nº 26
 
1. EDITORIAL
2. PERFIL
3. DESTAQUE
4. Suicídio de agricultora no Vale do Sol - RS
5. OPORTUNIDADES
6. NOTÍCIAS - Curitiba também apoia ambientes livres de cigarro
7. Mortes por tabaco diminuem em NY após proibição ao fumo
8. Pesquisadores encontram ligação entre tabagismo passivo e tuberculose
9. Mario Albanese escreve sobre a Lei Federal e tabagismo passivo
10. Estudantes ativistas pressionam Universidade de Toronto para que liquide suas ações das indústrias de tabaco
11. IRRESPONSABILIDADE SOCIAL
12. FICHA TÉCNICA
13. PROBLEMAS TÉCNICOS
 

EDITORIAL
Como já estamos no segundo mês do ano, votos de Feliz 2007 podem parecer obsoletos, mas mesmo atrasado no calendário cronológico, valem como boas vindas as metas e ações que se anunciam para a ACT. As perspectivas são grandes e, conseqüentemente, os desafios são equivalentes e portanto maiores. Dentro da missão da ACT de acompanhar e apoiar o processo de implementação e monitoramento da CQCT no Brasil, em articulação com organizações não governamentais das mais variadas áreas, temos como primeira missão do ano a participação em reunião da COP (Conferencia das Partes) da CQCT que tem o Brasil como anfitrião e acontece no final do mês em Brasília. Trata-se da reunião do grupo de estudos da COP sobre alternativas à cultura do fumo. O Brasil foi o pais que liderou a criação do grupo de estudos pelo fato de ser um dos grande produtores de fumo no mercado de folha global. Os resultados dessa reunião serão apresentados na COP 2, a realizar-se na Tailândia no final de junho e início de julho.

Em termos de novidades temos o prazer de informar que a ACT está sendo formalmente registrada e esperamos em breve convocar uma Assembléia Geral para convidar e formalizar a participação de nossos integrantes nessa rede. A partir de março/abril daremos a largada para viabilizar as campanhas que foram sugeridas durante o Seminário Internacional da ACT em Brasília. Enquanto isso, mande sugestões, noticias, informações sobre eventos e o que mais considerarem relevante compartilhar com os outros integrantes da rede para actbr@actbr.org.br.

Boa Leitura!

PERFIL
O perfil desse mês é do pneumologista Alberto José de Araújo, diretor do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo (NETT), ligado ao Instituto de Doenças do Tórax e ao Hospital Universitário Clementino F. Filho, ambos na UFRJ e coordenador do Centro de Referência em Pneumopatias Ocupacionais do Hospital Universitário Pedro Ernesto na UERJ. Com 26 anos de experiência como médico no serviço público federal, estadual e municipal, Alberto é filiado há cerca de quatro anos da antiga RTZ e participou da fundação formal da ACT, em dezembro último.

Filho de um meeiro que cultivava tabaco em uma fazenda, em Piraí, no estado do Rio, Alberto lembra-se de quando o pai preparava o cigarro com palha de milho e fumo de rolo, dava duas ou três tragadas e guardava no bolso. Sábio, o pai não fumava em casa e nem permitia que as crianças experimentassem. Dizia ele que, quando roçava, a fumaça era boa para espantar as serpentes do matagal. Apesar do apelo da propaganda em sua adolescência, o cigarro nunca o fascinou, mas também não o motivava a se tornar fumante.

O despertar para a epidemia do tabagismo se deu durante os estágios em emergências hospitalares, quando percebeu o quanto os profissionais de saúde fumavam, aliviando-se do estresse dos pronto-socorros por meio do tabaco: “Era comum observar médicos fumando durante o atendimento ao paciente ou mesmo nos quartos de repouso”, lembra-se.

Quando, no 3º ano de faculdade, estagiou numa maternidade localizada numa área muito carente do Rio de Janeiro, viu de perto um drama: meninas adolescentes grávidas e mães solteiras, que fumavam e tinham bebês com baixo peso e outros transtornos ao nascimento. Aí, veio o desejo de trabalhar com o controle do tabagismo e Alberto passou a participar do pré-natal e a orientar essas jovens mães sobre os riscos do fumo, tanto para elas quanto para seus filhos. Naquela época, relembra-se, era comum o consentimento – até mesmo aconselhamento por parte dos obstetras – que as grávidas reduzissem o fumo para cerca de cinco cigarros por dia. Desta forma, o estresse da gravidez seria melhor conduzido.

