nº 34
 
1. Editorial
2. Perfil
3. ACT Em Ação
4. Oportunidades
5. Nova enquete
6. NOTICIAS - Justiça proíbe Souza Cruz de submeter empregados à degustação de cigarros
7. Canal Inglês lança ‘Big Brother’ anti-tabagista, em que crianças tentarão curar pais fumantes
8. Fetraf-sul defende contratos coletivos entre fumicultores e fumageiras
9. Fumantes consomem uma casa em 30 anos, mostra consultor
10. Bares e restaurantes estarão livres do fumo
11. Área para fumantes poderá ser proibida em ambiente fechado
12. Fume se você os tiver: Imperial Tobacco está com 100 anos
13. Enterro de primeira classe para o 100o aniversário da Imperial Tobacco
14. Irresponsabilidade Social
15. Ficha Técnica
 

Editorial
Último dia de janeiro, véspera de carnaval, e, portanto, véspera do começo do novo ano, afinal o ano só começa mesmo depois do carnaval.

Fevereiro promete, conforme vocês verão no perfil do mês. A partir do dia 12, a lei que proíbe fumar em ambientes fechados “chegará”. Leia-se: começará a ser respeitada e fiscalizada, em Recife. A data é fruto de um processo de negociação entre autoridades comprometidas, lideranças, a exemplo da Maristela Menezes, e educação e sensibilização da população. Esperamos que o modelo da Paraíba, estado onde a lei já é fiscalizada há praticamente um ano, e de Recife seja reproduzido o quanto antes em todo Brasil.

Conforme divulgado na última edição do nosso boletim, a população paulistana já está pronta para que a lei “chegue” em São Paulo, falta acordarmos e nos comprometermos com uma data para que os donos dos estabelecimentos passem a respeitar a lei e as autoridades competentes passem a fiscalizar a lei. Enquanto essa data não é determinada, a ACT vem trabalhando com sua campanha de conscientização do “porque da lei” que está nas ruas desde dezembro. Não podemos nos esquecer que os bares, restaurantes, casas noturnas e outros locais de entretenimento são o local de trabalho de milhares de trabalhadores que não têm opção de sair e ficam expostos as toxinas do cigarro no mínimo 8 horas por dia.

Naturalmente, a “chegada” da lei no resto do Brasil poderá ser agilizada caso a proposta de emenda da Lei Federal 9294/96, que propõe a eliminação de “fumódromos” em ambientes fechados, seja aprovada no Congresso Nacional o quanto antes. Há pelos menos três propostas sobre o tema que são sinérgicas (PL 2035/07, PL 4846/94 e PL do Executivo que será encaminhado para o Congresso na primeira semana do ano legislativo de 2008) e a população apóia a alteração. Só nos resta monitorar o processo e fazer com que os nossos congressistas ouçam a voz do povo e cumpram seu mandato de agir em prol do interesse público e não do interesse privado da indústria do tabaco.

A propósito, as peças da Campanha “Qualquer ambiente fechado é pequeno demais para o tabaco” estão disponíveis online (spot de rádio, vídeo) e em versão impressa (folhetos e cartazes), para receber material impresso envie uma mensagem para actbr@actbr.org.br.

Boa Leitura!

Até mês que vem

Paula Johns

Perfil
A entrevistada deste mês na seção perfil é Maristela Pinto de Menezes, assistente social e especialista em controle do tabagismo e tratamento do fumante, políticas públicas e gestão de serviços social. Para quem não está ligando o nome à pessoa, ela é a Coordenadora de controle do tabagismo e outros fatores de risco de câncer da secretaria de saúde do Recife, Pernambuco.

