EdiÇÃo 83 - Junho de 2012
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Em 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco, lançamos o primeiro estudo abrangente de custos diretos do tabagismo para a economia.
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A entrevista deste mês é com a médica Vera Luiza da Costa e Silva, uma das pioneira no controle do tabagismo no país, à frente da divisão de prevenção do Instituto Nacional do Câncer
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A Inflação do Cigarro
Em maio foram divulgados os índices de inflação ao consumidor pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontando os cigarros como principal vilão da subida dos preços no mês de abril
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O custo das doenças tabaco relacionadas para o país
A ACT lançou, no Dia Mundial Sem Tabaco, o maior estudo já feito no Brasil sobre custos das doenças relacionadas ao tabagismo.
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Em 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco, lançamos o primeiro estudo abrangente de custos diretos do tabagismo para a economia. Os valores gastos com tratamento de doenças causadas pelo tabagismo servem de alerta para o governo avançar ainda mais nas políticas de prevenção. A regulamentação da lei 12.546/11, sancionada em 2011 pela presidente Dilma, por exemplo, que trata da proibição do fumo em locais públicos e fechados, assim como a proibição da propaganda no ponto de venda, ainda está pendente. Que o tabagismo faz mal para a saúde todos já sabiam, mas o estudo demonstra que o tabagismo também faz mal para a economia, seja de quem fuma, seja do país. Quase 21 bilhões de reais gastos por ano somente com os custos diretos de tratamento de doenças causadas pelo fumo é um montante de uma grandeza que causa indignação. E não falo aqui de indignação com os fumantes, e sim com a indústria que privatiza os lucros e socializa o ônus de promover esse produto no mercado. Esse ônus é arcado por todos nós, fumantes e não fumantes.
Voltando à lei 12.546/11, por que tamanha demora na regulamentação? O compromisso por parte do Ministro da Saúde era que seria publicada por ocasião do Dia Mundial Sem Tabaco, mas até hoje não localizamos o trâmite dessa regulamentação na Casa Civil. Fontes diversas vêm sinalizando que a pressão dos tradicionais aliados da indústria do tabaco sobre outros setores do governo para um afrouxamento nas definições de ambientes fechados é grande. Lembremos que ninguém precisa inventar a roda, já temos leis eficazes e bem implementadas em vários estados brasileiros, basta regular seguindo o modelo das que já funcionam. A ACT entende que a responsabilidade por uma regulação eficiente dessa importante nova lei é do Ministro da Saúde. É a hora do Ministro Padilha demonstrar seu compromisso com a saúde pública e seu poder de articulação dentro do atual governo. Estamos vigilantes e curiosos para entender porque uma regulamentação relativamente simples está levando tanto tempo para ser finalizada. A cada dia que passa sem regulação e sem fiscalização milhares de trabalhadores brasileiros estão desnecessariamente expostos ao tabagismo passivo e milhões de jovens brasileiros continuam expostos à publicidade de cigarros em todas as esquinas do país. Em tempo: flexibilizações na regulação sobre a publicidade nos pontos de venda também estão na pauta da indústria.
O perfil dessa edição, com a Dra. Vera Luiza da Costa e Silva, liderança pioneira no controle do tabagismo no Brasil e no mundo, está imperdível, pois além de abordar os desafios que ainda temos pela frente, aponta caminhos e soluções para continuar mudando o paradigma do tabagismo no Brasil.
Na seção sobre economia do tabaco você pode acompanhar uma análise sobre a relação entre os cigarros e a inflação e questionamentos sobre a pertinência de se continuar utilizando o cigarro como indicador inflacionário. A propósito, essa discussão sobre mudanças de indicadores é um dos grandes temas a ser discutido no âmbito da Rio+20. E, por falar em Rio+20, não deixe de ler o documento elaborado pela CONICQ sobre a relação entre tabagismo e a agenda sócio ambiental, na seção OPORTUNIDADE. Está excelente.
Até o dia 15, todos nós podemos votar nos 100 temas mais impactantes para o desenvolvimento sustentável, que serão apresentados na Rio + 20, a conferência das Nações Unidas que acontece entre 20 e 23 de junho, no Rio de Janeiro. Acesse o link http://vote.riodialogues.org/?l=en e participe.
No Irresponsabilidade Social você encontrará informações mais detalhadas sobre o estudo de custos. Precisamos encontrar formas de fazer com que a verdadeira responsável por esse enorme custo social pague essa conta. Em resumo, privatizar lucros e socializar os prejuízos passa bem longe de responsabilidade social.
Boa leitura!
Paula Johns |
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DRA. VERA LUIZA DA COSTA E SILVA
A entrevista deste mês é com a médica Vera Luiza da Costa e Silva, uma das pioneira no controle do tabagismo no país, à frente da divisão de prevenção do Instituto Nacional do Câncer. Depois de um período no programa Tobacco Free Initiative, da Organização Mundial da Saúde, em Genebra, Vera está na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, como pesquisadora visitante vinculada ao Departamento de Estatísticas e Métodos Quantitativos em Saúde, sob supervisão do Professor Luiz Antônio Bastos Camacho. Dentre suas atividades na ENSP, está a organização de um grupo de colegas para o Centro de Estudos de Políticas de Controle do Tabaco (CETAB). Aqui, ela fala sobre seus vários projetos na Fiocruz e das doenças crônicas não transmissíveis, uma preocupação da saúde em nível mundial.
ACT: Quais são seus projetos para a Fiocruz?
