS - Confirmada mais uma fraude da indústria do tabaco – as campanhas de prevenção para os jovens
6. Cigarro e bebida investem em ação social
7. Morre ativista anti-tabagismo Allen Carr
8. Dessa briga sai fumaça
9. Regulação do tabaco nos Estados Unidos é mais provável com o novo Congresso
10. Fumante e obeso devem pagar mais por seguro-saúde
11. Souza Cruz - TJ do RS reverte ação
12. Ambientes Fechados livres de fumo - uma saudável tendência global
13. Pacientes psicóticos se beneficiam da cessação do fumo
14. Irresponsabilidade Social
15. Irresponsabilidade Social II
16. Ficha Técnica
 

Editorial
Impulsionando o movimento de ambientes livres de fumo no Brasil

A ACT apresentou em seu seminário em Brasília, realizado de 13 a 15 de novembro, o resultado de duas importantes contribuições para o crescimento e fortalecimento no Brasil do movimento global de ambientes livres da fumaça de tabaco. São elas: a Pesquisa Qualidade do ar em ambientes fechados e a pesquisa de opinião pública Datafolha/ ACT.

Na fumaça de produtos de tabaco são encontradas milhares de substancias. Quando as pessoas utilizam cigarros e outras formas de tabaco produtores de fumaça em ambientes fechados expõem os presentes a todas estas substancias, acarretando risco de câncer, doenças cardíacas e respiratórias para os não fumantes. O material particulado é uma mistura de compostos sólidos microscópicos e gotículas líquidas suspensas no ar. O material particulado pode ser classificado de acordo com o tamanho das partículas. Assim, as Partículas Inaláveis podem ser definidas de maneira simplificada como aquelas cujo diâmetro aerodinâmico é menor que 10 µm (conhecidas em inglês pela sigla PM 10). As partículas inaláveis podem ainda ser classificadas como partículas inaláveis finas (<2,5µm) e partículas inaláveis grossas (2,5 a 10µm). As partículas finas, devido ao seu tamanho diminuto, podem atingir os alvéolos pulmonares, já as grossas ficam retidas na parte superior do sistema respiratório.

A Pesquisa de Qualidade do ar em ambientes fechados foi realizada no período de julho a outubro de 2006. Faz parte de um estudo global chamado Indoor Air Monitoring Study, levantamento já feito em outros 26 países. No Brasil, foram feitas as medidas de material particulado menor do que 2,5 micra (conhecido em inglês pela sigla PM 2,5) em 5 cidades por quatro integrantes da ACT: Belo Horizonte (Paulo Correa), Porto Alegre e Pelotas (Marina Seelig), Rio de Janeiro (Anna Monteiro) e São Paulo (Paula Johns). Estas medidas foram realizadas com um monitor de tempo real, chamado SidePak. O aparelho acumula as medidas e um software permite descarregar os dados em computador e construir gráficos que permitem fácil visualização e compreensão do nível de partículas a que as pessoas que estiveram naquele ambiente estiveram expostas.

Os níveis médios de PM 2,5 por cada tipo de local no Brasil foram:
a) restaurantes: 95 mcg/metro cúbico
b) bares : 210 mcg/metro cúbico
c) miscelânea (casino, boliche e bingo): 275 mcg/metro cúbico

Portanto, que seja amplamente divulgado que a presença de áreas de fumantes e não fumante no mesmo estabelecimento no Brasil tem provocado à exposição dos não fumantes aos níveis acima de PM 2,5 , considerados de não saudáveis a perigosos no índice de qualidade do ar da Agencia de Proteção Ambiental dos Estados Unidos. Que os fumantes brasileiros passem a sair para a parte externa dos ambientes fechados que freqüentam para fumar, a semelhança do que já vem acontecendo em varias partes do mundo, inclusive nos nossos vizinhos Argentina e Uruguai.

Uma das revelações da pesquisa de opinião pública da ACT feita pelo Datafolha na cidade de São Paulo foi que o fumo deve ser banido total ou parcialmente de restaurantes, bares e casas noturnas. Esta foi a opinião de 85% dos que vivem na maior cidade do país. Quanto mais alta é a idade do entrevistado, maior é a taxa de reprovação ao fumo nesses ambientes. Entre os que têm 41 anos ou mais, por exemplo, 88% defendem o veto ao fumo em restaurantes. Mesmo fumantes são favoráveis às restrições ao cigarro, seja parcial ou total: 79% deles são contra fumar em locais fechados.

