Diabetes: um retrato desse desastre mundial

02.01.20


G1

Há dez anos a antropóloga Amy Moran-Thomas, professora do Massachusetts Institute of Technology (MIT), se dedica a pesquisas etnográficas para estudar o diabetes em seu contexto social: dentro das famílias e comunidades. Seu novo livro, "Traveling with sugar: chronicles of a global epidemic” (“Viajando com o açúcar: crônicas de uma epidemia global”), foi publicado mês passado e mostra o quadro desolador de Belize, país pobre da América Central cujos habitantes têm uma dieta alimentar baseada em arroz branco, açúcar branco e farinha branca. Em Belize, viajar com o açúcar é uma expressão utilizada para se referir a quem convive com o problema.

Amy Moran-Thomas e seu novo livro: "Traveling with sugar: chronicles of a global epidemic” — Foto: Divulgação

Amy Moran-Thomas e seu novo livro: "Traveling with sugar: chronicles of a global epidemic” — Foto: Divulgação

Amy Moran-Thomas e seu novo livro: "Traveling with sugar: chronicles of a global epidemic” — Foto: Divulgação

Ali, pacientes que precisam de insulina diariamente sofrem com cortes de energia que os impedem de manter o medicamento na geladeira. Os médicos aconselham que guardem os remédios em mercados próximos que disponham de gerador. “A imagem de garrafas de refrigerante estocadas ao lado de frascos de insulina não sai da minha memória”, diz a pesquisadora.

A Federação Internacional do Diabetes estima que 425 milhões de pessoas tenham a doença, mas esse total deverá chegar a mais de 600 milhões no máximo em duas décadas. De acordo com a entidade, as mortes causadas pelo diabetes superam as por HIV e câncer de mama somadas. Se os sintomas iniciais são fome e sede excessivas, as complicações a longo prazo podem ser devastadoras: acidente vascular cerebral, infarto, falência renal, cegueira, amputação de membros. “Há tanto lucro associado a produtos que levam a essa condição quanto dinheiro sendo ganho nos tratamentos para controlar a doença, de modo que fica difícil imaginar como interromper esse processo”, lamenta Moran-Thomas.

O drama não está circunscrito a nações pobres. Há 30 anos, a China estimava ter 1% de diabéticos. Hoje são 11%, quase o equivalente ao percentual dos Estados Unidos. Em números absolutos, o total é assombroso: 116 milhões de pessoas. O enriquecimento do país foi acompanhado pelo consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas com açúcar. Em Beijing, por exemplo, um quarto dos adultos está obeso. De acordo com reportagem da revista “The Economist”, o sistema de saúde não responde como deveria. Pesquisa realizada em 2013 descobriu que 65% dos diabéticos não sabiam da sua condição. Apenas um terço recebia tratamento, mas metade desse grupo não mantinha os níveis de glicose sob controle.

https://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/2020/01/02/diabetes-um-retrato-desse-desastre-mundial.ghtml




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