nº 30
 
1. Editorial
2. Perfil – Bourbon Street e Tom Jazz
3. Acontece:
4. ACTbr em AÇÃO - Participe!
5. Notícias - Só 9% dos brasileiros acham que fumar é sexy
6. 60% dos fumantes dizem ter começado antes dos 18
7. Brasil perde 3,6 milhões de adeptos ao cigarro desde 2002
8. Rede IBIS inova e lança, no Brasil, Hotel 100% não-fumante
9. Pioneiro do controle do tabagismo faria 100 anos em setembro
10. IRRESPONSABILIDADE SOCIAL
11. Ficha Técnica
 

Editorial
A campanha por Ambientes fechados 100% livres de fumo, lançada em São Paulo em 28 de agosto, continua e já dá frutos. No dia 27/08 o governador José Serra outorgou o Selo Ambiente Livre do Tabaco à empresa Johnson & Johnson, que há dois anos vem trabalhando com seus funcionários e visitantes na implementação de ambientes livres do tabaco em todas as suas instalações, inclusive nas áreas externas das fábricas.

A J&J segue a tendência global e segue os passos de sua matriz, ao passo que no Brasil ainda se discute a criação de fumódromos em ambientes fechados, um debate que está na contra mão da saúde pública, mas que tem seu efeito pedagógico pelo simples fato de ser melhor do que o total descumprimento da lei na maioria esmagadora dos bares e casas noturnas das cidades brasileiras.

Mesmo assim, alguns locais, apesar da falta de fiscalização e de falta de comprometimento real de setores dos poderes públicos, vem tomando iniciativas por conta própria e, para reconhecer a iniciativa e aprofundar o debate a seção perfil traz uma entrevista com o diretor geral de duas casas de shows de São Paulo, que proibiram o fumo na área de shows, a pedido de músicos e freqüentadores. As casas defendem o respeito ao direito do fumante de fumar, e criaram salas separadas, com ventilação própria, para os fumantes.

Primar pelo respeito ao direito de fumantes e não fumantes é ótimo, mas a separação de ambientes não é o ideal. As diretrizes do primeiro tratado global de saúde pública, promovido pela Organização Mundial da Saúde que conta com a adesão de 150 países, entre eles o Brasil, determinam que espaços fechados devem ser 100% livres de fumo, sem exceções. A regulamentação visa a proteger os freqüentadores e especialmente os trabalhadores desses locais contra o tabagismo e o tabagismo passivo. No caso de uma sala para fumantes, quem atende o freqüentador nesse ambiente continua se expondo à PTA.

Para acabar de uma vez por todas com a farsa dos fumódromos em ambientes fechados, facilitar o trabalho de fiscalização das autoridades competentes e, demonstrar que o Brasil se importa com a saúde ocupacional de todos os trabalhadores de todos os setores sem exceções, sem deixar de continuar a campanha para fazer valer a lei que já está em vigor, podemos aprimorar a Lei Federal 9.294/96. Para isso estamos promovendo a coleta de assinaturas institucionais e de pessoas físicas.

Participe! Entre em nossa página, imprima os formulários para a campanha, colete assinaturas! Ambientes fechados 100% livres de fumo é uma medida simples que melhora a qualidade de vida de milhares de pessoas, salva outras milhares de vida e a sua participação faz a diferença.

Até o mês que vem.

Obrigada,

Paula Johns
Diretora executiva ACT

Perfil – Bourbon Street e Tom Jazz
Casas de Show em São Paulo proíbem fumo na área de apresentação dos músicos

Duas casas de show que respeitam as individualidades de seus freqüentadores. Assim Edgard Radesca define o Bourbon Street Music Club, em Moema, e o Tom Jazz, em Higienópolis, ambos em São Paulo, das quais é diretor geral. A individualidade, no caso, diz respeito a fumantes e não fumantes. Criado em 1993, o Bourbon Street passou a proibir o fumo em sua área de shows, há alguns meses. Mais novo, de 2005, o Tom Jazz seguiu os mesmos passos. A decisão foi adotada depois de vários pedidos de músicos e tem sido um sucesso, com muitos elogios e pouca crítica. “Nosso público tem um nível cultural bem alto, viaja e conhece as experiências de lugares semelhantes em outros países. Então, é um público consciente dos perigos da fumaça do cigarro e aceita bem. Temos poucos problemas”, explica Radesca.

