Estudo aponta que taxar carnes e embutidos pode diminuir mortes globais

10.11.18


Blog Menu do Dia - Luciana Mastrorosa

Um estudo publicado nesta semana pela publicação científica PLoS One, conduzido pela Oxford Martin School e pelo Departamento de Saúde Pública de Nuffield, ambos na Inglaterra, trouxe dados interessantes sobre como a taxação de carne ermelha e embutidos ou carnes processadas poderia ter impactos positivos sobre a mortalidade global.

O estudo partiu das informações da OMS (Organização Mundial de Saúde), que desde 2015 passou a classificar esse tipo de alimento como carcinogênico, ou seja, que pode contribuir para o desenvolvimento de câncer, além de outras  doenças metabólicas, como o diabetes. Em outras palavras, os pesquisadores fizeram uma projeção até 2020 para saber quantas mortes estariam associadas ao consumo desses alimentos e qual seria o impacto caso os preços desses produtos, o consumo tendesse a diminuir, assim como aconteceu com o cigarro no Brasil. Em outros países, como o México, já existem taxas similares para bebidas ricas em açúcar, como refrigerantes, ou na Dinamarca,  para alimentos com teores elevados de gordura saturada.

Dessa forma, os pesquisadores desenvolveram um modelo de projeção que mostrou que o consumo de carne vermelha, como a de boi, a de porco e a de cordeiro, estaria associado a 860 mil mortes globais em 2020. No caso do consumo de  embutidos, o número de mortes aumentaria para 1 milhão e 530 mil no mundo todo. De acordo com o estudo, as causas de mortalidade seriam acidentes vasculares cerebrais, doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e câncer colorretal.  Essas mortes impactariam mais as pessoas que vivem em países com rendas médias (64%) e desenvolvidos, de alta renda (32%), e menos nos moradores de países com rendas baixas (4%).

Associando-se esses dados a uma taxação sobre carnes vermelhas e processadas, com um aumento de preço médio de 4% para carnes vermelhas e 25% nas processadas, como os embutidos, o resultado mostrou que o consumo diminuiria e  levaria a substituições na dieta, com maior inclusão de aves. Com essa taxação, a projeção dos autores mostra que o número de mortes globais diminuiria 9%,  enquanto o custo para a saúde pública em decorrência das doenças provocadas pelo consumo desses produtos seria reduzido em 14%. Um ganho considerável. 

E como fica o Brasil? Esse foi um estudo realizado com dados globais. Como já contei anteriormente, o Ministério da Saúde brasileiro sugere a ingestão máxima de 300 a 500 g de carne vermelha por semana. Para a Organização Mundial da Saúde, o recomendável é ingerir esse tipo de alimento duas vezes na semana, alternando-o com outras fontes de proteínas, como pescados, aves e ovos. No caso dos embutidos, a recomendação é de que sejam consumidos esporadicamente, pois o risco atribuído a eles, como o desenvolvimento, é maior.

Porém, o Brasil é um dos países que mais consomem carnes no mundo, com cerca de 38,3 kg per capita por ano, considerando-se carnes de boi e de porco, bem populares por aqui. Assumindo-se que essas projeções sejam válidas, e que o numero de doenças crônicas não-transmissíveis tem aumentado no país (assim como no mundo) nas últimas décadas, talvez a taxação de certos alimentos "de risco" quando consumidos em excesso – não só as carnes e embutidos, mas também as bebidas ricas em açúcares, por exemplo – seja uma ideia a se pensar. 

Enquanto esse tipo de medida e seus impactos sobre a população e a economia são estudados, o melhor é mesmo sempre apostar em variedade e equilíbrio no que diz respeito à dieta diária. Consumir um pouco de tudo, principalmente alimentos frescos, in natura e de origem vegetal, ainda parece ser a melhor alternativa para manter o organismo saudável como um todo.

https://menudodia.blogosfera.uol.com.br/2018/11/10/estudo-aponta-que-taxar-carnes-e-embutidos-pode-diminuir-mortes-globais/




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