"Obesidade é tratada com simplismo, mas é mais complexa", diz médica
14.08.19Ingrid Soares, Correio Braziliense
Apesar de reconhecer o cenário de aumento da obesidade, crescente no Brasil e no mundo, e ter o conhecimento de soluções para mudar o sistema alimentar em busca de uma alimentação saudável, há uma inércia política para tratar do problema de saúde pública. A informação é do professor de saúde global, Boyd SwinBurn, que participa do seminário “Os desafios da alimentação saudável no Brasil”, realizado no Correio Braziliense nesta quarta-feira (14/8).
SwinBurn acredita que esta inércia política acontece por três motivos e é um problema mundial. “Todo ano temos diversos relatórios que indicam soluções. Sabemos o que deve ser feito, mas não implementamos. Isso não é um problema brasileira, é um problema do mundo”, explica.
O professor da Universidade de Auckland explica que a falta de atitude dos governos passa por uma oposição feita pela indústria alimentar. “O sistema alimentar que criamos tem como foco principal o lucro e não os resultados. Isso acontece porque a economia política acaba priorizando os lucros ao invés da saúde”, avalia.
Por isso, o médico acredita que há relutância do governo em regular e tributar alimentos e produtos. “O governo prefere fazer ações mais amenas, geralmente porque há esse conflitos de interesses. Geralmente se apegam a educação alimentar para mudar esse cenário”, indica.
Boyd acredita que educação alimentar é vista como uma das principais soluções, mas explica que ela não não é tão eficaz sem maiores ações pública. “A educação é importante, mas não é muito poderosa sem uma maior intervenção política”, disse.
O professor também citou a falta de demanda pública por soluções como um dos motivos da inércia política. “A população apoio o incentivo a alimentação saudável, mas é um apoio silencioso. Não acontecem protestos sobre isso“, completou.