O interesse pelo fumo na gravidez o levou à Pediatria e à Neonatologia – o ramo da medicina que se dedica ao diagnóstico e tratamento de doenças de recém nascidos, área onde atuou por quase 10 anos. Foi nesse período que fez as primeiras pesquisas sobre baixo peso de bebês ao nascer e a relação com o tabagismo das mães, em uma maternidade com o nome, no mínimo, instigante: Mãe Pobre, no Rio. Já podia se considerar, naquela época, um médico com interesse pelo social. E, como uma coisa leva à outra, Alberto acabou se especializando em Saúde Pública, onde conheceu os indicadores epidemiológicos do tabagismo, e depois, em Pneumologia Sanitária, onde estudou as associações do tabaco com a exposição a partículas como sílica e amianto, e a tuberculose. Foi, então, atuar num laboratório de função pulmonar no Hospital Universitário e passou a analisar os efeitos produzidos pelo tabaco nas pessoas com enfisema pulmonar, bronquite crônica e outros quadros respiratórios.

Depois de um estudo em pedreiras, no Rio, Alberto pôde observar que o tabaco exercia um papel muito ativo no agravamento da silicose – doença pulmonar decorrente da inalação de dióxido de silício. No final desta pesquisa, foi convidado para integrar um Comitê de Implantação do Ambiente Livre de Tabaco do Hospital Universitário da UFRJ, em 1999, onde está até hoje. Nesse comitê, a equipe técnica de 12 pessoas é responsável por atividades de prevenção, treinamento de alunos de graduação e de pós-graduação, tratamento e pesquisas sobre tabagismo.

Na opinião do pneumologista, os avanços no controle do tabagismo nos últimos 20 anos, a partir do 1º Relatório do Surgeon General Ministério da Saúde dos EUA, em 1986, são consideráveis. Ele explica: “O tabagismo hoje é considerado por si só uma doença neurocomportamental, com importantes marcadores nos campos da biologia molecular, genética, comportamento e interação com o ambiente. Antes se falava do tabaco como ´fator de risco´, assim se minimizava o papel de seus 4.700 constituintes como causadores de inúmeras doenças, pois poder-se-ia atribuir a outros fatores de risco”. De fato, fumar era considerado um hábito, socialmente aceito e com pouquíssimas restrições.

Para Alberto, os desafios que se colocam neste momento são os de tratar a questão do tabagismo não somente como de interesse da saúde pública, mas de interesse social, cultural e econômico em geral. “Porque não existe relação custo x benefício em se manter o incentivo ao plantio, cura, industrialização e comercialização de um produto que mesmo através dos elevados impostos não cobre os custos sequer dos eventos agudos e fatais como o infarto agudo do miocárdio e o derrame cerebral”, diz. Ele explica: “Os países mais pobres são os que vão pagar a conta maior de permitirem o comércio do tabaco, pois sequer têm um sistema estruturado e com recursos suficientes na área de saúde para cobrir com eficiência as necessidades decorrentes do diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação das pessoas incapacitadas pelo negócio de vender um veneno com carimbo e autorização legal”.

A questão da Previdência Social também é apontada pelo pneumologista como crucial e ele explica o porquê: “Os sistemas de seguridade social sequer podem bancar os custos de manter as pessoas que se aposentam no seu período normal de contribuição, para além disso terem que manter benefícios, pensões e aposentadorias precoces decorrentes das graves incapacidades das doenças provocadas pelo tabaco”.

Outro desafio que Alberto vê é o tabagismo passivo: “O tabagismo passivo é uma realidade funesta e precisa ser combatido com firmeza. Não a pessoa que fuma, mas o tabaco sob todas as suas formas e disfarces, mesmo que isto custe uma sanção legal ao indivíduo que insiste em transgredir a norma legal de não fazer o outro vítima involuntária de seu consumo de cigarros, sob qualquer pretexto, seja de natureza da invocação dos direitos individuais ou da liberdade de escolha, pois o princípio pétreo de proteção coletiva se antecipa a qualquer outra obrigação do estado cidadão”.

