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BOLETIM

Edição 70 - MARÇO de 2011

As duas consultas públicas da Anvisa estão suscitando todo tipo de especulações por parte da indústria e de seus aliados. 

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O  Boletim da ACT conversou com Roberto Iglesias, economista, especialista em impostos da Organização Mundial da Saúde

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• Revista do Tabaco

• Carta da sociedade civil

• Associação Paranaense contra o Fumo


A VONTADE DE CAUSAR POLÊMICA E DESVIRTUAR O DEBATE
Desde as primeiras semanas de 2011, as consultas públicas 112 e 117 da Anvisa vêm causando grande polêmica no Brasil.

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O editorial da revista Diálogos, da Souza Cruz, é um claro exemplo de que esta indústria não quer ser regulamentada de forma alguma.

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Juíza Gladys Kessler determina às empresas de cigarros que admitam publicamente que mentiram
New York Times, 25/02/2011

Anvisa mira PDV de cigarros em consulta pública
Meio & Mensagem, 14/02/2011

Empresas de cigarro acusadas de fazer campanha contra proibição da propaganda em PDVs na Inglaterra
The Guardian, 26/02/2011

Doença da folha verde do tabaco é relatada pela primeira vez no Brasil 
Correio do Brasil, 08/02/2011

Carta denúncia do uso abusivo de agrotóxicos na fumicultura
O Eco, 02/03/2011

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• Controle do Tabaco e o Ordenamento Jurídico Brasileiro

• Seminário de Direito Sanitário

• Tabaco e Mulher

• Consulta pública da Anvisa

Já está no ar nova enquete sobre melhor método para parar de fumar.

A última enquete, que perguntava se você apoia as consultas públicas da Anvisa em relação à regulação dos aditivos aos cigarros e às embalagens, teve como resultado:

Sim –    47,62%
Não – 52,38%


 

 

 

 
 


As duas consultas públicas da Anvisa estão suscitando todo tipo de especulações por parte da indústria e de seus aliados.  A alegação desses setores é que mais regulamentação – independente de quais sejam -  aumenta o mercado ilegal de cigarros no Brasil.  A indústria trabalha sempre com a teoria do caos. Se o fumo fosse proibido em ambientes fechados, geraria prejuízos para os donos dos estabelecimentos. Isso não aconteceu, nem nas cidades e/ou estados que implementaram ambientes livres, nem em nenhum país.

Da mesma forma, a indústria – apoiada por alguns parlamentares! – tenta impedir que o Estado cumpra seu dever de regulamentar as embalagens e a publicidade em pontos de venda, e a adição de sabores e aromas nos cigarros. A Abresi, Abrasel, Afubra e outras organizações apoiadas pela indústria do tabaco lançaram uma campanha publicitária contra as consultas públicas, dizendo que regulamentação vai fechar os estabelecimentos e os consumidores não terão como fazer escolhas. Fizemos um cálculo rápido e, em menos de uma semana, o investimento apenas em veiculação foi de mais de um milhão de reais, sem contar com os custos de contratação da agência de publicidade. Será mesmo que a Abresi, Abrasel & Cia estão com tanto dinheiro sobrando para fazer esse estardalhaço sobre uma medida que somente limita a exposição dos maços e atualiza as imagens de advertência? Eles continuarão a vender cigarros e, infelizmente, a publicidade continuará permitida no ponto de venda, o que é uma lástima para a saúde pública.

Em 2009, já havíamos mostrado como essas organizações, que estão listadas inclusive no relatório social da Souza Cruz, atuam. Na época, elas eram contrárias à lei antifumo de São Paulo. Veja mais informações aqui: http://www.actbr.org.br/uploads/conteudo/267_industria_tbc_associacoes.pdf

Essa mesma estratégia é usada em todos os países que tentam regulamentar os produtos. O jornal inglês The Guardian fez uma reportagem mostrando como a federação comercial local, representante dos comerciantes e varejistas na Inglaterra, vem fazendo um lobby pesado contra o fim da exposição dos maços nos pontos de venda. A federação é financiada pela British American Tobacco, que no Brasil é representada pela Souza Cruz. A campanha, segundo o jornal, tem sido tão bem sucedida que o governo está considerando manter alguns pontos de venda fora da restrição de propaganda.  A matéria, em inglês, está na seção Notícias.