Portanto, mãos a obra, pessoal. Vamos educar a nossa população! O nível de exposição dos não fumantes a fumaça ambiental de tabaco em ambientes fechados é alarmante no Brasil, mas a grande maioria dos próprios fumantes relataram serem favoráveis às restrições ao fumo em ambientes coletivos. Hora de demandar fiscalização das vigilâncias sanitárias municipais e de postar denuncias a respeito do não cumprimento a proibição de fumar na página da ANVISA (www.anvisa.gov.br)

Paulo César R P Corrêa
Secretário-Executivo da ACT

Perfil - Margaret Matos de Carvalho
A edição deste mês do Boletim da ACT traz o perfil da procuradora do Ministério Público do Trabalho do Paraná, Margaret Matos de Carvalho, de 41 anos. Ela deu uma entrevista bastante esclarecedora sobre como todos nós, cidadãos, devemos proceder junto ao Poder Judiciário em nossa luta pelo controle do tabagismo. São dicas valiosas que valem também para os advogados que começam a militar neste campo.

A entrada de Margaret no controle do tabagismo se deu quando, em 2001, recebeu um procedimento investigatório sobre a exploração de crianças e adolescentes na produção do tabaco. O caso tramita na Procuradoria Regional do Trabalho da 9ª região, no Paraná, desde 1998. Nesta ação, a procuradora constatou que milhares de crianças e adolescentes são “vergonhosamente explorados no cultivo do tabaco”, como definiu. Além disso, a análise do conteúdo dos contratos mantidos com os fumicultores chamou sua atenção: “Eles, sem exceção, são pequenos proprietários agrícolas e sobrevivem em regime de economia familiar. A vulnerabilidade dos fumicultores perante as indústrias do tabaco é assustadora e o grau de submissão e subserviência dos fumicultores aos interesses das indústrias extrapola qualquer parâmetro, seja legal, ético ou moral”.

De fato, os fumicultores ficam à mercê da indústria, que fornece as sementes, insumos e agrotóxicos pelo preço que estabelece – tornando-se credora dos plantadores de fumo. Estes, por sua vez, quando chega a época da colheita, não conseguem estabelecer um preço justo para a arroba da folha, já que o valor é determinado também pela indústria, por meio de critérios bem particulares e – sem qualquer trocadilho – nebulosos.

Margaret acredita que, se houvesse ampla divulgação das condições de trabalho impostas aos fumicultores, não faltariam cidadãos brasileiros que, como ela, também se mostrariam indignados e motivados a alterar o estado atual: “Como membro do Ministério Público do Trabalho tenho o dever de buscar todas as medidas possíveis para ver sanadas todas as irregularidades contatadas, sob pena de omissão no cumprimento do dever legal”, confessa.

A procuradora ensina como devemos fazer para termos nossos direitos legais respeitados. Em relação ao Ministério Público do Trabalho, Margaret explica que a instituição pode, e muito, contribuir tanto para as ações de controle do tabagismo assim como para a proteção dos direitos dos trabalhadores e das crianças e adolescentes. Segundo ela, “assume especial relevo a proteção da saúde do trabalhador, particularmente os que trabalham em ambientes fechados onde se permite o uso do cigarro. Não existem mais dúvidas de que o fumante passivo também sofre as mesmas doenças que os fumantes e, portanto, é dever do empregador impedir que qualquer pessoa faça uso do cigarro nos ambientes de trabalho, sob pena de responsabilização por danos à saúde dos seus empregados.”

Ela alerta que todo empregado que trabalha em ambiente insalubre – caso dos locais de trabalho onde é permitido o fumo – tem direito ao adicional de insalubridade e o empregador tem o dever de adotar equipamentos de proteção coletivos ou individuais, caso insista em permitir que fumem em tais ambientes.