A estréia na área se deu há 15 anos, quando trabalhava como assistente social no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e foi convidada por dois especialistas, o pneumologista Blancard Torres e a otorrinolaringologista Conceição Guerra, para implantar um ambulatório de atendimento ao fumante nos moldes do criado no Hospital das Clínicas de Porto Alegre um ano antes. Maristela teve que pesquisar e mergulhar no tema e, como vários outros profissionais, se apaixonou pela causa: “Como ainda não existia demanda para cessação do tabagismo à época, deliberamos por instituir primeiro um programa de controle do tabagismo, organizando a 1ª Semana de Estudos sobre o Fumo, em comemoração ao Dia Mundial Sem Tabaco – 31 de maio daquele ano, e em seguida a 2ª Semana, em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Fumo – 29 de agosto”, relembra.

Houve uma demanda crescente por cessação, a partir das ações de maio e agosto, que levou o grupo a inaugurar o 1º Ambulatório de Atendimento ao Fumante do Norte e Nordeste e o 2º do Brasil em hospital público, com ampla cobertura de mídia, em 30 de outubro de 1993. Ela destaca a imensa procura: “Curioso observar que tivemos de suspender as inscrições por 3 meses no dia da inauguração, tendo em vista o número de pacientes que lá acorreram: 50 num só dia. A equipe do ambulatório era multi-profissional, composta por assistente social, psicóloga e médicos.” E destaca, com orgulho: “Fui a primeira assistente social do Brasil a trabalhar com controle do tabagismo e tratamento do fumante.” Apesar de ter feito muito sucesso, inclusive com representantes em congressos e eventos, nacionais e internacionais, o programa e o ambulatório funcionaram até setembro de 2000, tendo sido encerrado por questões políticas e administrativas.

Recentemente, tem tido uma boa repercussão a fiscalização de bares e restaurantes no Recife, para que não se permita fumar em lugares fechados. Segundo Maristela, a primeira etapa desta fiscalização aconteceu entre agosto e novembro de 2007, com seis audiências no Ministério Público do Trabalho, para que se fizesse um pacto com proprietários e entidades representativas do setor. Decidiu-se que a partir de 12 de fevereiro deste ano todos estariam adequados à legislação. A campanha dos ambientes livres de fumo foi lançada, então, em 7 de dezembro, numa ação conjunta da Vigilância Sanitária (Visa) municipal e o Ministério Público do Trabalho.

O critério de escolha dos locais foi de acordo com a maior concentração de vida noturna e freqüentados por classe média e alta da cidade, formadores de opinião, pois de acordo com ela, cria maior impacto, inclusive na mídia. Na segunda semana, as equipes usaram a Sidepack, a máquina que mede os níveis da poluição tabagística ambiental (PTA), tendo apoio da ACT. Quando a equipe analisou os níveis de PTA, tomou um susto: estão altíssimos, com diversas boates tendo alcançado taxas de poluição muito acima da classificação de extremamente nocivo. veja matéria abaixo

Paralelo às ações, também foram feitas capacitações em hotéis, restaurantes, bares e boates. “O foco”, segundo Maristela, “tem sido prioritariamente na defesa da saúde dos trabalhadores, responsabilizando os empregadores, além de focarmos que o projeto é para fumantes e fumantes passivos, para diminuir resistências iniciais, desmistificando o mito da perda de clientes, priorizando o processo educativo, a fim de garantir a perenidade do projeto como uma conquista da sociedade”.

As críticas ocorrem, claro, por parte de alguns proprietários, preocupados com a perda de clientes e a inviabilidade de seu negócio, e com relação às multas que serão cobradas apenas ao estabelecimento. Os elogios, por outro lado, têm sido freqüentes, tanto dos trabalhadores do setor quanto dos freqüentadores. “Alguns lamentam que isso não tenha sido feito antes”, comemora. Ainda de acordo com Maristela, a boa aceitação do público está relacionada à queda da prevalência de fumantes na população de Recife, de 28% em 1989, para 18% em 2003.

Apesar de não terem tido contado direto com representantes da indústria nestas ações, Maristela disse que um gerente de boate contou que um representante de uma grande empresa de cigarros havia telefonado para o proprietário para questionar porquê uma propaganda de uma de suas marcas havia sido retirada da pista de dança, alegando quebra de contrato. “E ele ainda teria solicitado que a boate exigisse de nós a colocação de um informe por escrito, solicitando a retirada dos materiais publicitários. Nós entregamos a lei 9294/96 e também a resolução RDC 15/03, da Anvisa, que delimita o que significa a expressão ‘apenas nos pontos internos de venda’”.