No entanto, para dar uma comodidade maior ao fumante e evitar que ele tenha que ir para a rua fumar, o Bourbon Street criou uma sala para fumantes, isolada da área principal do estabelecimento, com sistema de ar condicionado próprio – que evita que o ar do ambiente com fumaça de cigarro se misture ao ar do ambiente sem cigarro - e janelas abertas para a rua. Radesca chegou a estudar o sistema de neutralização de odores com ozônio, mas o custo alto inviabilizaria o negócio. Porém, é bom lembrar, ozonizador não é sistema de ventilação e não elimina os efeitos da exposição à poluição tabagística ambiental (PTA). A Sociedade Americana de Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Condicionamento de Ar (ASHRAE), o órgão de referência dessa área da engenharia, afirma que “nenhuma tecnologia de engenharia de ventilação atual demonstra controlar os riscos da exposição à PTA, apenas reduzi-los e controlar questões de conforto relacionadas ao odor e à irritação sensorial”. No Tom Jazz, o espaço para fumantes fica na área externa da casa, aberta, e também separada da área de show.

O Bourbon não foi procurado pelo programa Convivência em Harmonia, da Souza Cruz, para a implantação da sala de fumar, o que tem sido comum nos estabelecimentos da indústria da hospitalidade. O programa prega uma separação do local de acordo com a pressão: área para fumantes na zona de baixa pressão, área para não-fumantes na zona de alta pressão. Estabelecimentos de entretenimento, como bares e boates, porém, têm grande interação entre os clientes, e a separação pode não ser respeitada. “Foi uma questão de respeito às individualidades. Não vamos fazer proselitismo. Temos freqüentadores que são fumantes, e achamos que devem ser respeitados, que devemos dar algum conforto a eles, já que proibimos o fumo onde os shows são realizados. E temos que respeitar o direito da maioria, que é não fumante, de não receber a fumaça ”, explica o diretor geral.

Sabe-se que a separação de ambientes não é o ideal, já que quem atende aos freqüentadores desses ambientes continua se expondo à PTA. A Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, primeiro tratado internacional de saúde pública, determina que espaços fechados devem ser 100% livres de fumo, sem exceções. A regulamentação visa a proteger os freqüentadores e especialmente os trabalhadores desses locais contra o tabagismo e o tabagismo passivo.

Segundo Radesca, alguns garçons do Bourbon são fumantes e quando precisam fumar vão para a área externa. A maioria, entretanto, não fuma e sente os efeitos positivos da proibição, ao terem um conforto maior e não ficarem expostos à fumaça na jornada de trabalho. Os seguranças das casas também comemoraram a medida.

Quando a tendência mundial, que é ter espaços fechados 100% livres de fumo, sem exceções, for completamente adotada aqui, as comemorações vão ser muito maiores. A ACT aposta nisso.

Acontece:
• O Institute for Tobacco Control está promovendo um programa de treinamento em controle do tabagismo on line, grátis, em inglês. O programa é abrangente, abordando todos os temas relacionados ao controle do tabaco e é indicado para legisladores, pesquisadores, educadores em saúde e profissionais de saúde pública, médicos, enfermeiros e outros profissionais da área de saúde, estudantes, organizações de cessação do fumo, entre outros. O projeto é financiado pela Bloomberg Global Initiative to Reduce Tobacco Use e pode ser acessado em: www.globaltobaccocontrol.org

• A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco, foi ratificada pela Gâmbia em
18 de setembro. Até o momento são 168 assinaturas e 150 ratificações.

ACTbr em AÇÃO - Participe!
• Vamos Parar
Esse é o nome do blog que a Aliança de Controle do Tabagismo, ACT, está lançando. A idéia surgiu porque o grupo recebe muitos pedidos de pessoas interessadas em parar de fumar.

O espaço é para a troca de experiências e informações sobre cessação e tratamento. No blog Vamos Parar, o leitor poderá ter dicas, links, orientações de especialistas, enfim, tudo o que possa ser útil para ajudar fumantes que estão diante de um grande desafio e de uma enorme conquista: parar de fumar!

O endereço é http://blog.actbr.org.br

• Campanha pela alteração da lei 9294/96

A ACT está disponibilizando em seu site, na seção campanhas, a Carta do “Fórum Tabagismo Passivo e Legislação sobre ambientes livre de fumo no Brasil". O evento foi realizado pelo INCA em parceria com a OPAS e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 12 de setembro, no Rio de Janeiro, com o objetivo de alinhar a legislação nacional sobre tabagismo passivo às diretrizes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco.