Alberto é um entusiasta da formação em rede para aumentar o conhecimento sobre um determinado tema, como o caso da Aliança de Controle do Tabagismo. “A existência da ACTbr, bem como a de outras ONGs co-irmãs, permite garantir este espaço da crítica, da denúncia e da cobrança contundente”, diz.

Sobre a Medicina, ele acha que é uma área que precisa redescobrir-se em seus paradigmas ancestrais, legados de Hipócrates, Galeno e tantos outros para promover a saúde, o auto-conhecimento e o auto cuidado e não depender tanto da influência da indústria de equipamentos e tecnologias médicas sofisticadas. Segundo o pneumologista, prevalecendo a visão dominante no mercado dos negócios na área de saúde, a doença é o grande filão. “Por que, então, promover os cuidados na preservação e promoção à saúde? Eles não vendem produtos”, explica, para acrescentar: “O tabaco não. junto com o álcool, são dois grandes parceiros desta mercadoria do prazer efêmero que são vendidos com outras ilusões do sonho, do glamour, da fantasia e que, ao longo do tempo, vão desvelando os contra-pesos que todo fumante sabe, já viu em alguém ou teme que vá suceder consigo”, conclui.

DESTAQUE
Audiência Pública em Brasília – A Iniciativa Livre do Tabaco (Tobacco Free Initiative – TFI) da OMS, atuando como secretaria interina da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, estará realizando uma audiência pública sobre alternativas agrícolas ao cultivo do tabaco em 26 de fevereiro de 2007, no escritório regional da OMS em Brasília. Esta audiência acontecerá um dia antes da primeira reunião do grupo de trabalho sobre cultivos alternativos ao tabaco, conforme deliberação da primeira Conferência das Partes da Convenção Quadro. O público alvo da audiência pública são instituições e organizações públicas e privadas, ONGs, associações de produtores e trabalhadores do setor fumageiro, assim como representantes da indústria do tabaco.

Quem quiser se manifestar precisa mandar declarações em papel timbrado até 13 de fevereiro, para a TFI, na Suíça, via fax (41 22 791 4832), e-mail (copstudygroup@who.int) ou pelo correio para Tobacco Free Initiative – TFI, WHO, 20 Avenue Appia, 1211 Geneva 27 Switzerland.

Mais informações: clique aqui.

Suicídio de agricultora no Vale do Sol - RS
O Movimento de Pequenos Agricultores – MPA, torna público:

As notícias que vêm da região de Santa Cruz do Sul/RS são trágicas, e é com tristeza que o Movimento de Pequenos Agricultores - MPA reitera as denúncias que realiza contra as práticas das indústrias fumageiras.   
 
A questão emergente que vamos enfrentar em todas as instâncias cabíveis ocorreu no município de Vale do Sol/RS, onde uma fumicultora de 61 anos, que há cerca de 25 anos era integrada a uma mesma indústria, a Alliance One, cometeu suicídio enquanto teve sua propriedade tomada por policiais, oficial de justiça e funcionários da multinacional que lá foram para levar o seu fumo, sob a alegação de “quebra de contrato”.
 
Visivelmente abalada e implorando para que parassem com o arresto, inclusive dizendo que diante do fato iria se matar, ela não foi ouvida pelo oficial de justiça e demais cumpridores do mandado judicial, que nada fizeram para impedi-la. Mesmo depois de constatada sua morte por enforcamento, a operação não parou. Foi solicitado reforço aos trabalhadores da Alliance One, para terminar o mais rápido possível o carregamento, numa prova inequívoca de que as fumageiras não dão valor à vida humana. Para o desespero dos familiares e da comunidade local, os cumpridores da ordem judicial continuaram servindo aos interesses da multinacional, diante da fumicultora dependurada pelo pescoço.
 
O MPA é contrário à prática do arresto em quaisquer circunstâncias. Entendemos que as indústrias fumageiras, com todo o seu poderio econômico, possuem outros meios para receber seus créditos. Recorrer com a força policial é ultrajante e vergonhoso para os agricultores, ainda mais como no caso, em que a fumicultora que cometeu suicídio não tinha dívidas acumuladas com a Alliance One.
 
Documentos em posse do MPA comprovam que ela só tinha dívidas futuras, que ainda não estavam vencidas e demonstram todo um histórico a seu favor, por sempre ter honrado os compromissos assumidos com a multinacional. Além disso, a agricultora não se recusara a entregar o fumo, tanto que em dezembro último havia remetido parte de sua safra para a fumageira e recebeu o valor integral pelo fumo vendido, justamente por não ter débitos pendentes.  