O mito sobre o aumento da ilegalidade vem sendo tão explorado para evitar regulamentação que decidimos, nesta edição, detalhar mais essa questão do mercado ilegal. Por isso, nosso Perfil traz uma entrevista com um dos maiores especialistas no tema, o economista Roberto Iglesias, atualmente trabalhando na Organização Mundial da Saúde. A seção Economia do Tabaco também explica a questão do mercado ilegal no país, mostrando que até o momento nunca foram apresentados dados e evidências desse aumento. Aliás, todos os números são sempre fornecidos pela indústria do tabaco.

Aliás, as semelhanças na disputa pela alteração do código florestal e a resistência contra a adoção de políticas de saúde pública são muitas. Desde a classificação polarizada dos grupos envolvidos, ambientalistas vs. ruralistas e antitabagistas vs. produtores, até os argumentos utilizados para desqualificar as organizações que disputam por um modelo alternativo de produção que seja mais sustentável e saudável no longo prazo. Recentemente participei como ouvinte de um debate sobre o código florestal promovido pela SOS Mata Atlântica, onde constatei que os pressupostos dos ruralistas são os mesmos com os quais lidamos e podem ser divididos em três grupos: 1) caso o código florestal não seja alterado imediatamente milhões de agricultores terão sua produção inviabilizada 2) os ambientalistas são contra o progresso e desenvolvimento do país 3) é tudo um grande complô de interesses internacionais através de ONGs. O que está em jogo, na realidade, como no caso das medidas de controle do tabagismo, são os interesses econômicos de uma pequena minoria que tem o poder de eleger vários representantes no Congresso Nacional para defender e garantir seus interesses. Em resumo, a indústria do tabaco não quer ser regulada e os desmatadores profissionais querem anistia para seus enormes passivos ambientais. Caso prevaleça a lógica da concentração de poder na mão de poucos, quem perde é o Brasil. Em tempo: os ruralistas também usam os agricultores familiares como massa de manobra.

Em março, o livro “Controle do Tabaco e o Ordenamento Jurídico Brasileiro” será lançado em Porto Alegre, no dia 17, e no Rio, dia 31. Em 24 de fevereiro, ele foi lançado em São Paulo com bastante sucesso, o que esperamos repetir nas outras cidades. Quem puder ir, compareça. Será ótimo nos encontrarmos.

Boa leitura!

Paula Johns

 
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Roberto Iglesias, economista, especialista em impostos da Organização Mundial da Saúde

Com tantas notícias, nos últimos dois meses, abordando a regulamentação dos produtos de tabaco como gatilho para aumentar o mercado ilegal de cigarros, nada mais natural do que conversarmos com um dos maiores especialistas mundiais no assunto, o economista Roberto Iglesias, que atualmente trabalha na Organização Mundial da Saúde.  Professor da PUC-RJ, Iglesias foi consultor da ACT na área de Economia até agosto de 2010.

Nesta entrevista, Iglesias desmistifica a questão da regulamentação aumentar a oferta de produtos ilícitos, mostra que falta lógica a esse raciocínio, diz que parece haver outros interesses por trás desta situação e que há setores que não querem que as medidas para controlar o mercado ilegal funcionem.

ACT:  Temos visto com freqüência, nos últimos tempos, informações contraditórias dando conta que, se houver uma regulamentação maior dos produtos de tabaco, como das embalagens e dos aditivos, vai acontecer uma invasão do mercado brasileiro com produtos contrabandeados. Como o sr. vê essas alegações?

Roberto Iglesias: Como carentes de lógica. Qual é a conexão lógica entre a regulamentação dos aditivos e a maior oferta de produtos contrabandeados? Poderia até existir, mas os opositores da medida não a apresentaram. E se existir uma conexão, a solução não é deixar de regular o que é necessário regular ou o que precisamos fazer em função dos compromissos da Convenção Quadro. A solução é combater o contrabando, atuar diretamente sobre o problema.

Os opositores das medidas nos dizem resumidamente: estimulemos livremente o consumo de um produto que faz  mal à saúde porque, caso contrário, produtos contrabandeados passarão a ser consumidos. Uma afirmação que não tem fundamentação lógica e que é contrária à saúde pública, à preservação da saúde do povo brasileiro, que é uma função das autoridades.