De acordo com Margaret, qualquer cidadão pode (e deve) denunciar aos órgãos de proteção do consumidor ou aos órgãos de proteção da saúde do trabalhador. Podem ser acionadas as Vigilâncias Sanitárias nos estados e municípios, as Delegacias Regionais do Trabalho e as Procuradorias Regionais do Trabalho. As denúncias para o Ministério Público do Trabalho e seus órgãos descentralizados (Procuradorias Regionais do Trabalho) podem ser realizadas de modo simplificado na página da Internet (www.pgt.mpt.gov.br).

Sobre ações na Justiça, a procuradora acha que, assim como o ex-fumante que teve a saúde prejudicada devido ao tabagismo, o empregado que foi obrigado a aspirar a fumaça de cigarro no ambiente de trabalho pode pedir a reparação do dano sofrido. A diferença é que o fumante deve promover ação perante a justiça comum dos estados e o empregado (fumante passivo) deve demandar perante a Justiça do Trabalho – que é muito pouco utilizada nesses casos. Margaret aconselha que se procure um advogado: “A responsabilidade é objetiva e não será difícil de se obter a devida e justa reparação”.

Como se sabe, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, a indústria do tabaco vem ganhando todos os processos no Brasil, ao alegar que os males causados por seu produto são conhecidos e que é impossível determinar a marca do cigarro fumado. A defesa apresenta como desculpa que não dá para saber se um fumante fumou, durante toda a vida, um cigarro fabricado pela Souza Cruz ou pela Philip Morris, por exemplo.

Margaret explica que, embora a maioria dos casos que foram levados aos tribunais tenham sido negativos para os fumantes, existe uma perspectiva de reversão da jurisprudência, seja pelo avanço alcançado quanto à comprovação científica da relação direta das doenças tabaco-relacionadas, seja em relação ao número cada vez maior de advogados que se especializam no tema.

No que se refere à marca do cigarro consumido, a procuradora entende que o autor da ação deve acionar todas as indústrias de tabaco detentoras das marcas que foram consumidas – “é o que chamamos de responsabilidade solidária”, ela explica. “No mais, devemos todos nos engajar nesse movimento humano de defesa da saúde pública, questionando todas as instâncias responsáveis e, principalmente, pressionando-as para que atuem em prol do interesse público”, conclui.

Oportunidades
Curso em Especialização em Dependência Química no Rio de Janeiro: A UNIAD – UNIFESP, em parceria com a Santa Casa – RJ, comunica a abertura das inscrições para a II turma do Curso de Especialização em Dependência de Substâncias Psicoativas, certificado pela UNIFESP e reconhecido pelo MEC.

Para mais informações e inscrições acesse o site da UNIFESP até 22 de janeiro de 2007. www.unifesp.br/proex.

ACT em Ação
Atividade – Globonews:
O canal Globonews exibiu um programa especial sobre Tabagismo feito com pacientes atendidos no NETT – IDT – HU/UFRJ, no qual entrevista o Dr. Alberto Araújo e acompanha as histórias de vários de seus pacientes que deixaram de fumar. O Atividade é um programa sobre saúde, qualidade de vida e bem-estar. Com a apresentação
de Luciana Ávila, a proposta é ajudar o telespectador a viver melhor, dando
dicas para uma vida saudável. O especial foi exibido nos dias 30/11, 1/12, 2/12 e será disponibilizado no site da Globonews a partir do dia 7 de dezembro. Vale a pena conferir!


Lançamento de livro: Foram lançados em novembro dois livros sobre dependência química. "Atualização no Tratamento do Tabagismo", organizado por Analice Gigliotti e Sabrina Presman; e "Dependência, Compulsão e Impulsividade”, organizado por Analice Gigliotti e Angela Guimarães. Eles podem ser adquiridos através do email clif@email.iis.com.br

Matéria no Fantástico: A coordenadora da ACT, Paula Johns, participou de reportagem sobre ambientes livres de fumo, no Fantástico, da TV Globo, em setembro. Ela apresentou a máquina Side Pack (www.tobaccofreeair.com), a qual a ACT teve acesso, que mede a poluição tabagística.

Matéria no Jornal do SBT O Jornal do SBT também divulgou, em novembro, uma matéria sobre a máquina Side Pack, abordando as medições feitas pela ACT no Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre e Pelotas; o secretário executivo da ACT Paulo César Corrêa, responsável pelas medições em BH foi entrevistado e falou sobre os riscos da exposição ao tabagismo passivo.

