O fato de não fumar e não se expor à fumaça não te deixa livre das toxinas, diz estudo

09.05.18


O Globo

28/08/2006 - Marcelo Theobald - EXT SU - Dia nacianal de combate ao fumo. - Marcelo Theobald / Toxinas no cigarro têm potencial de disseminação difícil de conter

RIO- Uma pesquisa da Universidade de Drexel mostra que apesar de todos esforços para evitar o contato com toxinas produzidas pelo cigarro — seja deixando de fumar, ou mesmo com a implementação de leis que proíbem a prática em locais públicos —, elas continuam mais presentes que nunca no cotidiano das pessoas a partir da associação com outras partículas, como moléculas de aerosol.

O chamado fumo de "terceira mão", quando toxinas existentes se depositam em roupas ou outros objetos e ali permanecem, faz com que as substância entrem em circulação mesmo em lugares onde não há fumantes. E a associação delas com o aerosol aumentou potencialmente a disseminação de substâncias tóxicas.

— Embora muitas áreas públicas tenham restrições quanto ao fumo, incluindo fumar à certa distância de portas de entrada, edifícios para não fumantes e até proibições de fumar em algumas universidades, essas limitações geralmente servem apenas para proteger da exposição ao fumo passivo — afirma Michael Waring, que é professor da Faculdade de Engenharia de Drexel. — No entanto, o estudo mostra que o fumo de terceira mão, que pelo que vemos pode ser tão prejudicial à saúde quanto o fumo passivo, é muito mais difícil de evitar.

O estudo publicado na "Science Advances" identificou a ligação das toxinas do cigarro com partículas de aerosol que são onipresentes no ar, devido a isso, é muito mais fácil a disseminação das substâncias tóxicas do cigarro.

Para monitorar a circulação das toxinas, os cientistas observaram uma sala para não fumantes e compararam o ar externo com aquele circulado internamente. Nesse processo, os pesquisadores mediram os níveis de toxinas durante algumas semanas.

— Em uma sala de aula vazia, onde fumar não era permitido há algum tempo, descobrimos que 29% de toda a massa de aerosol interna continha espécies químicas de fumaça de terceira mão. Isso era obviamente bastante surpreendente e levantou muitas dúvidas sobre como a fumaça de terceira mão poderia ficar prolongadamente em uma sala ventilada e para não fumantes — disse Anita Avery, estudante de doutorado que trabalha com o químico atmosférico Peter DeCarlo, que também participou do estudo.

Depois de identificar esse percentual, os pesquisadores passaram a investigar como ocorria a transferência de substâncias tóxicas para o interior da sala por meio da simulação em laboratório da exposição ao fumo de terceira mão. Primeiro, bombearam fumaça de cigarro em um container, a fim de que as substâncias tóxicas fossem depositadas no local. Depois, bombearam a fumaça residual para fora do container e, em seguida, puxaram o ar externo para dentro do repositório a fim de eliminar qualquer fumaça.

Um dia depois, o ar filtrado havia circulado através do container e sua composição foi comparada com o ar externo que não passou pelo recipiente. Com esse experimento, os cientistas identificaram um aumento de 13% nas espécies químicas de fumaça no ar que circulou pelo container "infectado", o que demonstrou que, embora a fumaça tivesse desaparecido, ainda havia resíduo químico no local. Os pesquisadores identificaram que quando as substâncias tóxicas do cigarro estão em forma gasosa e são expostos a aerosóis líquidos, podem se concentrar em partículas. Para que os químicos produzidos pela fumaça do cigarro e depositados sobre superfícies como roupas ou mobília voltem ao estado gasoso, basta entrarem em contato com compostos como amônia, que são emitidos na respiração e encontrados em ambientes como banheiro.

— O que realmente descobrimos foi uma nova rota de exposição para o fumo de terceira mão, através de partículas de aerosol, que são onipresentes no ambiente interno — resumiu Peter DeCarlo.




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