Trata-se de uma prática arbitrária, que as indústrias costumam solicitar quando se dizem ameaçadas em não receber os débitos do agricultor, usando de mentiras e induzindo o Poder Judiciário ao erro, como no caso de mais essa vítima fatal. A penhora do fumo, como garantia dos financiamentos conferidos pelas fumageiras, está prevista nos contratos, que são ilegais e "leoninos". Feitos por adesão e cheios de má-fé, sem qualquer negociação com os fumicultores, servem mais como um tipo de regimento do “sistema de integração”. Os fumicultores assinam esses documentos, de boa-fé e sem conhecimento das cláusulas, inclusive promissórias e procurações em branco, que depois são usadas contra eles. É obedecer ou se ver impedido de seguir na atividade.

O objetivo do MPA é aprofundar o debate acerca dos contratos de compra e venda do fumo para fazer uma discussão, mais à fundo, sobre o sistema de integração rural. Uma verdadeira servidão moderna que vem consumindo não só a força de trabalho de famílias inteiras, mas também consumindo a vida dos pequenos agricultores.
 
Santa Cruz do Sul/RS, 07 de fevereiro de 2007.
 
Direção Estadual,
Movimento de Pequenos Agricultores MPA

Contatos com Wilson Rabuske, coordenador regional do MPA:
(51) 9718 1526 ou (51) 3117 4809.

OPORTUNIDADES
• Action on Smoking and Health International (ASH) - A ong inglesa está procurando um Assistente Executivo para seu escritório internacional de Washington, DC. Suas responsabilidades incluem o gerenciamento do dia-a-dia do escritório, agendamento de reuniões e de viagens, manutenção da agenda e apoio às necessidades do Diretor Executivo. Para mais informações, acesse http://fctc.org/jobs/ea.php. Quem se interessar deve mandar o currículo, com carta de apresentação e duas referências, além dos requisitos salariais, para fcajobs@ash.org

• 1º Congresso Latino Americano da SRNT (Sociedade para Pesquisa em Nitotina e Tabaco) e 2º Congresso Iberoamericano de Controle de Tabaco – Estão abertas as inscrições para o evento, que será realizado no Rio de 5 a 7 de setembro. As inscrições e apresentação de trabalhos podem ser feitas a partir da pagina www.srntrio07.com.br . Mais informações pelo email srntrio07@srntrio07.com.br ou telefones 21 2548-5141 / 21 2545-7863.

NOTÍCIAS - Curitiba também apoia ambientes livres de cigarro
Fonte: ACT com agências

Depois da pesquisa Datafolha-ACT, mostrando que os paulistanos apóiam ambientes livres de cigarro, feita em outubro, foi a vez dos moradores de Curitiba mostrarem seu apoio às medidas de restrição do fumo.

Amostra feita com 1.229 habitantes acima de 16 anos, sendo 24,65% fumantes, mostrou que grande parte dos fumantes pesquisados -- 80,53% -- declara ser favorável a alguma lei municipal que proíba o fumo em locais públicos fechados, por exemplo, locais de trabalho, repartições públicas, bares, restaurantes, shoppings. A maior parte desses fumantes, ou seja, 84,82%, já tentou parar de fumar pelo menos uma vez. Um dado interessante é que 77,56% desses entrevistados declararam que não fumam em locais públicos fechados, e 91,18% disseram que, quando o fazem, respeitam os lugares destinados a fumantes nesses estabelecimentos.

Para 75,58% dos fumantes entrevistados, o fato de alguns locais públicos fechados já proibirem o fumo não faz com que evitem freqüentá-los, e para 69,97% a proibição do cigarro faz com que fumem menos.

Já entre os entrevistados não fumantes -- 75,35% -- o fumo incomoda bastante. Nada menos que 75,81% deles disseram ficar incomodados quando um fumante acende um cigarro ao seu lado, e 42,55% deixam de freqüentar locais públicos fechados por causa do cigarro. O índice de apoio dos não fumantes a uma lei municipal que proíba o fumo em ambientes fechado é semelhante ao dos fumantes: 85,31% disseram apoiar uma legislação neste sentido.