Matéria na Folha de S. Paulo: O jornal paulista divulgou, na edição de sábado, dia 11, com chamada na primeira página, pesquisa feita pela ACT, em parceria com o INCA, sobre a poluição tabagística nos ambientes fechados onde é permitido fumar. Segundo a pesquisa, bares, restaurantes, estações de trem e bingos que permitem o uso de fumo têm quase o dobro de micropartículas tóxicas exaladas pela fumaça do que os ambientes livres de tabaco. A mesma edição do jornal publicou pesquisa da ACT, feita pelo Datafolha, que mostra que 85% dos paulistanos são favoráveis à proibição total ou parcial do fumo em restaurantes, bares e casas noturnas. Leia na íntegra aqui.

NOTÍCIAS - Confirmada mais uma fraude da indústria do tabaco – as campanhas de prevenção para os jovens
Fonte: ACT e agências

No que depender de estudo publicado no Jornal Americano de Saúde Pública em novembro, as campanhas apoiadas pela indústria do tabaco para convencer o público jovem a não fumar não surtem efeito e, em alguns casos, tem o efeito inverso ao supostamente pretendido e estimulam o tabagismo entre jovens.
O estudo analisou o impacto de campanhas milionárias patrocinadas pelas tabaqueiras, a exemplo da campanha de 100 milhões de dólares da Philip Morris, intitulada “Pense. Não Fume”, e concluiu que os anúncios voltados para o público jovem não tiveram nenhum impacto e que os programas voltados para os pais abordarem o tema com os seus filhos aumentaram as chances dos jovens se tornarem fumantes.
Se há uma área em que as empresas de cigarro sempre tiveram um desempenho de excelência, é na área de publicidade e marketing, sendo assim, a conclusão a que se pode chegar é que as campanhas patrocinadas pela indústria para “convencer” os jovens a não fumar é mera retórica para convencer os governos e a sociedade a crer que elas mudaram.

Cigarro e bebida investem em ação social
Fonte: Folha de S.Paulo, 28/11/2006

Acusadas de tentar ganhar a aprovação da população com ações sociais, fabricantes de produtos tidos como nocivos ao consumidor, principalmente as fabricantes de cigarros e de bebidas alcoólicas, vêm tentando construir a imagem de socialmente responsáveis. Em busca desse reconhecimento, a Souza Cruz vai ao mercado: pela segunda vez, a tabaqueira tenta fazer com que suas ações entrem na composição do ISE, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), que reúne papéis de companhias mais bem avaliadas em quesitos de responsabilidade social.

Leia a matéria na íntegra aqui

Comentário ACT: Felizmente, embora tenha preenchido o questionário, a Souza Cruz não passou no crivo do ISE, o que sugere que o questionário consegue capturar o real impacto do produto dessa empresa na sociedade. Parabéns ao ISE.

Morre ativista anti-tabagismo Allen Carr
Fonte: Globalink, 29/11/06

Morreu, em 29 de novembro, o ativista Allen Carr, de cancer de pulmão, aos 72 anos. Há seis meses, ele foi diagnosticado com um câncer inoperável. Carr foi um fumante pesado – cerca de 100 cigarros diários. Quando parou de fumar, há 23 anos, passou a ajudar outros fumantes a fazer o mesmo. Amigos dizem que os anos que ele passou tratando de fumantes em sessões onde era permitido fumar contribuíram para a doença.

Certa vez, Carr disse: “Já que eu ajudei cerca de 10 milhões de fumantes, pelo menos, numa estimativa conservadora, a parar de fumar, este é um preço que estou pagando”. Ele dizia também: “Desde que fumei meu último cigarro, tenho sido o homem mais feliz do mundo. Me sinto da mesma forma hoje”.