A perseverança, para Maristela, foi a maior lição destas ações. Ela explica: “A perseverança é um fator fundamental para se conseguir alcançar os objetivos propostos. E de como o processo educativo pode influenciar na direção de uma mudança de comportamento na sociedade, baseada na conscientização das pessoas.”

Como desafios, ela destaca a manutenção das ações de supervisão, fiscalização e controle, a ampliação do processo de formação continuada para outros espaços da sociedade e dos estabelecimentos livres de fumo.

ACT Em Ação
• ACT no Smoke Fellowships Program: A representante da ACT em Porto Alegre, Marina Seelig, meteorologista especialista em ventilação, ganhou uma bolsa da American Cancer Society (ACS) para participar do programa “Smokefree Fellowships”, no Arizona, EUA, em abril. Segundo email da ACS, o comitê organizador ficou impressionado com seu currículo e acredita que ela poderá agregar valor tanto ao programa quanto aos demais participantes e à organização.

• Conferência no Equador: A representante da ACT no nordeste, Daniela Guedes, participou do Encontro de Atualização na Implementação e Monitoramento da Convenção Quadro para o Controle do Tabaco, no Quito, Equador, entre 21 e 23 de janeiro, em nome da ACT. O objetivo foi avaliar a situação do controle do tabaco na região e elaborar uma lista de ações prioritárias para a implementação e monitoramento da CQCT para os estados parte e a adesão dos países que ainda não fazem parte do tratado. O encontro foi patrocinado pela Associação Canadense do Pulmão e pela Framework Convention Alliance.

• Medição da PTA em Recife: A Secretaria Municipal de Saúde do Recife, junto com a ACT, fez uma pesquisa sobre a qualidade do ar em estabelecimentos da indústria da hospitalidade, com a fiscalização de 15 casas, entre bares,
restaurantes e boates. O objetivo foi verificar a Poluição Tabagística Ambiental (PTA) e identificar ambientes que têm um bom nível de ar e outros que são extremamente nocivos, onde pessoas com problemas cardíacos ou respiratório, idosos e crianças não podem freqüentar. Um relatório com o resultado da medição sairá em breve.

• Fact-Sheets: A ACT está com um novo fact-sheet, sobre as estratégias mentirosas da indústria do tabaco, expostas em sentença judicial. O texto mostra que desde a década de 60 a indústria tinha conhecimento sobre os males do tabaco e das substâncias cancerígenas contidas na fumaça e mesmo assim, seguiu em frente, negando todas as evidências e providenciando soluções enganosas para continuar vendendo seu produto. Os demais fact-sheets da ACT foram atualizados. Para acessá-los, clique em www.actbr.org.br/factsheets

• Seminário na PUC/SP: Em 27 e 28 de fevereiro, das 19h às 22h30, a ACT estará promovendo um seminário na PUC sobre as práticas da indústria. Em breve estaremos enviando convite a todos os participantes da ACT.

Oportunidades
• 14ª Conferência Mundial Tabaco ou Saúde – Índia
Estão abertas as inscrições para a conferência, que acontecerá depois de 12 anos em um país em desenvolvimento, que lida com um espectro amplo de temas relativos ao controle do tabaco, desde a produção ate o consumo. Mais informações na página: WWW.14wctoh.org
• Campanha pela alteração da lei 9294/96
A ACTbr continua recebendo assinaturas relativas à petição de apoio à mudança da Lei 9294/96. Gostaríamos de atingir a meta de 50.000 assinaturas, no mínimo, e para tal renovamos o pedido de participação de vocês. Clique aqui: www.actbr.org.br/campanhas
• Vaga para Comunicação
O Tobacco Free Initiative (TFI), programa da Organização Mundial da Saúde, está recrutando candidatos à vaga de Communication Officer, em Genebra, Suíça. O selecionado será responsável por gerenciar e coordenar as atividades de comunicação. O prazo para inscrição vai até 14 de fevereiro e as inscrições podem ser feitas no link: https://erecruit.who.int/public/

Nova enquete
Uma nova enquete já está no ar. É sobre a decisão da justiça de acolher ação do Ministério Público do Trabalho para proibir a Souza Cruz (e será estendida a outras tabageiras) de submeter empregados à degustação de cigarros.

A última, sobre uma decisão histórica da justiça, que condenou a Souza Cruz a indenizar familiares de fumante mortos em decorrência do tabagismo, teve como resultado:

• A indústria do tabaco vai ter que pagar pelos males do fumo, os quais escondeu durante anos, e só revelou depois que foi obrigada por lei – 53,75%

• A indústria do tabaco deve pagar pelos fumantes mais velhos, época em que os males do tabagismo não eram conhecidos, mas não pelos males causados em fumantes mais novos, já que os riscos são amplamente conhecidos – 12,50%

• A indústria não tem que pagar indenizações, pois fumar é questão de escolha pessoal. – 33,75%

NOTICIAS - Justiça proíbe Souza Cruz de submeter empregados à degustação de cigarros
Fonte: Assessoria de Comunicação Social da Procuradoria Regional do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro), 18/01/08
A Souza Cruz está proibida de submeter seus empregados à degustação de cigarros com o intuito de avaliar o próprio produto e o dos concorrentes. A decisão é da 1ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (1ª Região) em ação na qual o Ministério Público do Trabalho alegou violação, por parte da empresa, à legislação relativa à saúde do trabalhador ao utilizá-lo como provador de substância cancerígena e causadora de dependência química.
A Souza Cruz foi condenada a pagar R$ 1 milhão por danos morais coletivos. Os valores serão revertidos ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT).
A ação civil pública foi proposta pelos procuradores do Trabalho Valéria Sá Carvalho da Silva Corrêa, Cynthia Maria Simões Lopes, Juliane Mombelli e André Riedlinger Teixeira, em 2003. A 15ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro decidiu pela procedência da ação do MPT. A sentença foi agora confirmada pelo TRT/RJ.
(...) “A situação apresentada desafiou a intervenção do Ministério Público do Trabalho na qualidade de guardião da ordem jurídica e dos direitos sociais e indisponíveis dos trabalhadores, pois a Souza Cruz viola todo o arcabouço jurídico de proteção à saúde do trabalhador. A decisão judicial é exemplar, pois acolhe a fundamentação do MPT no sentido de que os direitos fundamentais devem ser interpretados e aplicados de maneira a oferecer, acima de tudo, a devida tutela àquele que se encontra no ápice do ordenamento jurídico: o homem”, disse a procuradora Valéria Sá Carvalho da Silva Corrêa.
De acordo com a decisão do TRT/RJ, a empresa também deverá prestar assistência por 30 anos a cada um dos trabalhadores que desempenham ou desempenharam a função de provadores de cigarros, bem como realizar exames médicos periódicos, tratamento médico e hospitalar e pagamento das despesas necessárias a aqueles que submeteram à função.
COMENTÁRIO ACT
A decisão que proibiu a Souza Cruz de utilizar experimentadores em suas fábricas e a condenou a pagar indenização por danos morais coletivos ao Fundo de Amparo ao Trabalhador é emblemática pois, através de ação coletiva que beneficiará todos os funcionários da empresa nesta situação, reconheceu-se os malefícios do cigarro e protegeu-se uma das categorias de trabalhadores diretamente ligadas ao assunto (há muitas outras, como os garçons por exemplo). Isso mostra não só maturidade de parte do Poder Judiciário, mas confirma um caminho sem volta de mudança de paradigmas na jurisprudência brasileira, tanto para ações individuais quanto para outras ações coletivas.

Canal Inglês lança ‘Big Brother’ anti-tabagista, em que crianças tentarão curar pais fumantes
Fonte: Globo.com, 20/01/08
Pegue o "Big Brother" e dê ao programa um toque anti-tabagista: assim é "The Smoke House" ("A Casa da Fumaça"), atração que o CBBC, canal infantil da rede inglesa BBC, vai lançar em fevereiro.

Em "The Smoke House", crianças irão trancar seus pais fumantes em uma casa. Lá, eles ficarão confinados por um mês, com o objetivo de parar de fumar.
Durante o período em que estiverem na casa, os pais viverão sob regras estipuladas pelos filhos, e enfrentarão desafios como tentar fazer uma campanha publicitária contra o fumo. Os participantes do programa contarão com um psicólogo infantil, atletas e preparadores físicos para auxiliá-los.

Além de tentar ajudar os pais que estiverem na casa, o objetivo de "The Smoke House" - já apelidado de "Cig Brother" -, claro, é o de prevenir as crianças contra os malefícios do fumo, preocupação pertinente na Inglaterra: segundo pesquisas, metade das crianças que têm pais fumantes acabam adotando o vício.

Fetraf-sul defende contratos coletivos entre fumicultores e fumageiras
Para melhorar as condições de trabalho, renda e comercialização, a Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) vai trabalhar para a criação de um contrato coletivo dos 45 mil fumicultores de sua base com as fumageiras nos três estados do Sul. “Estamos trabalhando nesta perspectiva porque acreditamos que os contratos individuais são degradantes para os agricultores familiares e restringem as opções dos fumicultores”, afirma o coordenador Geral da Fetraf-Sul, Altemir Tortelli.
A Fetraf-Sul também está acompanhando a atuação dos Ministérios Públicos (MP) do Paraná e Santa Catarina que entraram na justiça contra onze indústrias fumageiras gaúchas pela forma de contrato que mantêm com os fumicultores nos dois estados. O Ministério Público ataca o sistema integrado de produção. Nas ações civis públicas, ele exige o fim dos contratos individuais com os agricultores e o reconhecimento do vínculo empregatício, com o pagamento dos direitos trabalhistas. A desobediência pode resultar em multa de até R$ 10 mil em cada caso.
O secretário Geral da Fetraf-Sul, Marcos Rochinski, destaca outra questão importante para os fumicultores que são os preços pagos pelo produto pelas multinacionais. “Não é admissível a diferença de preço pago aos agricultores no Brasil se comparado com os preços pagos pelas mesmas empresas em outros paises que chega até 10 vezes mais”. No Brasil o preço chega a pouca mais de U$ 1,00 o quilo, nos Estados Unidos o preço varia de U$ 4,00 a U$6,00 e em alguns países da Europa o valor pode chegar a U$ 10,00.


Para mais informações:
Coordenador Geral da Fetraf-Sul, Altemir Tortelli – 54 99233249
Secretário Geral da Fetraf-Sul, Marcos Rochinski - 42 99179289
Assessor Técnico da Fetraf-Sul, Albino Gewehr – 49 99752071

Fumantes consomem uma casa em 30 anos, mostra consultor
Valor gasto com o vício seria suficiente para comprar um imóvel.
Poupar pequenas quantias pode ajudar a realizar metas a longo prazo.

Além dos comprovados danos a saúde, o cigarro causa problemas ao bem-estar financeiro, alega o consultor Reinaldo Domingos. De acordo com ele, o prejuízo pode equivaler ao valor de um imóvel com o passar dos anos.

“Se pegarmos um maço de cigarro a R$ 2,75 e capitalizarmos a juros de 1% por 30 anos, teremos aproximadamente, R$ 288 mil de provável economia, não apenas para o bolso, mas para a saúde,” explica Domingos à "Agência Brasil".

Apesar de o Banco Mundial calcular em cerca de US$ 200 milhões por ano os prejuízos com cigarro para as economias dos países, o consultor ressalta que não são feitas abordagens para demonstrar os prejuízos financeiros individuais causados pelo tabagismo.

Segundo o consultor, poupar pequenas quantias, como os gastos com o fumo, pode ajudar a realizar metas e objetivos a longo prazo. "Ás vezes, a pessoa não consegue comprar uma casa. Vou dar um exemplo: tem casa que custa R$ 100 mil. Você fumando por 20, 30 anos pode comprar duas ou três casas desse valor", afirma.

Para Domingos, grande parte dos problemas financeiros dos brasileiros é provocada pela cultura de consumo imediato, sem a preocupação de guardar dinheiro. Segundo ele, 70% dos brasileiros economicamente ativos têm dívidas com cheque especial, cartão de crédito ou empréstimos, com um valor médio de R$ 1,5 mil.

Bares e restaurantes estarão livres do fumo
Fonte: JC on line, 17.01. 08
É proibido fumar. Isso é o que dirão os avisos em hotéis, bares, boates, restaurantes e motéis do Recife a partir de 12 de fevereiro, quando os estabelecimentos tornam-se livres do fumo. Um convênio entre a Secretária de Saúde, a Procuradoria Regional do Trabalho e a Vigilância Sanitária obriga o cumprimento da lei de número 9.294, de 1996, que proíbe o uso e a propaganda de derivados do tabaco em recinto coletivo, privado ou público. A fiscalização coincide com a ruidosa restrição de cigarros na França, que atingiu os famosos cafés parisienses, verdadeiros cartões postais da fumaça.
(...) A novidade é que o fumo passa a ser tratado como problema de saúde ocupacional. O empregado não pode ser obrigado a se expor à fumaça do cigarro. Segundo Antônio Noronha, vice-presidente Sindicato dos Trabalhadores em Comércio Hoteleiros e Similares de Pernambuco, será uma lei difícil de implantar. “Os bares e restaurantes estão reclamando porque eles temem que a lei prejudique o movimento. Se isso acontecer, será apenas no início, com o choque da medida. Depois tudo voltará ao normal”, afirmou. Noronha ressaltou que o sindicato nunca recebeu reclamação dos seus associados em relação à exposição ao cigarro.
(...)POLUIÇÃO

Nos meses de novembro e dezembro, a Secretaria de Saúde do Recife, em parceria com a ONG Aliança de Controle de Tabagismo no Brasil (ACTBR), realizou uma pesquisa sobre a qualidade do ar em estabelecimentos de entretenimento. Ao todo, 15 casas foram fiscalizadas, entre bares,
restaurantes e boates. (...) A pesquisa visou verificar a fumaça ambiental de tabaco (FAT), a mistura de gases, vapores e partículas provenientes da queima do tabaco no ato de fumar. Ela é composta pela fumaça que sai da ponta do produto (cigarro, charuto, cachimbo, narguilé, etc.) quando ele não está sendo tragado e pela fumaça exalada pelo fumante. Essa medição verificou ambientes que têm um bom nível de ar e outros que são extremamente nocivos, onde pessoas com problemas cardíacos ou respiratório, idosos e crianças não podem freqüentar. Na lista dos extremamente nocivos: Jardins, Downtown e a Fashion Club, a casa que teve maior pico de fumaça ambiental. (...)
Para ler na íntegra, clique aqui.

Área para fumantes poderá ser proibida em ambiente fechado
Fonte: Agencia Câmara
29/01/2008
O Projeto de Lei 2035/07, do deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE), proíbe o uso de cigarros, cigarrilhas, cachimbos e charutos em ambientes coletivos, mesmo que seja uma área restrita para fumantes. Segundo o autor da proposta, os chamados "fumódromos" são considerados pela Organização Mundial da Saúde uma falsa proteção.

O deputado ressalta que diversos estudos demonstram que a fumaça aspirada pelo não-fumante apresenta níveis 8 vezes maiores de monóxido de carbono, 3 vezes maiores de nicotina e até 50 vezes maiores de alcatrão, nitrosaminas e outras substâncias cancerígenas do que a fumaça tragada pelo próprio fumante. "O fumo tem de ser banido totalmente de ambientes fechados", defende.

Gomes de Matos afirma também que, segundo dados da OMS, os fumantes passivos correm risco 23% maior de desenvolver doença cardiovascular e 30% maior de desenvolver câncer de pulmão. E o pior, segundo ele, é que os fumantes passivos são cerca de 80% da população.

O parlamentar lembra ainda que o tabagismo mata 5 milhões de pessoas por ano no mundo, dais quais 200 mil no Brasil. "Na gestação, o fumo está associado a maior risco de aborto espontâneo, morte perinatal, prematuridade e recém-nascido de baixo peso", diz.

Tramitação
O projeto tramita em regime de prioridade e terá análise conjunta com o PL 4846/94. As proposta foram enviadas às comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; de Educação e Cultura; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Elas também terão de ser votadas em Plenário.

Fume se você os tiver: Imperial Tobacco está com 100 anos
Fonte: National Post, 11/01/08 (tradução livre ACT)
A Imperial Tobacco Canadá, subsidiária da British American Tobacco desde 2000, celebra seu centenário este ano. Ela é a maior empresa de tabaco do Canadá em termos de mercado. De acordo com estatísticas da Associação de Direitos dos Não Fumantes, a Imperial tem 50% do mercado canadense, seguida pela Rothmans, com 30%, e JTI-MacDonald, com 12%. Uma coletiva de imprensa, agendada para anunciar as celebrações, foi cancelada por causa do mau tempo.
Em sua declaração, o CEO da empresa, Benjamin Kemball, agradeceu aos milhares de empregados que fizeram da Imperial seu lar nestes 100 anos. Ele disse que a empresa continua “comprometida com os mais altos padrões de responsabilidade social” através de ações como a doação de pelo menos 1% dos lucros e apoio às artes, cultura, moda, serviços e esportes.
Segundo Kemball, o futuro terá desafios, mas a Imperial espera enfrentá-los com sucesso. “Para isso, devemos continuar a entender e identificar as necessidade dos fumantes adultos canadenses e ir ao encontro de suas expectativas”.
O que a maioria dos adultos fumantes precisa é de um estacionamento do lado de fora dos escritórios. Ironicamente, então, foi o mau tempo que cancelou a coletiva, marcada para ocorrer no estacionamento da Imperial, em Montreal.

Enterro de primeira classe para o 100o aniversário da Imperial Tobacco
Fonte: Lê Devoir, 12/01/07 (tradução livre da ACT)
As festividades do 100o aniversário da Imperial Tobacco azedaram. A empresa cancelou seu evento público, o governo se desassociou das comemorações, e foram justamente as manifestações dos grupos de controle do tabagismo que marcaram o centenário.
A ministra Marguerite Blais, membro do parlamento, iria participar do evento de esculturas de gelo, um dos marcos dos 100 anos da empresa. Mas ela cancelou a participação e o mau tempo forçou o cancelamento do evento. De acordo com a Imperial Tobacco, um conflito de agenda a forçou a não comparecer. No entanto, no gabinete da ministra, foi dito que por uma questão de princípios e bom julgamento, ela decidiu cancelar sua presença.
Para a Coalition Québécoise pour le Contrôle du Tabac, Ong que atua no controle do tabaco, a ministra estaria brincando com fogo se fosse ao evento: “Seria uma mensagem completamente contraditória”, disse Louis Gauvin, porta-voz do grupo.
A Ong organizou um protesto em frente à sede da Imperial Tobacco, que foi acompanhado pela organização Médicos por um Canadá Livre de Tabaco: “Achamos revoltante que uma empresa de tabaco celebre seu aniversário com balões e cumprimentos”, diz Gauvin. “Para nós, a única contribuição real da Imperial Tobacco são as centenas de milhares de mortes no Canadá nos últimos 100 anos, as doenças, o sofrimento, os enganos, as informações escondidas. Eles fizeram tudo que estava ao seu alcance para manter os privilégios do marketing de um produto essencialmente letal. Não há nada a celebrar”.