Mortes por tabaco diminuem em NY após proibição ao fumo
Fonte: France Presse, 22/12/06

Três anos após a proibição do fumo em locais públicos, o número de mortes vinculadas ao tabaco caiu significativamente em Nova York. A informação está contida em um relatório do Departamento de Saúde da cidade.

Segundo o documento, a quantidade de mortes relacionadas ao tabaco registradas a cada ano caiu de quase nove mil em 2001 para pouco menos de 8,1 mil em 2005. "A maior parte desta queda se deveu ao efeito da redução do fumo sobre as doenças cardíacas", informou o Departamento em um comunicado.

O número de outras mortes relacionadas ao cigarro, como os cânceres de traquéia, pulmão e brônquios, leva mais tempo para diminuir depois que as pessoas param de fumar. O número de fumantes na cidade baixou em torno de 200 mil de 2002 para cá, informou o diretor de Saúde, Thomas Frieden.

A cidade de Nova York adotou uma das políticas mais agressivas do mundo contra o tabaco em 2003, quando o prefeito Michael Bloomberg proibiu o fumo em bares, restaurantes e locais de trabalho.

Pesquisadores encontram ligação entre tabagismo passivo e tuberculose
Fonte: Globalink, 16/1/07

Pesquisadores da Escola de Saúde Pública de Harvard fizeram um novo estudo onde relacionam fumo, tabagismo passivo e poluição tabagística à tuberculose. Eles encontraram evidências consistentes de que o tabagismo está associado a um risco maior de tuberculose. Também descobriram que o tabagismo passivo e partículas presentes na fumaça aumentam o risco da doença. “ A evidência sugere que, quando comparados aos não fumantes, os fumantes têm cerca de duas vezes o risco de desenvolver a tuberculose. A implicação desse fato para a saúde global é crítica”, disse Megan Murray, professora de epidemiologia da instituição.

Para ler na íntegra, acesse: http://www.eurekalert.org/pub_releases/2007-01/hsop-rsf011207.php

Mario Albanese escreve sobre a Lei Federal e tabagismo passivo
Fumatório
Mário Albanese
2007

O fumatório, local para fumantes, é uma excrescência acrescentada na Lei 9.294/96. Realmente, os estudos científicos comprovam, não há como promover a exaustão da poluição tabágica bem como sua interação com os demais poluentes ocupacionais. Estudo publicado no periódico "Tabacco Control" mediu a quantidade de partículas emitidas durante uma (1) hora por três (3) cigarros dentro de um quarto e a compararam com o total de partículas emitidas, no mesmo intervalo de tempo, por um motor a diesel moderno num ambiente aberto. O resultado revelou que os 3 cigarros emitiram até (10) vezes mais particulados. Observe-se que os particulados em ambientes fechados ficam em suspensão durante muito tempo. Pessoas que permanecem em ambientes fechados com poluição tabágica têm os cabelos e roupas impregnados, imagine-se então os pulmões... Esse estudo americano é de 2004 e serve como referência, pois a comprovação cientifica do fato é rica. O limite de bom ar para ambientes fechados é de até 9ppm (nove partes por milhão de material particulado em suspensão no ar). Medições feitas em danceterias, bares, bingos e outros locais registraram 100, 200 e até mil ppm. Mesmo assim, se houver interesse da empresa em criar um fumatório para uma minoria fumante, recomenda-se que haja uma regra para sua utilização.

De acordo com a lei o fumatório deve ser um local separado, bem arejado e destinado exclusivamente para fumar. Ademais, o fumatório é um estímulo e, nos locais de trabalho, uma iniqüidade para com a maioria não fumante que continua trabalhando. O estudos registram que para consumir um cigarro o fumante leva 10 minutos e que, em média, a cada 30 e até 45 minutos a fissura por nicotina se manifestará outra vez, obrigando o fumante a ir novamente para o fumatório. As empresas optam pelo fumo ao ar livre até porque não têm área útil disponível para oferecer como fumatório. A legislação trabalhista regula essa situação de maneira clara.