O fórum contou com a participação de diversos representantes de vários segmentos da sociedade civil organizada e do governo e aprovou um documento, solicitando a alteração da Lei Federal 9.294/96, intitulado "Carta do Fórum" que será encaminhando para a Presidência da República, do Senado e da Câmara, e para o Ministro da Saúde, que vem se manifestando no sentido de melhorar a qualidade do ar de todos os recintos de uso coletivo através da promoção de ambientes 100% livres de fumo em locais fechados, sem exceções.

No momento, a ACT está coletando adesões institucionais de organizações que não estiveram presentes no Fórum, mas que apóiam a iniciativa.

Para apoiar a iniciativa como instituição CLIQUE AQUI e acesse a seção campanhas, ou envie uma mensagem para actbr@actbr.org.br

Para coletar assinaturas acesse a petição na seção destaques e imprima os formulários disponíveis, ou envie uma mensagem para actbr@actbr.org.br

• Concurso de Vídeo

A ACT está promovendo seu 1o concurso de vídeo, com o objetivo é aumentar a participação de jovens na área do controle do tabagismo, incentivar a contra-propaganda de produtos de tabaco, premiar e reconhecer os melhores trabalhos sobre os temas saúde e poluição do ar. A intenção da ACT é tornar o concurso anual, sempre com temas variados, podendo explorar as diversas faces envolvidas no controle do tabagismo.

Os candidatos deverão inscrever vídeos de até 1 minuto de duração, através do Youtube. Os temas a serem trabalhados são saúde, com a questão do tabagismo passivo, e poluição do ar, com a questão da ventilação.

As regras serão divulgadas em breve em nosso site. Não perca!

Notícias - Só 9% dos brasileiros acham que fumar é sexy
Pesquisa Datafolha mostra ainda que 83% aprovam campanhas contra o cigarro

Resultado do levantamento indica que imagem criada pela publicidade e pelo cinema perdeu influência entre o público do país
Fonte: Folha de S. Paulo, 23/09/07

Uma vez na vida, pelo menos, Hollywood perdeu. A imagem sexy do cigarro, construída pelo cinema e pela publicidade por mais de 50 anos, foi para o ralo no Brasil. Pesquisa feita pelo Datafolha revela que só 9% dos brasileiros consideram sexy o ato de fumar. Os que discordam dessa imagem somam 85%, e 6% não têm opinião. O levantamento do Datafolha entrevistou 2.771 pessoas a partir de 16 anos em 164 municípios do país nos dias 14 e 15 de agosto. A margem
de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A própria pesquisa do Datafolha traz pistas sobre as razões pelas quais o cigarro deixou de ser sexy. As campanhas contra o fumo são aprovadas por 83% dos entrevistados. Só 12% consideram as peças "exageradas, mostrando os males causados pelo consumo de cigarros de maneira sensacionalista". O maior índice de aprovação à contrapropaganda ocorre entre os jovens: 88% dos que têm 16 e 17 anos consideram as campanhas "adequadas, mostrando o que o consumo de cigarro causa, sem esconder nada", segundo o Datafolha.

A maior reprovação às campanhas vem dos fumantes que nunca tentaram parar de fumar (19%). Uma das maiores taxas de aprovação ocorre entre aqueles que nunca fumaram -85% consideram as peças "adequadas".

Para ler na íntegra CLIQUE AQUI

60% dos fumantes dizem ter começado antes dos 18
Pesquisas no Canadá mostram que a propaganda nos bares é um dos maiores estímulos.

Na faixa dos 18 aos 24 anos, um quinto dos jovens fuma; entre os brasileiros de 35 e 59 anos, o percentual de fumantes sobe para 27%

Fonte: Folha de S. Paulo, 23/09/07

(...) A pesquisa do Datafolha mostra que 60% dos fumantes começam a fumar até os 17 anos. (...) A venda de cigarros no Brasil é proibida para menores de 18 anos, mas é uma daquelas leis que não pegou. Entre os adolescentes que tem 16 e 17 anos, 11% são fumantes. Na faixa etária que vai dos 18 a 24 anos, eles somam 21%. Juntos, os jovens de 16 a 24 anos correspondem a 22%, quase um quarto do total de fumantes do Brasil.

O cigarro incomoda adolescentes: 56% dos que têm de 12 a 17 anos já tentaram parar de fumar, de acordo com a pesquisa. Duas faixas etárias concentram o maior percentual de fumantes, segundo o levantamento do Datafolha. Entre os que têm de 35 a 44 anos, 27% declaram-se fumantes. Na faixa que vai de 45 a 59, o percentual também é de 27%. Ou seja, a maioria dos fumantes no Brasil nasceu entre 1948 e 1972.