Dessa briga sai fumaça
Fonte: Paraná on line, 23/11/06
João Feder

Temos uma grande novidade pela frente. Como é histórico, tudo começa pela gloriosa França. E a França anunciou que o fumo passará a ser terminantemente proibido em todos os lugares públicos a partir do mês de fevereiro de 2007. Cafés, casas noturnas e restaurantes foram notificados de que terão prazo até o mês de janeiro de 2008 para se adaptar à nova era. Que será instaurada já com previsão de aplicação de penalidades... nada suaves. Para o cidadão que desobedecer a lei, a regra prevê uma multa de nada menos que 75 euros. Com o euro valendo quase três reais não dá para brincar. E tem mais: são 75 euros para o fumante e mais 150 euros para o estabelecimento. Se servir como consolo, o primeiro-ministro Dominique de Villepin declarou em seguida que as ruas e os lugares privados, tais como a própria casa e os quartos dos hotéis, serão poupados dessa proibição.
Leia na íntegra aqui.

Regulação do tabaco nos Estados Unidos é mais provável com o novo Congresso
O Congresso recém eleitos nos Estados Unidos está mais propenso a aprovar a controversa proposta de regulação dos produtos de tabaco. Os legisladores também irão se atracar com um número crescente de produtos de tabaco sem nicotina.

Em 2000, a Suprema Corte determinou que a FDA – Food and Drug Administration – não teria a autoridade para regular o tabaco como droga. Ficou claro, então, que o Congresso teria que mudar a lei se quisesse que a agência regulasse cigarros.

Há dois anos, o Senado aprovou uma lei dando à FDA o poder de regular mas não proibir cigarros e produtos de tabaco. Mas a legislação não passou na Câmara dos Deputados. Com os Democratas em controle das duas casas a partir de janeiro, muitos estão vendo uma oportunidade renovada.

Leia na íntegra em http://www.globalink.org/112294.shtml

Fumante e obeso devem pagar mais por seguro-saúde
Fonte: Estado de S. Paulo, 15/11/06
WASHINGTON - Para mais da metade dos americanos, os fumantes deveriam pagar maiores cotas por seus seguros médicos. Quase um terço pensa o mesmo a respeito dos obesos, segundo uma pesquisa divulgada no site da revista Health Affairs.
A pesquisa apontou que 60% dos entrevistados apóiam a idéia de que os fumantes paguem mais por seu seguro médico. Para 30% dos consultados, os obesos também devem pagar mais.
Leia na íntegra aqui.

Souza Cruz - TJ do RS reverte ação
Fonte: Gazeta do Sul, 11 e 12/11/06

A 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) reverteu a sentença que havia sido movida pelo ex-fumante Ataliba Feijó contra a fabricante de cigarros Souza Cruz. Com esta decisão, a empresa está liberada de arcar com uma indenização que seria superior a R$ 500 mil. O processo teve início com uma ação indenizatória movida pela viúva e filhos do ex-fumante na 2ª Vara Cível de Cachoeirinha, em 2001. Na ação, eles requeriam reparação por danos morais e materiais pelo falecimento de Ataliba em virtude de um câncer, o qual atribuíam ao consumo de cigarros.

Na ocasião, o juiz considerou procedente parte das solicitações da família. A Souza Cruz recorreu da decisão, cujo mérito foi reavaliado pelo TJ-RS. Os desembargadores, por unanimidade, consideraram os pedidos dos familiares do ex-fumante improcedentes. Em sua defesa, a empresa sustentou que a fabricação de cigarros no Brasil é lícita; fumar é um ato de livre-arbítrio (milhares de pessoas deixam o hábito todos os anos); inexiste defeito no produto; os malefícios associados ao fumo são amplamente conhecidos; o caráter multifatorial das doenças associadas ao consumo de cigarros e a ausência do necessário nexo de causalidade das doenças alegadas e o seu consumo. Além disso, quando era permitida, a propaganda da empresa estava de acordo com a legislação vigente.

Ambientes Fechados livres de fumo - uma saudável tendência global
Inglaterra proibirá fumo em locais públicos a partir de julho
Fonte: Reuteurs, 1/12/06

LONDRES (Reuters) - Será proibido fumar em todos os locais de trabalho e em todos os ambientes públicos fechados da Inglaterra a partir de 1o de julho do próximo ano, afirmou a ministra da Saúde da Grã-Bretanha, Patricia Hewitt, na sexta-feira.

Segundo Hewitt, a proibição, que será imposta após restrições semelhantes terem sido aprovadas na Irlanda e na Escócia, é uma vitória para a área da saúde pública.

"Milhares de vidas serão salvas e a saúde de milhares de pessoas será protegida", afirmou a ministra.