A Lei Federal de nº 6.514 /1977 – Segurança e Medicina do Trabalho determina que as empresas criem o Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMS0 (NR7), e o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA (NR9), duas importantes exigências para a prevenção e controle do tabagismo como fator de risco. Note-se que fumar em ambiente fechado fere dispositivos do Código Sanitário – Lei Federal 6.437/77, com sanções e outras providências. Por sua vez, o Código de Defesa do Consumidor – Lei Federal 8.078/90, consigna que os produtos e serviços colocados no mercado não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores. Finalmente a Lei Federal 9.294/96 proíbe o fumo em todo e qualquer recinto coletivo, público e privado.

O fumante é um dependente da nicotina, portador de uma doença crônica, portanto deveria receber da empresa apoio e meios para parar de fumar. Afinal, se no direito individual pode-se fazer tudo que não seja proibido por lei, no direito coletivo, só é permitido fazer o que a lei autoriza. Caso insista em descumprir a lei o trabalhador fumante estará sujeito às leis que regulam as relações de trabalho. Advertência verbal, na reincidência, notificação e... adeus ao emprego. A responsabilidade da pessoa jurídica que admite o fumo fica exteriorizada pela ausência de sinalização proibitiva. Se não há nada proibindo significa que o fumo está autorizado.

Para se proteger as empresas precisam tão somente cumprir a lei. Caso contrário, saibam que a Consultoria Viesanté concluiu que as empresas gastam R$ 4 mil a mais com um trabalhador fumante. Absenteísmo do trabalho, visitas ao médico, idas ao fumatório, motivaram um levantamento feito com dados dos departamentos de recursos humanos de 14 grandes empresas brasileiras, que juntas somam 100 mil funcionários. No cotejo das vantagens e desvantagens o fumante sai sempre perdendo. As companhias de seguro já fazem essa avaliação... Ademais, não se pode obrigar o empresário a contratar alguém para ter prejuízos. Certamente, não dirá isso ao candidato...

Justiça Italiana manda indenizar fumante passivo. O tribunal de Roma condenou o Ministério da educação a indenizar os herdeiros de uma de suas funcionárias, que teve um câncer de pulmão, atribuído ao tabagismo de (3) três de suas colegas de escritório. A juíza Giuseppina Vetritto , da secção Trabalhista do Tribunal de Roma, condenou o Ministério a pagar 263.725 euros por danos biológicos e mais 132 mil por danos morais a Ferruccio e Cláudio Di Bari, parentes de Maria Sposetti, que nunca fumou mas foi obrigada a respirar fumaça alheia. Durante anos protestou e pediu inutilmente a seus superiores que a mudassem de escritório. Essa decisão judicial é a primeira condenação por fumo passivo na Itália (maio de 2005).

Estudantes ativistas pressionam Universidade de Toronto para que liquide suas ações das indústrias de tabaco
Fonte: Gazeta de Montreal, 16/1/07


Um grupo de estudantes da maior universidade do Canadá está pressionando a administração da Universidade de Toronto para que venda mais de US$ 10 milhões de investimentos na indústria de tabaco – e clamam para que estudantes de todo o país apóiem sua causa. O grupo, auto-intitulado Educação Trazendo Verdades aos Jovens (NT: Education Bringing Youth Tobacco Truths, que em inglês forma a sigla E-BUTT, e butt quer dizer bituca de cigarro), passou o último ano circulando uma petição para convencer a universidade a vender seus investimentos. Agora, começou uma nova mobilização para prevenir a universidade de comprar ações das tabageiras no futuro.

“É a maior hipocrisia que uma universidade, conhecida em todo o mundo por seus programas médicos e de saúde pública, priorize dinheiro em vez da saúde dos canadenses”, disse Tyler Ward, estudante da Universidade de Toronto e presidente do grupo. Ele acrescentou: “Ela manda um mensagem de que não está interessada na saúde dos canadenses, mas sim em fazer dinheiro”.

A universidade tem, aproximadamente, US$ 10.5 milhões investidos em empresas como Japan Tobacco, Altria Group e Rothmans Inc. Não é a primeira vez que a universidade se vê envolvida em questões como essa. Em 2002, ela aceitou US$ 150 mil em doações da Imperial Tobacco para programas de ética no Colégio St. Michael, o que forçou diversos membros do conselho diretor a pedirem demissão.