São os filhos da publicidade de cigarros sem limites, quando o produto era associado ao sucesso, aos esportes e ao sexo no cinema e na TV. Os comerciais foram banidos da televisão em janeiro de 2001 por determinação do Ministério da Saúde.

Paula Johns, diretora da ACT (Aliança de Controle ao Tabagismo), uma organização que congrega cerca de 40 entidades, diz que "menos jovens estão começando a fumar por causa das imagens nos maços, do fim da publicidade e da redução da aceitação social". Segundo ela, pesquisas no Canadá mostraram que a propaganda nos bares que vendem cigarro é um dos maiores estímulos para a iniciação do adolescente. O jovem se identifica com a marca, diz Johns, porque ela está associada a um estilo de vida. Ela defende o fim desse tipo de publicidade no Brasil.

(...)

Para ler na íntegra CLIQUE AQUI

Brasil perde 3,6 milhões de adeptos ao cigarro desde 2002
Fonte: Folha de S.Paulo, 23/09/07


O número de fumantes está em queda no Brasil, segundo o levantamento do Datafolha. Eles correspondem a 23% da população com 18 anos ou mais. Em 2002, eram 26%. Traduzindo em números absolutos, significa que mais de 3,6 milhões de pessoas ou deixaram de fumar ou não começaram nos últimos cinco anos.

Para se ter uma idéia do tamanho da façanha, seria como se as populações de Campinas (SP), Curitiba e São Luís (MA) deixassem o cigarro.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) considera o Brasil o país que mais reduziu o número de fumantes no mundo nos últimos dez anos. A explicação para a redução não é complexa, segundo a médica Vera Luiza da Costa e Silva, da Opas (Organização Panamericana de Saúde): "O número de fumantes está caindo no Brasil porque o nível de informação da população sobre o tabaco é alto e as leis de regulamentação funcionam".

A queda de fumantes não é homogênea. Enquanto o número de fumantes homens caiu cinco pontos percentuais entre 2002 e 2007 (de 32% para 27%) entre as mulheres a variação fica na margem de erro (de 20% para 19%). A margem de erro é de dois pontos percentuais. A maior variação entre os levantamentos de 2002 e o deste ano é na faixa etária que vai de 35 a 44 anos. A redução de fumantes foi de 10 pontos percentuais (de 37% para 27%). A região Sul do país foi a que teve a redução mais acentuada -de 32% para 27%.

Para ler na íntegra CLIQUE AQUI

Rede IBIS inova e lança, no Brasil, Hotel 100% não-fumante
Fonte: Voice Comunicação Institucional

Ação pioneira na hotelaria nacional tem como principal objetivo proporcionar um ambiente saudável, livre de fumaça.
A rede Ibis lança, a partir de 1 de setembro, o primeiro conceito de hotéis 100% não-fumante do país, uma iniciativa que também é pioneira mundialmente para a rede. A ação irá converter, inicialmente, três unidades – Ibis Curitiba Centro Cívico, Ibis São Paulo Paulista e Íbis Vitória Praia do Canto – em hotéis totalmente livres de fumaça, nos quais a hospedagem será exclusiva para hóspedes que desejarem um ambiente não-fumante.

(...) Os quartos passarão por um processo de higienização completo que prevê, entre outros aspectos, lavagem no carpete, nas colchas, nas cortinas e nos travesseiros. “Caso seja necessário, haverá, inclusive, troca de material”, revela o diretor de operações Franck Pruvost. Além disso, os corredores e as áreas comuns – restaurantes, bares e lobbies – também terão uma limpeza especial.

Pioneiro do controle do tabagismo faria 100 anos em setembro
Fonte: Mario Albanese
Presidente Adesf, Conselheiro Honorário da ACTbr

O Presidente de Honra da ADESF, Dr. José Rosemberg, falecido em 2005, comemoraria 100 anos em 19 de setembro. A ADESF o homenageia divulgando trechos do discurso feito pelo Dr. Mário Rigatto na ocasião de celebração de seus 90 anos. Um dos trechos é:
“José Rosemberg tutelou, com sua cultura e inigualável saber, minha participação na luta antifumo. Inicialmente como responsável pelo setor de "Empresas & Trabalhadores", do Comitê Coordenador do Controle do Tabagismo no Brasil, que o insigne professor sempre presidiu. Seguiram-se como conseqüência natural a participação na CETAB – Comissão Estadual de Tabagismo e finalmente com a criação da ADESF – Associação de Defesa da Saúde do Fumante, da qual foi e é seu Presidente de Honra.