"Essa lei ajudará a evitar mortes desnecessárias provocadas todos os anos pelo fumo indireto e criará um ambiente mais favorável para os fumantes que desejam se livrar do vício."

Não será mais permitido fumar em escritórios, fábricas, lojas, pubs, restaurantes, clubes privativos, veículos de transporte público e veículos de trabalho utilizados por mais de uma pessoa.

As áreas criadas em locais fechados para abrigar fumantes, comuns em muitos ambientes de trabalho, deixarão de existir e os fumantes terão de ficar a céu aberto para acenderam um cigarro.

O fumo em locais públicos também deve ser proibido no País de Gales e na Irlanda do Norte a partir de abril próximo.

Alex Markham, presidente-executivo da Cancer Research UK, disse que a proibição resultará em avanços significativos na área da saúde.

"Todos os funcionários, entre os quais os que trabalham em pubs e clubes, merecem trabalhar em um ambiente saudável", disse.

"Sabemos que a grande maioria dos fumantes deseja parar. A nova lei lhes dará uma oportunidade de ouro para fazer isso de uma vez por todas."

Os pubs preparam-se para a nova lei desde que o governo apresentou seus planos, dois anos atrás. Muitos construíram abrigos para os fumantes em seus jardins e áreas de entrada.

A cadeia de pubs JD Wetherspoon já proibiu o fumo em vários de seus estabelecimentos. No começo deste mês, a empresa informou que as vendas em 56 pubs de não-fumantes da Inglaterra e do País de Gales haviam crescido em relação ao período que antecedeu a imposição da nova regra.

(Com reportagem de Tim Castle)

Leis de controle do tabagismo estão moldando o mercado de pubs
Fonte: Reuters, 23/11/06

A jornada em direção a um banimento completo do fumo no Reino Unido em áreas públicas está moldando o mercado de pubs. Para o Punch Taverns, o maior proprietário de pubs no Reino Unido, com mais de 9 mil locais, o fumo foi um fator nas aquisições por algum tempo, de acordo com Neil Greffiths, diretor de propriedade e estratégia. “Certamente, desde que soubemos que a proibição do fumo seria provável, evitamos comprar pubs que não tivessem formas de arcar com o compromisso da proibição”, dsse.
A proibição em breve está fazendo com que os grandes proprietários comecem o processo de ajustar seus estabelecimentos.
(…) A legislação de proibição do fumo na Inglaterra está sendo esperada para 2007.

Pacientes psicóticos se beneficiam da cessação do fumo
Fonte: Reuters, 22/11/06
Pessoas com desordens psicóticas podem se beneficiar das terapias para parar de fumar. “Apesar das taxas extremamente altas de fumo entre indivíduos com desordens psicóticas e os custos financeiros e de saúde associados, alguns estudos mostraram a eficácia de intervenções para parar de fumar entre esses grupos”, disse a Dra. Amanda Baker, da Universidade de Newcastle, na Austrália, e colegas, em artigo publicado recentemente no American Journal of Psychiatry.
Leia na íntegra aqui.

Irresponsabilidade Social
Jaguar pede paz
Fonte: Comunique-se, 17/10/2006
Jaguar, lendário cartunista do Pasquim, está de volta às páginas.

Defensor da convivência em harmonia entre fumantes e não-fumantes, ele assina a charge da capa da Diálogo, newsletter da Souza Cruz em circulação desde 25 de setembro. Na charge, enquanto espera para ser atendido num bar, o anônimo personagem de Jaguar fuma. Da fumaça de seu cigarro forma-se a palavra PAZ. É bom lembrar que Jaguar nunca fumou. Mas a amigos tem dito que fica uma fera quando discriminam em locais públicos sua mulher, que é médica e fumante.
A Diálogo de setembro (nº19) passou por uma reformulação editorial e gráfica e pode ser lida, na íntegra, no site da Souza Cruz.