Para ler na íntegra, acesse: http://www.canada.com/montrealgazette/news/story.html?id=2ee1cd7a-6f65-4f93-9391-e8da72f23294

IRRESPONSABILIDADE SOCIAL
Souza Cruz é a nova patrocinadora do Sustentável 2007
Fonte: Lead Comunicação Organizacional, jan 2007

Reconhecendo a importância e a urgência do tema, grandes empresas comprometidas com o desenvolvimento sustentável no Brasil e no mundo anunciam sua participação no 2º Congresso Ibero-Americano sobre Desenvolvimento Sustentável, o Sustentável 2007. Marcado para 24, 25 e 26 de abril no Auditório do Ibirapuera, o Sustentável 2007 vai discutir os papéis de empresas, governos, pesquisadores e ONGs na busca pelo desenvolvimento sustentável e pela sobrevivência do planeta e da própria humanidade.

O CEBDS tem o prazer e a alegria de comunicar a entrada da Souza Cruz no rol das empresas patrocinadoras do Sustentável 2007. "A Souza Cruz já vem desenvolvendo projetos de preservação do meio ambiente e educação ambiental, sempre com uma grande preocupação com o impacto das suas atividades de negócios em toda sua cadeia de fornecedores. O Sustentável 2007 apresenta-nos como uma excelente oportunidade de continuar a manter nosso diálogo, permanente e construtivo, com nossos principais stakeholders, especialmente com aqueles que atuam na área ambiental. Participar deste evento significa não só compartilhar nossas experiências e projetos como também trocar informações com empresas sérias no que se refere ao tema da sustentabilidade, com o objetivo de mostrar à sociedade brasileira que somos uma empresa responsável na condução de nossos negócios." José Roberto Cosmo, gerente de Planejamento e Estratégia de Assuntos Corporativos.

Rio Grande do Sul: Unisc e Souza Cruz instalam reserva ecológica

Fonte: Gazeta do Sul, 8/12/06
Sinimbu/RS - Uma floresta densa de matas virgens abriga um dos maiores patrimônios naturais do Vale do Rio Pardo. Situada a 48 quilômetros de Santa Cruz do Sul, na localidade de Salto Rio Pardinho, em Sinimbu, foi inaugurada ontem a maior Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) do Estado. São 385 hectares de terras entre morros e cascatas que concentram a biodiversidade da fauna e flora da Mata Atlântica.

A área foi adquirida pela Souza Cruz em fevereiro do ano passado e repassada para a Universidade de Santa Cruz (Unisc), que em contrapartida ficou responsável pela sua preservação. O local foi mapeado e dividido em trilhas que servirão de roteiro para visitantes. Outra parte do parque vai ser destinada exclusivamente para estudos dos acadêmicos dos cursos de Biologia e Engenharia Ambiental e Agrícola. A intenção da universidade é estender os trabalhos para as demais áreas de graduação oferecidas pela universidade.

COMENTÁRIO:

O Boletim ACTbr publica duas notícias sobre Irresponsabilidade Social nesta edição. Ambas são parecidas e dizem respeito à mesma questão: a associação do nome Souza Cruz a causas sérias e que merecem uma grande preocupação. A sustentabilidade e o meio ambiente são temas da mais justa importância e as empresas/agências/instituições que trabalham com eles deveriam ter o máximo cuidado de não exporem suas causas associadas a uma empresa de produtos de tabaco.
Como já dissemos em outras edições, a Souza Cruz segue à risca a cartilha de como ter uma boa imagem perante a sociedade. A indústria do tabaco está em busca por legitimidade em todo o mundo, e apoiar instituições de renome, Ongs e financiar projetos é uma de suas metas. Essas indústrias usam a legitimidade “emprestada” para distrair os legisladores e o público do fato de que elas produzem e promovem um produto que mata mais pessoas que o álcool, drogas, suicídios, assassinatos, acidentes de automóveis e Aids combinados.

FICHA TÉCNICA
Realização: Aliança de Controle do Tabagismo - ACT
Coordenação: Paula Johns
Secretaria Executiva: Paulo César Corrêa e Mônica Andreis
Edição: Anna Monteiro
Apoio: HealthBridge e CIDA

A ACT é uma Aliança de organizações de vários setores da sociedade civil organizada cuja Secretaria Executiva é a REDEH – Rede de Desenvolvimento Humano

PROBLEMAS TÉCNICOS
Tivemos alguns problemas técnico em nossos servidores e o boletim que foi enviado em 06 de feveiro de 2007, não chegou aos destinatários. Estamos enviando novamente.

Atenciosamente,
Suporte ACTbr