 

ACT:  O sr. pode exemplificar essa falta de coerência?

RI: No caso das embalagens, por exemplo, não existe absolutamente nenhuma conexão. Porque uma imagem e uma advertência, que já existem em diferente tamanho, vão levar a consumir um produto contrabandeado?  Pode até estimular a decisão de deixar de fumar, mas não ir a um produto contrabandeado. E  o que os opositores não dizem é que se essa decisão se torna efetiva, vai diminuir o consumo de um produto nocivo, que vai fazer com que caiam as enfermidades relacionadas ao tabaco.  O que mostra que a medida é absolutamente correta e na direção das obrigações legais da Anvisa. A função das autoridades públicas não é preservar a rentabilidade e a produção de produtos nocivos para a população. Estes produtos devem ser regulados e controlados, e essa regulação deve mudar em função dos novos conhecimentos que se tem sobre os seus efeitos.

ACT:  Lemos, em jornais, que o Paraguai está em festa por causa das regulamentações e que vai inundar o mercado brasileiro com seus produtos.

RI: É necessário esclarecer que o produto paraguaio, por exemplo, também tem advertências e que as autoridades sanitárias e fiscais paraguaias estão lutando bravamente contra os interesses da indústria do país para avançar nesse sentido.  Com ajuda técnica da Organização Pan Americana da Saúde e nenhuma colaboração dos demais países da região, que são afetados pela oferta ilegal paraguaia.

ACT:  E no caso dos aditivos, previsto na consulta pública 112, o que poderia alterar no cenário brasileiro em termos de mercado ilegal?

RI: No caso dos aditivos, aceitemos o fato que de pode mudar parcialmente o sabor do produto fabricado no Brasil, o que requer uma fundamentação técnica que não tenho e que eles deveriam  apresentar e que, no entanto, não o fizeram.  Isso poderia  aumentar a demanda de produtos com os antigos sabores, que não seriam encontrados entre os produtos fabricados no Brasil, e poderia levar também à decisão de deixar de consumir.  Novamente,  parece que a medida é boa para a saúde pública e em linha com as obrigações das autoridades da saúde.  E contraria  a rentabilidade da produção de um produto nocivo, coisa que os opositores à medida sabem, mas que não utilizam, porque, convenhamos, ninguém se sensibiliza pela rentabilidade e o nível de produção de um produto nocivo, nem sequer os consumidores desses produtos.

ACT:  Mas o sr. acredita que haveria logo um aumento da demanda por produtos falsificados ou ilegais? Um fumante de Marlboro, por exemplo, iria para o mercado ilícito?

RI: A lógica volta a falhar porque aumento da demanda não quer dizer aumento imediato da oferta, e isto por duas razões. Primeiro, ainda que existam canais de distribuição da oferta ilegal, aumentar a disponibilidade do produto requer tempo e custos adicionais, não é automática essa resposta,  como argumentam os opositores à medida. Segundo, não necessariamente vai acontecer, especialmente se as autoridades públicas dedicarem recursos para combater a oferta do produto contrabandeado.  A questão de política publica deve ser formulada assim: se há um efeito colateral pela medida correta de aditivos -algum aumento da demanda de produtos contrabandeados -,  a solução não é deixar de fazer uma medida correta para a saúde pública, mas atacar o problema do efeito colateral, neste caso contrabando, que convenhamos já está há bastante tempo entre nós.  

ACT: Se a questão não é deixar de regular os produtos do tabaco, mas controlar a oferta ilegal de cigarros no país, o Brasil nos últimos anos vem adotando medidas importantes para combater o mercado ilegal, como a adoção de mecanismos para controlar a produção e fechamento de fábricas ilegais. Essas medidas são importantes, mas o mercado ilegal é um problema regional, especialmente, devido ao comércio de cigarros oriundo do Paraguai. Quais seriam as ações e estratégias para avançar em um controle mais efetivo?

RI: Para lidar com qualquer coisa, o primeiro passo é conhecê-la. E o primeiro problema que temos é que não sabemos o tamanho do contrabando de cigarros no país nem sua evolução. Ao não conhecer sua evolução no tempo, não sabemos como reage frente a medidas como as que estão sendo propostas ou a outras, como o aumento de preços.  Este é o primeiro problema a resolver na política pública de combate ao contrabando no Brasil, pois as autoridades são reféns dos argumentos e números que uma parte interessada, como é a indústria,  apresenta. Precisa-se de uma medição neutra do tamanho e da evolução do fenômeno. 

