Cruzada contra o bacon: taxar carnes processadas evitaria 200 mil mortes ao ano, dizem cientistas

07.11.18


O Globo

Medida também poderia gerar economia anual de cerca de R$ 150 bilhões

Hambúrgueres com bacon Foto: Pixabay

OXFORD - Aumentar impostos sobre alimentos ultraprocessados como salsicha e bacon levaria, globalmente, a menos 222 mil mortes por ano, afirmam pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido. A medida seria ainda capaz de gerar uma economia anual de cerca de US$ 40 bilhões — o equivalente a R$ 150 bilhões. Isso se cada país do mundo adotasse uma taxa sobre esses alimentos com base nos níveis atuais de consumo de carne.

Segundo os estudiosos de Oxford, as mortes seriam evitadas por conta da redução de casos de câncer, doenças cardíacas, derrame e diabetes tipo 2.

Pesquisas anteriores da Organização Mundial da Saúde (OMS) já indicaram que carnes curadas, defumadas e outras carnes processadas são causadoras de vários tipos de câncer. A organização também considera "provavelmente verdadeiro" que a doença seja causada por carne vermelha comum — que também tem sido associada a doenças cardiovasculares.

— O consumo de carnes vermelhas e processadas excede os níveis recomendados na maioria dos países de alta e média renda — disse ao jornal britânico "Independent" o pesquisador Marco Marcomann, do Departamento de Saúde Populacional da Universidade de Oxford. — Isso está gerando impactos significativos não apenas na saúde das pessoas, mas também nos sistemas de saúde, financiados pelos contribuintes em muitos países, e na economia, que está perdendo força de trabalho devido a problemas de saúde e devido ao tempo que as pessoas gastam cuidando dos membros da família que adoecem.

Essas constatações levaram a inúmeros pedidos, em muitos países — como Reino Unido e Dinamarca, — de que seja feita uma taxação da carne, de maneira semelhante ao que é feito em relação aos cigarros, ao álcool e a outros produtos prejudiciais à saúde.

O sistema de taxação "não limitaria as escolhas", acrescentou o pesquisador Springmann, que também está envolvido no estudo britânico, mas ajudaria a diminuir o incentivo à compra de carne ultraprocessada e aliviaria a pressão sobre os sistemas de saúde. Ele espera que esses aspectos sejam considerados pelos governantes.

— Ninguém quer que os governos digam às pessoas o que elas podem e não podem comer — destacou ele. — No entanto, nossos resultados deixam claro que o consumo de carne vermelha e processada tem um custo, não apenas para a saúde das pessoas e para o planeta, mas também para os sistemas de saúde e a economia.

Para os Estados Unidos, por exemplo, que são uma nação muito carnívora, o estudo recomenda que os custos das carnes vermelhas aumentem em 34%, e o das carnes processadas em 163%. Enquanto isso, na Suécia, o imposto proposto faria os preços aumentarem em 27% e 185%, respectivamente.

Na China, o estudo recomenda um nível "ótimo" de impostos que encareceriam em 7% as carnes vermelhas e em 43% as processadas.

 

https://oglobo.globo.com/sociedade/saude/cruzada-contra-bacon-taxar-carnes-processadas-evitaria-200-mil-mortes-ao-ano-dizem-cientistas-23217629




VOLTAR



Campanhas



Faça parte

REDE PROMOÇÃO DA SAÚDE

Um dos objetivos da ACT é consolidar uma rede formada por representantes da sociedade civil interessados em políticas públicas de promoção da saúde a fim de multiplicar a causa.


CADASTRE-SE