(...). Sua última aparição pública foi no evento realizado na Faculdade de Saúde Pública no dia 17 de maio de 2005, "A Saúde Pública Contra o Tabaco". Significativos nomes da luta antifumo como o Prof. Dr. Aristides Almeida Rocha, Dr. Antonio Pedro Mirra, Dr. Luiz Carlos Mônaco, Dr. Silvio Tonietto, Dra. Luizemir Lago, Dr. José Sica, Dra. Paula Johns, Profª Leila Maria Costa, Dr. Mário Natal, entre outros, assistiram ao Prof. Rosemberg esbanjando conhecimento para regozijo e admiração de todos os presentes.”

IRRESPONSABILIDADE SOCIAL
Ética para crescer
Revista Diálogo, Souza Cruz, setembro de 2007

O Brasil acumulou seguidas conquistas na economia em pouco mais de uma década. A estabilidade da moeda e a criação de condições macroeconômicas favoráveis permitiram avanços inimagináveis há poucos anos. Mas o país ainda se aflige com questões que destoam desse novo momento. Uma delas é a falta de ética que caracteriza boa parte das práticas comerciais. Para falar do assunto, Diálogo entrevistou, com exclusividade, André Franco Montoro Filho, 63 anos, presidente executivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco). Doutor em economia pela Universidade de Yale (EUA), professor da USP, ex-presidente do BNDES e do Programa Nacional de Desestatização e ex-secretário de Economia e Planejamento do Estado de São Paulo, Montoro Filho acredita que o comportamento ético, inclusive nas mais simples atitudes do dia-a-dia, é crucial para assegurar no País um ambiente de negócio mais sadio.

(...)

Comentário ACT:
È fato que o Brasil vive dias de falta de ética em todas as esferas e em todos os poderes. Por isso, os temas abordados nesta entrevista surpreendem pela lógica. Não há como não concordar com o assunto. Mas quando esse tema é abordado por uma empresa que sempre jogou a ética para baixo dos panos, faz lobby para atrasar leis de controle do tabagismo, continua fazendo marketing mentiroso em países onde não há um controle do tabagismo mais forte, pagou pesquisadores para desacreditar estudos sérios apontando os malefícios do tabagismo, alterou plantas geneticamente para que a dependência se tornasse mais rápida, etc, não dá para acreditar que o assunto será levado a sério. Essa é a indústria do tabaco, que agora se passa por ética, transparente, responsável socialmente e, principalmente, vitima.
Em tempo, a Souza Cruz é uma das empresas que criou o ETCO e, até segunda ordem, fica difícil engolir o discurso do “plenamente ética” e de qualidade de vida quando sabemos que a própria Souza Cruz, entre outros, compra estudos de grandes instituições acadêmicas, que são utilizados como ferramentas para a não adoção de medidas básicas para uma qualidade de vida realmente melhor e mais justa para todos, a exemplo dos ambientes fechados 100% livres de fumo.
Em 2005, a ACT lançou um relatório sobre responsabilidade social empresarial e a indústria do tabaco, e apontou justamente para a falta de problematização e debate da discussão ética que, necessariamente, deveria anteceder a qualquer conceito de RSE. Na época, disse que “ao invés de um debate social amplo, temos assistido a Souza Cruz e outras subsidiárias da British American Tobacco pautar o debate ativamente e caminhar no sentindo de convencer a sociedade, ONGs, institutos de referência no tema, entre outros, de que não há nenhum problema em relacionar RSE com a fabricação e comercialização um produto que provoca adoecimento, morte e uma série de impactos sociais, ambientais e econômicos.”

Por esses motivos e muitos outros que não cabem nesse espaço, podemos perguntar: dá para acreditar que a indústria está sendo sincera quando trata de um tema como ética? Ou é uma ética relativa, própria para se adaptar às suas necessidades?

A entrevista sobre ética pode ser lida na íntegra na página www.souzacruz.com.br

Ficha Técnica
Realização: ACTbr - Aliança para o Controle do Tabagismo
Apoio: HealthBridge - CIDA - IUATLD - TFK
Jornalista responsável: Anna Monteiro - anna.monteiro@actbr.org.br