Vigitel 2021: DCNTs, Álcool e Atividade Física

vigitel 2021

A edição 2021 do Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) divulgou novas informações sobre diabetes, hipertensão, excesso de peso, obesidade, tabagismo, consumo de álcool, atividade física, alimentação e outros dados. A pesquisa foi realizada por meio de 27.093 entrevistas telefônicas com a população adulta (≥ 18 anos) das 26 capitais e do Distrito Federal.

A equipe da ACT se debruçou sobre os achados e, em uma série de três postagens no blog, destacará alguns pontos relevantes. Nesta, a primeira, falaremos sobre a prevalência de algumas doenças crônicas, o consumo de álcool e a prática de atividade física.

Doenças crônicas

Foram observadas frequências elevadas de pessoas com excesso de peso, obesidade, hipertensão arterial e diabetes:

  • Quase 60% da população apresentou excesso de peso
  • 22% declararam ter obesidade
  • Mais de um quarto (26,3%) referiu ter diagnóstico de hipertensão
  • 9,1% afirmaram ser portadores de diabetes

Comparando com o ano de 2019, houve crescimento destas condições de saúde durante a pandemia, tendência também observada nos últimos dez anos. 

Mesmo com frequências elevadas, não se descarta a possibilidade de os valores estarem subestimados, pois os dados de excesso de peso e obesidade são obtidos a partir da autodeclaração de peso e altura e os de hipertensão e diabetes não pressupõem exame diagnóstico, apenas o relato dos entrevistados. 

Também chamam a atenção as discrepâncias nas frequências dessas doenças segundo a escolaridade: de maneira geral, a prevalência é maior nos grupos com menor escolaridade, o que indica que essas doenças estão afetando mais as pessoas com pior situação socioeconômica:

  • No caso da diabetes, a frequência entre indivíduos com zero a 8 anos de estudo foi de 17,7%, maior do que entre pessoas com mais anos de estudo (9 a 11 anos – 6,8%; 12 anos ou mais – 5,1%)
  • Indivíduos com escolaridade entre zero e 8 anos de estudo também tinham maior frequência de hipertensão (44,6%), que era bem menor para níveis mais altos de escolaridade (9 a 11 anos – 21,9%; 12 anos ou mais – 17,1%)
  • A proporção de adultos com excesso de peso também aumentou com a diminuição da escolaridade, chegando a 63,0% na categoria entre zero e oito anos de estudo
  • Entre as mulheres, a proporção de obesidade aumentou com a diminuição da escolaridade, com o índice chegando a 28,2% entre as mulheres com até oito anos de estudo

Consumo de álcool

  • A prevalência do consumo abusivo de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias foi de 18,3%, sendo maior em homens (25,0%) do que em mulheres (12,7%). A partir dos 35 anos, a frequência diminuiu.
  • 5,3% dos indivíduos referiram conduzir veículo motorizado após consumo de bebida alcoólica, sendo essa proporção notadamente maior em homens (9,7%) do que em mulheres (1,6%). Essa condição aumentou com o nível de escolaridade.

Atividade Física

O Vigitel avalia as atividades físicas praticadas em quatro domínios: no tempo livre ou lazer, na atividade ocupacional, no deslocamento e no âmbito das atividades domésticas. Os indicadores denotam que a prática de atividade física cresce com o aumento da escolaridade, o que pode indicar maior acesso à atividade física entre pessoas com melhor situação socioeconômica.

  • Quase metade da população praticava atividade física insuficiente em 2021, chegando a 73% entre pessoas com 65 anos ou mais
  • A proporção de pessoas fisicamente inativas (que referem não ter praticado qualquer atividade física no tempo livre nos últimos três meses e que não realizam esforços físicos relevantes no trabalho, não se deslocam para o trabalho ou para a escola a pé ou de bicicleta e que não participam da limpeza pesada de suas casas) aumentou, chegando a 15,82% no geral. Considerando o estrato de menor escolaridade, o índice aumenta para 22%.
  • A proporção de pessoas que praticam atividades físicas no tempo livre (pelo menos 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana) entre zero e oito anos de estudo foi de 22,6%, entre 9 e 11 anos foi de 37,3% e com 12 ou mais anos de estudo foi de 47,3%

Nos próximos textos, falaremos sobre os índices de tabagismo e os dados relacionados à alimentação – continue acompanhando!

Bruna Hassan, Juliana Waetge e Laura Cury

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