A ACT está propondo,  desde o seminário sobre o monitoramento de produtos do tabaco organizado em julho do ano passado, que as autoridades da saúde calculem o consumo total de cigarros e produtos de tabaco, a partir de suas pesquisas anuais sobre os fatores de risco para as enfermidades não transmissíveis, dos quais o consumo de tabaco é parte. É possível fazer isso a partir das pesquisas atuais sob a supervisão da Secretaria de Vigilância à Saúde (SVS), não envolveria grandes custos nem mudanças no formato dos inquéritos.  O consumo ilegal seria calculado como consumo total menos o consumo de cigarros que pagam impostos, cifra disponível no site da Receita Federal. 

ACT: E por que isto não está evoluindo como deveria?

A ACT solicitou uma audiência à Comissão para a Implementação da Convenção-Quadro (CONICQ) para explicar esta ideia e está esperando uma resposta,  as autoridades da saúde responsáveis pelo tema já foram contatadas, e as autoridades da Receita Federal, que também foram contatadas, concordam com a ideia. Agora é necessário tomar a resolução de implementá-la e isso cabe à CONICQ e ao Ministério da Saúde.

O segundo elemento é o diálogo e a cooperação com as autoridades paraguaias responsáveis pelo tema. E isso é importante e necessário por duas razões. Em primeiro lugar, as autoridades fiscais do Paraguai estão dispostas a trabalhar sobre o tema, aumentaram a carga tributária do cigarro - essa decisão está na justiça no momento-, e estão implementando mudanças no controle fiscal da produção. Isto é inédito na história recente do país vizinho e mostra às autoridades brasileiras que há receptividade para discutir o problema com o Paraguai.  Mais ainda, desde fevereiro de 2009, as autoridades paraguaias estão dispostas a conversar sobre este tema com as autoridades brasileiras. 

A segunda razão do diálogo e a cooperação serem fundamentais é porque resulta mais eficaz e barato controlar o fenômeno no Paraguai do que tentar pôr recursos em toda a fronteira comum. Há que controlar a produção de cigarros no Paraguai e, ainda que seja difícil, porque as empresas são numerosas e poderosas, sem controle da produção, será ainda muito mais duro controlar o contrabando depois de ultrapassada a fronteira.

ACT: A Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco prevê a negociação do tema do mercado ilegal entre as Partes através do Protocolo de Comércio Ilícito. Como este Protocolo pode contribuir para a redução do mercado ilegal?

RI: Eu diria que é fundamental porque criará uma metodologia comum para tratar da produção e o comércio ilícito de cigarros, definiria as condições mínimas para controlar o registro das firmas, a produção e a verificação dos clientes.  Hoje em dia, as firmas paraguaias afirmam que vendem a distribuidores no mercado doméstico e pagam imposto por isso – claro que quantidades superiores a três vezes o mercado paraguaio-, mas o que fazem esses distribuidores com os cigarros não é responsabilidade das empresas produtoras. Uma vez aprovado o protocolo, isso já não será possível, porque as firmas produtoras serão responsáveis pelo não pagamento de impostos no destino final, e isso será possível  porque os cigarros conterão marcas obrigatórias para identificar o produtor.

Mas, dadas as disposições do artigo 15 da Convenção, o Brasil e o Paraguai não precisam esperar a aprovação do Protocolo para agir em forma conjunta. É possível, amparados nesse artigo, fazer um tratado de cooperação bilateral para dispor sobre o controle e a tributação dos cigarros em ambos os países e basicamente combinar o controle fiscal da produção no Paraguai, a autorização de venda no Brasil às firmas legalizadas e fiscalizadas no Paraguai e obviamente o pagamento de impostos internos no Brasil, coisa que hoje não acontece.

Temos que aceitar o fato que a indústria de cigarros existe no Paraguai, que ela não pode desaparecer, que seu principal mercado é Brasil e que os principais impactos negativos desta situação se dão no Brasil, já que o país perde os impostos e os consumidores locais  consomem mais, por ser um produto relativamente barato.  Esse comércio deve ser regulado,  os produtos devem pagar impostos na entrada ao Brasil para que seus preços sejam maiores. Para fazer esta regulação é que as autoridades do Brasil e do Paraguai devem dialogar trabalhar em forma conjunta.