Comentário da ACT:
O Programa Convivência em Harmonia, patrocinado pela Souza Cruz, é uma estratégia bem conhecida da indústria do tabaco para evitar medidas regulatórias contra o fumo em restaurantes, locais de trabalho e áreas públicas. Com a desculpa de acomodar no mesmo local fechado fumantes e não fumantes, com um bom sistema de ventilação, o programa tenta fazer com que se “previnam os conflitos inevitáveis entre fumantes e não fumantes”.
Por este programa, os estabelecimentos que o aderem criam dentro de seus salões zonas de alta e baixa pressão, sendo que na primeira devem ficar os fumantes. Em palestra feita em 2001, o coordenador nacional do programa Convivência em Harmonia, Antonio Conde, declarou: "O ar vai sempre se deslocar da alta para a baixa pressão e a fumaça jamais atingirá a área de não fumantes”..
Na verdade, a questão é bem diferente. A fumaça ambiental de cigarros (FAC) é uma mistura de gases e partículas provenientes da queima do tabaco no ato de fumar. É composta pela fumaça que sai da ponta do cigarro (ou charuto, cachimbo, etc) quando ele não está sendo tragado (fumaça lateral ou secundária) e pela fumaça exalada pelo fumante (fumaça principal exalada). É comprovado que muitos de seus compostos químicos são tóxicos ou cancerígenos e que sua inalação pode causar vários danos à saúde.
Segundo estudo feito pela meteorologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Marina Seelig, membro da ACT, o problema que a FAC representa em ambientes fechados foi reconhecido pela Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Condicionamento de Ar, órgão de referência. Em 1981, na revisão de uma norma, a entidade especificou maiores taxas de ventilação para as áreas onde o fumo é permitido, alegando que a FAC é um dos poluentes mais difíceis de ser controlado na fonte. Em 2002, um adendo reforçou essa especificação, esclarecendo, porém, que a determinação dessa taxa não é possível até que autoridades de saúde especifiquem um nível seguro de exposição à FAC. Também proibiu a recirculação e a transferência de ar das áreas de fumantes para as áreas de não-fumantes.
Em 2005, Marina modelou a ventilação natural e estimou a velocidade necessária do vento para induzir a ventilação para manter o risco de exposição à FAC aceitável e verificou que ventos da ordem de mil quilômetros por hora seriam necessários para tal. Daí, conclui-se que seria necessário um sistema de ventilação semelhante a um tufão para evitar a contaminação das áreas dos não fumantes pela FAC. Como esse sistema não existe – e se existisse seria de um desconforto atroz para as pessoas – o programa Convivência em Harmonia é mais uma irresponsabilidade da indústria.
Tratar essa questão como um simples caso de discriminação contra o fumante, como sugere a charge de Jaguar, é negar todas as evidências científicas e desrespeitar o direito à saúde de quem trabalha na indústria da hospitalidade.

Irresponsabilidade Social II
Souza Cruz lança Projeto Diálogos Ambientais
Fonte: Four Comunicação, 28/11/06

Na próxima quinta, 30, começa o Projeto Diálogos Ambientais, às 20h, no Anfiteatro do Parque Ambiental da Souza Cruz, junto à unidade da empresa, em Santa Cruz do Sul. Na oportunidade, estudantes das áreas de Ciências Biológicas, Engenharias, Geografia e Ciências Agrárias das Universidades de Santa Cruz do Sul (Unisc) e da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) estarão debatendo sobre o tema a Água. O primeiro encontro - que acontece junto ao Anfiteatro e Jardim Escultórico, a serem inaugurados nesta terça-feira, 28, às 20h - contará ainda com uma palestra técnica do engenheiro agrônomo e especialista em educação ambiental que atua junto à Fundação SOS Mata Atlântica, Fabrizio Violini, e uma apresentação de peça teatral sobre o tema proposto.

Comentário ACT: A Souza Cruz começou com os Diálogos Universitários e agora embarca nos Diálogos Ambientais, fica como sugestão, como próximo tema, os Diálogos Sociais, seguidos pelos Diálogos Éticos e como grand finale o encontro dos Diálogos hipócritas.

Ficha Técnica
Realização: Aliança de Controle do Tabagismo - ACT
Coordenação: Paula Johns
Secretaria Executiva: Paulo César Corrêa e Mônica Andreis
Edição: Anna Monteiro
Apoio: HealthBridge e CIDA

A ACT é uma Aliança de organizações de vários setores da sociedade civil organizada cuja Secretaria Executiva é a REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano