Diabetes na mulher

14.11.17 - Folha de S. Paulo


Folha de S. Paulo

 Neste dia 14 de novembro é celebrado o Dia Mundial de Diabetes, uma campanha global da International Diabetes Federation (IDF) para conscientizar a população e post_autoridades de saúde dos cuidados necessários para prevenção e tratamento dessa doença, que acomete, só no Brasil, mais de 12 milhões de pessoas.

Levando em consideração uma média familiar de 4 pessoas, é possível dizer que quase 50 milhões de brasileiros são impactados, direta ou indiretamente, pela doença.

É difícil encontrar alguém que nunca tenha ouvido falar dessa doença. O diabetes tipo 1 acomete crianças, adolescentes e adultos jovens, não havendo até o momento nenhuma possibilidade de prevenção.

Compreende 10% dos casos, ao contrário do diabetes tipo 2, que representa os demais pacientes diagnosticados com essa enfermidade. O diabetes tipo 2 é possível de ser prevenido. Está associado ao ganho de peso e sedentarismo, e muito frequentemente com pressão arterial elevada, distúrbio do colesterol e triglicérides.

As complicações crônicas da moléstia incluem problemas de visão, rins e doença cardiovascular, que constituem a causa principal de internações hospitalares e de mortalidade nos pacientes com diabetes. O trabalho de conscientização se dá hoje em duas frentes: prevenir, evitando o seu aparecimento, e controlar, quando ela já está instalada.

Para 2017, o tema mundial escolhido pela Federação para a data comemorativa é "Diabetes em Mulheres". De acordo com a IDF, há 199 milhões de mulheres vivendo com a doença no mundo hoje. Estima-se que até 2040 esse número subirá para 313 milhões. O diabetes é a nona causa de mortes entre as mulheres, responsável por mais de 2 milhões de óbitos por ano no mundo.

Embora pouco discutida, a relação mulher-diabetes é preocupante por diversos motivos. A partir da menopausa, data da última menstruação, o corpo passa por uma série de transformações. Entre elas está o ganho de peso, principalmente na região da cintura. O aumento dos quilos eleva também o risco do diabetes.

Doenças frequentes em mulheres, como infecções urinárias e candidíase, podem ser indicativos do diabetes, uma vez que o açúcar eliminado pela urina eleva esses tipos de intercorrências. As enfermidades cardiovasculares também podem ser um primeiro sintoma do diabetes.

Pacientes diabéticas têm um risco dez vezes maior de apresentam transtornos no coração e circulação, e geralmente o desenvolvem mais precocemente e com um quadro mais grave.

A mulher pode desenvolver também o diabetes gestacional, quadro em que a paciente tem dificuldade de absorver o açúcar no sangue durante a gravidez. Uma consequência desse quadro é o nascimento de crianças com alto peso, geralmente superior a 4 kg.

A enfermidade se desenvolve e precisa ser controlada durante o período de gravidez. Após o nascimento, a doença regride. No entanto, gestantes que desenvolveram esse quadro têm um risco maior de ter a doença quando envelhecer. Por isso, é fundamental quem teve esse problema começar a fazer o controle e prevenção do diabetes o quanto antes, por meio de exames periódicos, mantendo o peso equilibrado e praticando atividade física.

Assim, quanto mais cedo o diabetes for diagnosticado, melhor será o seu controle, o que é fundamental para evitar complicações. Manter uma dieta equilibrada e fazer exercícios é uma importante forma de prevenir o aparecimento. Realizar exames periodicamente também.

Atualmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) fornece medicamentos que permitem o controle do diabetes. Há tratamentos mais inovadores que hoje não estão disponíveis no sistema público. No entanto, os medicamentos que estão ajudam a reduzir o impacto que o diabetes tem nos custos da saúde pública, não só com o tratamento específico dessa doença, mas também das suas complicações.

A assistência à saúde no sistema público, entretanto, carece de algo tão importante quanto o tratamento: especialistas com conhecimento técnico e médico para acompanhar os pacientes no longo prazo.

Estima-se que entre 2% a 3% da população diabética tenha acesso a especialistas. Há uma carência muito grande de formação médica para o tratamento do diabetes. É um transtorno que envolve diferentes especialidades médicas. Por isso, é preciso capacitar esses profissionais de áreas distintas a conhecerem mais sobre o diabetes, mesmo que a doença não esteja dentro do reino de enfermidades diretas sob sua competência.

É preciso criar mecanismos mais eficazes de transferência de conhecimento para que seja possível oferecer um tratamento mais adequado aos 12 milhões de brasileiros com diabetes. Controlar a glicemia, o peso corpóreo, o colesterol e a pressão arterial irá prevenir as complicações que oneram tremendamente qualquer que seja o sistema de saúde envolvido.

ANTÔNIO CHACRA é endocrinologista, diretor do Centro de Diabetes do Hospital Sírio-Libanês, diretor do Centro de Pesquisa Clínica em Diabetes da Unifesp e ex-vice-presidente da International Diabetes Federation



Link: http://bit.ly/DiabetesMulher

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