COMENTÁRIO ACT:
Estas duas matérias, traduzidas de jornais canadenses, mostram como a sociedade civil, no Canadá, está organizada para não aceitar mais que uma empresa de tabaco comemore seu aniversário fazendo um marketing em torno disso. O exemplo canadense mostra que autoridades não devem se envolver com nenhum tipo de evento promovido pela indústria, sob o risco de ‘queimar sua imagem’.
É preciso que esse movimento ganhe força em vários países do mundo, inclusive no Brasil, para que a indústria seja vista por todos como ela realmente é, independente das ações de marketing que resolva empreender.

Irresponsabilidade Social
Projeto prevê foto de desaparecido em carteira de cigarro
Fonte: Câmara dos Deputados, 08/01/08
As carteiras de cigarro poderão estampar fotos de pessoas desaparecidas ou foragidas da Justiça caso a Câmara aprove o Projeto de Lei 1193/07, do deputado Sérgio Moraes (PTB-RS). A proposta estabelece que a inserção deve seguir as seguintes regras:
- a foto precisa ser colorida, ter dimensão mínima do padrão 3x4 e ser afixada em local diverso ao destinado à informação sobre os males causados pelo fumo;
- a embalagem deve incluir o nome completo da pessoa retratada, bem como apelido ou codinome, se houver, de modo a facilitar a procura e a identificação;
- na carteira terá de haver orientação para que, em caso de reconhecimento, seja procurada a autoridade policial mais próxima;
- os lotes devem ser renovados em, no mínimo, 15 dias.
Responsabilidade
O projeto determina que a responsabilidade pela seqüência de fotos a serem impressas é dos órgãos incumbidos da centralização e divulgação, em âmbito nacional, dos registros de pessoas procuradas, priorizada a ordem de inclusão das informações em seus cadastros. No caso das pessoas desaparecidas, as crianças deverão ter prioridade.
(...)

COMENTÁRIO ACT
Este projeto não conta com o apoio da ACT e de vários ativistas em controle do tabagismo. Trata-se de uma iniciativa que vai contra um importante avanço na área da saúde pública, que é o de usar os maços para advertir os fumantes, e também os não fumantes, dos efeitos nocivos e mortais do tabagismo.
O maço dos cigarros sempre foi usado na estratégia de marketing da indústria do tabaco, com a promoção das logomarcas dos produtos, sempre tão bem criadas pelas melhores agências de publicidade, marketing e design do mundo, que pensam essas logos como ferramenta de identificação do produto com a identidade do fumante. Logo, é um ganho ostentar tal e tal marca.
Utilizar os maços de cigarros para alertar os cidadãos sobre os malefícios do fumo é de relevância extrema inclusive para o futuro do país e do mundo. O Estudo Global do Tabagismo entre os Jovens, realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 46 países, aponta a incidência entre esse público. Em muitos países, crianças de 10 anos já são viciadas em tabaco. Em 2002 e 2003, no Brasil, segundo a mesma pesquisa, a prevalência de experimentação entre estudantes de 12 capitais, ficou entre 36% e 58%, no sexo masculino, e 31% e 55% no sexo feminino. Esses dados servem para comprovar a magnitude do fumo como doença social, cujo impacto é ainda mais expressivo nas regiões em desenvolvimento.
As mensagens de advertências, as fotos e o número do disque-pare de fumar cumprem o papel de comunicação com o fumante e devem mostrar o contrário para o que precisam chamar a atenção do consumidor. Não faz sentido promover o uso do mesmo maço para colocar fotos de desaparecidos, já que também vai dar chance à indústria para que seja vista pela sociedade por um fato positivo, justamente por meio de um produto que mata um em cada dois usuários regulares.
A ACT acredita que as fotos e mensagens de advertência devem ocupar a maior área possível das embalagens de produtos de tabaco, em ambos os lados, e que o ideal é o preconizado pela CQCT, as embalagens genéricas, sem logomarcas, cores ou outros atrativos.

Ficha Técnica
Realização: ACT - Aliança para o Controle do Tabagismo
Apoio: HealthBridge - CIDA - IUATLD – TFK
Jornalista responsável: Anna Monteiro - anna.monteiro@actbr.org.br