ACT: E quem está interessando em que isso não funcione?

RI: Essa é a pergunta que cabe depois de dois anos de tentativas de ACT e de disposição do Ministério da Fazenda paraguaio para o diálogo. Obviamente, os contrabandistas, os intermediários ilegais e as firmas paraguaias são os primeiros suspeitos, mas eles não têm influência nas autoridades brasileiras. Há, porém, outros atores envolvidos nesta situação. E a situação que estamos vivendo nestas consultas nos dá uma pista da existência de beneficiários objetivos da permanência do contrabando: são aqueles que o utilizam para se opôr a toda medida de regulação do produto que sirva para a saúde da população brasileira. 

 
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Revista do Tabaco:  O Deser, em parceria com a ACT, lançou “Tabaco: Da produção ao consumo – uma cadeia de dependência”.  O objetivo é apresentar os diferentes aspectos que envolvem a cadeia produtiva do fumo, os números relativos ao mercado mundial, como produção, consumo, importações, exportações e oferta e demanda, os atores envolvidos nessa área. A revista também aborda questões relacionadas às inúmeras conseqüências do consumo e do cultivo do tabaco, como o tabagismo, o uso de agrotóxicos, a doença da folha do tabaco verde, o trabalho infantil e as conseqüências para o meio ambiente. A publicação está disponível aqui.

Carta da sociedade civil: A ACT e mais 41 organizações da sociedade civil apresentaram seu apoio às consultas públicas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária  de número 112, referente à proibição de aditivos, e 117,  sobre as embalagens e o material de propaganda de cigarro. Elas enviaram uma carta à Presidência da República, à Casa Civil, ao Ministério da Saúde e ao Congresso Nacional, demonstrando apoio às regulamentações. A carta está disponível aqui.

Associação Paranaense contra o Fumo:  A entidade reuniu, em 7 de fevereiro, convidados para uma tripla comemoração: 30 anos do Programa Estadual para o Controle do Tabagismo, um ano da lei antifumo do estado do Paraná e a posse de sua nova diretoria, para o biênio 2011/2012.

 
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Controle do Tabaco e o Ordenamento Jurídico Brasileiro: A ACT convida os membros da Rede para o lançamento  do livro, dia 17, em Porto Alegre, e 31, no Rio de Janeiro.  A publicação traz textos de especialistas em Direito, como  Adriana Carvalho, Guilherme Eidt de Almeida e Clarissa Homsi, da ACT, abordando diversos aspectos do tabagismo, como os tratados internacionais, a publicidade, a responsabilidade civil da indústria, o tabagismo passivo e a fumicultura. Ele teve coordenação de Clarissa Homsi e foi editado pela Lumen Juris Editora.  O livro foi lançado em 24 de fevereiro, em São Paulo.

Seminário de Direito Sanitário:  O evento, organizado pelo Centro de Estudos da Consultoria Legislativa do Senado Federal e pelo Programa de Direito Sanitário da Fundação Oswaldo Cruz, acontecerá em 23 e 24 de março, em Brasília. O objetivo é ampliar o debate sobre a produção normativa em saúde e temas relevantes dessa produção no contexto atual; e divulgar a produção acadêmica sobre Direito Sanitário no Legislativo Federal. O coordenador de Advocacy da ACT, Guilherme Eidt, vai participar de uma das mesas, fazendo uma apresentação sobre "Ambientes livres do tabaco: a atuação dos legislativos estaduais e do Congresso Nacional". Mais informações com o consultor legislativo do Senado na área de saúde, Luiz Carlos Romero: (61) 3303-3314.

Tabaco e Mulher: A PUC Paraná está oferecendo um programa de capacitação de pesquisadores interessados no tema “Tabaco em Mulheres: Módulo I – Aspectos e Contextos do Tabaco”.  A participação é gratuita e o curso é financiado pelo National Institute of Health (EUA). O curso será nos dias 18 e 19 de março. As inscrições podem ser feitas até 11 de março, no site www.pucpr.br/extensão. Mais informações no email tabagismopucpr@hotmail.com, ou pelo telefone (41) 9804-9493.

Consulta pública da Anvisa: Termina em 31 de março o prazo das duas consultas públicas em da Anvisa, CP 112 e 117/2010. A primeira é sobre proibição de aditivos como açúcares, aromatizantes, especiarias ou estimulantes nos produtos derivados do tabaco, e a outra aborda embalagens e materiais de propaganda dos produtos fumígenos.   A ACT mandou suas propostas em 8 de fevereiro. Para conhecê-las, acesse:  
http://www.actbr.org.br/uploads/conteudo/568_CP_112_Final.pdf
http://www.actbr.org.br/uploads/conteudo/569_CP_117_final.pdf

O endereço para mandar uma contribuição é:
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Gerência de Produtos Derivados do Tabaco
Avenida Graça Aranha 206, 2º andar, Centro – Rio de Janeiro – RJ, CEP 20030-001
fax 61-3462-6790 / e-mail: controle.tabaco@anvisa.gov.br.

 
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Juíza Gladys Kessler determina às empresas de cigarros que admitam publicamente que mentiram
New York Times, 25/02/2011
A Juíza Gladys Kessler está fazendo executar sentença onde determina às empresas que coloquem nos PDVs frases confessando que vêm mentindo desde a década de 1950.
http://www.actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=1844

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Anvisa mira PDV de cigarros em consulta pública
Meio & Mensagem, 14/02/2011
A visão do veículo, especializado no mercado publicitário, sobre as restrições da Anvisa à propaganda nos pontos de venda.
http://www.actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=1839

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Empresas de cigarro acusadas de fazer campanha contra proibição da propaganda em PDVs na Inglaterra
The Guardian, 26/02/2011
A federação comercial que representa os comerciantes e varejistas na Inglaterra vem fazendo lobby contra o fim da exposição dos maços nos pontos de venda. Ela é financiada pela British American Tobacco, que no Brasil é representada pela Souza Cruz.
http://www.actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=1853

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Doença da folha verde do tabaco é relatada pela primeira vez no Brasil 
Correio do Brasil, 08/02/2011
Em estudo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública, da Fiocruz, pesquisadores relataram pela primeira vez a ocorrência da doença da folha verde do tabaco no Brasil.
http://www.actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=1835

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Carta denúncia do uso abusivo de agrotóxicos na fumicultura
O Eco, 02/03/2011
Fumicultores de Santa Catarina denunciam violações a vários direitos e uso abusivo de agrotóxicos nas lavouras de fumo.
http://www.actbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=1852

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A VONTADE DE CAUSAR POLÊMICA E DESVIRTUAR O DEBATE

Desde as primeiras semanas de 2011, as consultas públicas 112 e 117 da Anvisa vêm causando grande polêmica no Brasil. Há um movimento de grande intensidade por parte da indústria do tabaco e seus representantes contra as propostas que estão sob a análise da sociedade neste momento. A Anvisa é o órgão federal que regula os produtos do tabaco, está em seu papel. As evidências indicam que os fabricantes de cigarro passaram décadas apresentando à sociedade e aos governos dados falaciosos, omitindo as evidências de danos à saúde e manipulando o design e o conteúdo dos cigarros para aumentar a dependência. A função do órgão regulador é impedir que essas ações e estratégias da indústria continuem matando 200 mil brasileiros ao ano e a iniciação de crianças e adolescentes.

Um dos argumentos da indústria do tabaco é o de que o mercado ilegal irá aumentar com a adoção das medidas. No entanto, ainda não foram apresentados à sociedade estudos técnicos que possam mensurar este aumento. Aliás, não há estimativas oficiais deste mercado em nosso país que sirvam de referência para afirmar que as medidas propostas pela Anvisa terão um expressivo impacto no mercado ilegal de cigarros.

Como exemplo, podemos citar o Canadá que adotou a proibição da exposição de cigarros em pontos de venda.  A indústria  chega a reconhecer em relatório que o governo tem sido ágil nas ações contra o contrabando, acarretando em um crescimento do mercado de cigarros legalizados no ano de 2010. Assim, a mesma regulamentação pode ser aplicada no Brasil, sem prejuízo para o mercado legalmente estabelecido no país.

Mas por quê o foco agora é no aumento do mercado ilegal que a própria indústria contribuiu para o surgimento? As evidências indicam que o crescimento do mercado ilegal de cigarros no Brasil está relacionado inicialmente ao movimento de exportações. A atividade ilegal no Paraguai se instalou e foi potencializada quando a indústria do tabaco nacional desenvolveu o esquema de exportação de cigarros legais e o retorno sob a forma de contrabando para o Brasil na década de noventa. Mesmo com a taxação das exportações de cigarros e de matérias-primas à alíquota de 150% em 1998, os agentes paraguaios que atuavam nesse mercado desenvolveram outras modalidades ilegais de comércio. As evidências indicam que o Paraguai transformou-se em um importador líquido de folha de fumo para processar cigarros que serão exportados ilegalmente para a região e o mundo.

O comércio ilegal no Brasil está relacionado com fatores associados à debilidade institucional no Paraguai, à dificuldade de controle e fiscalização por parte dos órgãos competentes, corrupção, falhas de comunicação, carência de recursos, morosidade e colisão de competências entre as autoridades e a presença do crime organizado. Esses fatores facilitam o não cumprimento das leis, reduzindo o custo e os riscos associados ao fornecimento de produtos ilícitos. O combate ao mercado ilegal também pressupõe a adoção de uma legislação nacional mais punitiva e a realização de acordos sub-regionais e regionais. A cooperação entre as polícias e serviços de inteligência tem como objetivo o desmantelamento de maneira articulada e integrada das redes altamente organizadas de distribuição, logística e transporte de produtos de tabaco ilegais para dentro do país, sobretudo oriundos do Paraguai.

O argumento histórico da indústria do tabaco é que o aumento de preços contribui para o aumento do mercado ilegal. Neste momento, além do aumento de preços, as medidas previstas nas consultas 112 e 117 também são geradoras de ilegalidade. No entanto, há exemplos de que as medidas de controle do tabagismo fazem o contrário. Por isso, é necessário um embasamento mais técnico da indústria do tabaco e de seus representantes em relação às afirmações que vêm sendo feitas. Esclarecer a sociedade favorece o debate e abre espaço para que as discussões sejam mais claras.

 
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Um Brasil mais justo

Fonte: Revista Diálogo, janeiro de 2011

Ao longo dos últimos anos temos acompanhado constantemente o aumento do percentual de cigarros de origem ilegal no total do produto comercializado no País. A estimativa mais recente, do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco), aponta que cerca de 27% do mercado de tabaco é dominado por produtos ilícitos. Isso significa que, anualmente, aproximadamente R$ 2 bilhões, em impostos, deixam de ir para os cofres públicos e abastecem o caixa de pessoas e organizações que não têm compromisso com a sociedade brasileira.
O cenário acima exposto preocupa a Souza Cruz, que é uma empresa com atuação centenária, com foco na sustentabilidade do seu negócio e gerida com o mais alto grau de governança corporativa. Diante desse quadro, a Empresa defende a adoção de medidas efetivas pelo Poder Público na proteção da indústria nacional, dentre elas a intensificação de políticas de repressão ao mercado ilegal.
A Souza Cruz também convida a todos para uma reflexão sobre a regulamentação excessiva do setor, que pode tornar-se um importante fator para fomentar o mercado ilegal de cigarros.
Por fim, renova seu compromisso histórico de responsabilidade social, que a transformou numa das maiores organizações do Brasil, capaz de recolher R$ 6,3 bilhões/ano de tributos, de gerar 7,2 mil empregos diretos, mais de 240 mil indiretos e renda em mais de 5 mil municípios. Vale destacar ainda que os produtos da Souza Cruz são comercializados em uma rede de 260 mil varejos e que a Empresa exporta 113 mil t/ano para os cinco continentes, trazendo para o Brasil divisas da ordem de R$ 1,4 bilhão/ano.

O modelo de mercado que a Souza Cruz defende funda-se na convicção de que todos os esforços devem estar direcionados à produção, ao trabalho, à geração de riquezas, enfim, à construção de uma sociedade mais justa e melhor para todos os brasileiros.

Comentário da ACT

O editorial da revista Diálogos, da Souza Cruz, é um claro exemplo de que esta indústria não quer ser regulamentada de forma alguma.

A empresa acha que já paga muito em impostos e que qualquer regulamentação fará aumentar o mercado ilegal. Sequer leva em consideração os gastos com saúde e aposentadorias precoces gerados por doenças relacionados ao tabaco. Segundo o Banco Mundial, a estimativa é que para cada dólar pago em impostos pela indústria do tabaco, os governos gastem de 2 a 3 dólares em saúde para tratar dessas doenças. A economista Márcia Pinto, consultora da ACT, em sua tese de doutorado na Fundação Oswaldo Cruz, fez uma estimativa na qual chegou ao custo para o SUS de mais de R$ 330 milhões, apenas com câncer (hospitalização e quimioterapia) e problemas dos aparelhos circulatório e respiratórios, em somente dois hospitais do Rio de Janeiro, o Hospital do Câncer e o Hospital de Cardiologia de Laranjeiras. Isso, evidentemente, é só a ponta do iceberg, pois sua pesquisa não considerou as demais doenças causadas pelo fumo e os diversos tratamentos, em todo o sistema de saúde do país, incluindo hospitais públicos e privados, e as aposentadorias.

Em relação ao mercado ilegal, mostramos ao longo desse Boletim, nas seções Perfil e Economia do Tabaco, que os argumentos da indústria do tabaco e seus aliados são mentirosos e carecem de evidências e, portanto, não vamos nos estender aqui nessa questão.

Vamos centrar nossa resposta  à afirmação de que a empresa quer a construção de uma sociedade mais justa. É exatamente o que nós, da área de saúde, queremos. E,  infelizmente, entendemos que nosso conceito de sociedade justa é bastante diferente do da indústria do tabaco.

Em dezembro, foi publicado o primeiro estudo brasileiro sobre a doença da folha verde, nos Cadernos de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz, que confirmou a existência da doença no Brasil. Até então, ela tinha sido descrita nos Estados Unidos, Índia, Japão, Malásia e Itália, mas não na América Latina ou no Brasil. A indústria jamais toca nesta questão.

É uma enfermidade caracterizada por intoxicação aguda de nicotina decorrente da absorção dérmica da substância a partir da folha da tabaco, comumente contraída por agricultores que trabalham no cultivo da planta. O registro foi realizado no Nordeste e os principais sinais e sintomas observados foram tontura, fraqueza, vômito, náusea e cefaleia.

A pesquisa, que envolveu trabalhadores de 11 municípios da região de Arapiraca, em Alagoas, identificou 107 casos da doença. O diagnóstico foi baseado em tês fatores: histórico de exposição ao cultivo de tabaco, análise clínica e verificação do nível de nicotina na saliva, sangue ou urina. Os resultados apontaram que em 77% dos casos os trabalhadores nunca foram fumantes. Somente 12% dos pacientes afirmaram fumar regularmente.

As evidências científicas apontam, ainda, para um número cada vez maior de doenças tabaco-relacionadas. Só nesses dois primeiros meses do ano, pesquisas mostraram o fumo como um fator de risco para o aumento da probabilidade de desenvolvimento de câncer de mama.

A OMS divulgou um relatório mostrando que, de 1950 (época em que as mulheres começaram a fumar, estimuladas especialmente pela propaganda focada na independência feminina) para cá, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão entre mulheres aumentou aproximadamente 800% nos Estados Unidos. Descreve-se que nas primeiras décadas do século XX esta era uma doença rara entre homens e mulheres. Com a produção de cigarros em larga escala e marketing de vendas, o consumo cresceu e com ele também os índices de câncer de pulmão.

Relatório da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (IARC/OMS - World Cancer Report, 2008) apontou que o câncer de pulmão é o mais incidente, com 1,52 milhão de casos novos no mundo. Devido ao mau prognóstico, o câncer de pulmão foi a principal causa de morte (1,31 milhões).  
Além disso, em janeiro a  revista American Chemical Society alertou que a fumaça do cigarro começa a provocar danos genéticos poucos minutos, não anos, após a primeira inalação. Este foi o primeiro estudo humano a detalhar a maneira como certas substâncias no tabaco causam danos no DNA ligados ao surgimento do câncer.

Portanto, quando você ouvir a indústria do tabaco brigando por uma sociedade mais justa, desconfie. Ela não está falando sério.

 

 
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Ficha Técnica

Realização: ACT - Aliança de Controle do Tabagismo
Apoio: IUATLD – TFK
Jornalista responsável: Anna Monteiro - anna.monteiro@actbr.org.br


 
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