Vera Luiza da Costa e Silva: Meus projetos com a ENSP/FIOCRUZ são muitos e estão todos vinculados ao suporte do corpo de pesquisadores e docentes da escola, que são de altíssima qualidade.
Queremos trabalhar com pesquisas em áreas essenciais ao país, apoiando a Comissão Nacional de Implementação da Convenção Quadro (CONICQ) e os ministérios que a compõe, como por exemplo, procurando conhecer melhor como e o que aflige os plantadores de fumo, população vulnerável cujo destino tem sido entregue nas mãos da indústria fumageira e de seus grupos de fachada e que tem sido abordada de forma inadequada pelos governos federais, estaduais e municipais. Queremos apoiar também o trabalho de fiscalização da ANVISA, por exemplo, oferecendo a eles informações sobre o cumprimento das leis de proibição da publicidade do tabaco e do álcool, estudando onde e como estão as brechas das leis e as falhas no seu cumprimento ou sobre o comportamento em relação ao uso de aromas e sabores nos produtos de tabaco oferecidos no Brasil.
ACT: Há algum projeto ligado a outros fatores de risco, além do tabagismo?
VLCS: Queremos também trabalhar com informação e treinamento, oferecendo cursos regulares de atualização no controle dos fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), de controle do tabagismo e quem sabe de especialização, no futuro, talvez através de programas de ensino à distância, se conseguirmos financiamento.
Queremos trabalhar com cooperação técnica, seja apoiando a CONICQ, INCA, ANVISA e Ministério da Saúde em suas atividades no país, seja participando de trabalhos colaborativos com universidades no Brasil ou fora dele, ou apoiando organismos intergovernamentais como a OPAS e a OMS e organizações não governamentais como a ACT no processo de prevenção das DCNTs, com destaque para o controle do tabagismo neste momento inicial, em que o CETAB se estabelece.
Como vocês podem ver, estamos cheios de ideias, no momento precisamos de recursos, parcerias sólidas e muito fôlego!
ACT: A Fiocruz está promovendo o Curso de Inverno, em julho. Qual o objetivo dele e público alvo?
VLCS: Sempre acreditei que investir em recursos humanos é a aposta mais certa na sustentabilidade de qualquer programa. Quando as pessoas se apaixonam pelo que fazem e entendem como e o que podem fazer pela qualidade de vida de seu município, estado ou país, todos os desafios ficam mais fáceis de serem enfrentados. Quando trabalhei no INCA, na prevenção do câncer, entre 1985 e 2000, procurei usar a estrutura lógica do SUS para capacitar recursos humanos dos municípios mais distantes do país aos mais populosos. Minha visão na época era a de que informando e treinando profissionais inseridos no SUS, teríamos a massa crítica que nos possibilitaria impulsionar leis, respaldar regulações e implementar atividades de impacto no controle do tabagismo. A experiência mostrou que este é um caminho que funciona e pretendo fazer o mesmo com o Curso de Inverno que começamos a oferecer este ano e outros cursos ou disciplinas que a escola e seu corpo de pesquisadores e professores se interesse em oferecer.
Ter um fórum regular de discussão e atualização, um berçário de novas lideranças na área, profissionais interessados propagando a promoção da saúde e medidas preventivas como um processo essencial na saúde pública do país. O público? Profissionais de nível superior interessados no tema – a ENSP é uma escola que trabalha na pós-graduação, de jornalistas a diplomatas, de profissionais de saúde a economistas, passando por administradores, sociólogos, agrônomos, geógrafos, historiadores, comunicadores, advogados, educadores, entre outros.
ACT: Fale um pouco sobre as doenças crônicas não transmissíveis, que começam a ficar mais conhecidas agora.
VLCS: É uma epidemia da qual o mundo ainda não se deu muita conta. O recente esforço da OMS de reforçar em um Fórum Global das Nações Unidas a necessidade de envolvimento dos governos e da sociedade como um todo para o controle deste grupo de doenças ainda não é suficiente. Grandes agências financiadoras e a maioria dos países ainda continuam vendo as doenças transmissíveis como o único problema que merece ajuda nos países em desenvolvimento. As metas do milênio sequer abordam as DCNTs, apesar de serem as que mais matam no mundo. Os recursos alocados para o controle das DCNTs é irrisório, da OMS até os países. Onde mais se gasta é no tratamento das doenças e não na sua prevenção. Mas a verdade é que as doenças crônicas não transmissíveis são o grande matador do século XXI e os custos de prevenção são infinitamente menores do que os do tratamento. E o tabagismo, o uso nocivo do álcool, a obesidade e a inatividade estão na raiz desta epidemia, alimentada também por interesses de multinacionais que tornam qualquer processo regulatório muito mais desafiador. Mas é preciso mover-se e regular produtos e atividades para reduzir a exposição aos fatores de risco e o adoecimento por DCNTs. Aqui, mais do que nunca, prevenir é melhor e muito mais barato do que remediar!
ACT: O que deve ser feito, no caso do Brasil, para que as DCNTs sejam controladas?
VLCS: O Brasil já vem trabalhando com muito empenho nesta área. O Plano de Controle das DCNTs 2011-2022 é um marco para o país e uma análise recente publicada no Lancet mostra que o controle do tabagismo e a organização da rede de atenção primária já começaram a surtir efeito na redução da mortalidade por este grupo de doenças. No entanto, muito ainda resta a ser feito. Intervenções populacionais que incluam o estímulo a hábitos alimentares saudáveis através da oferta com preços mais convidativos para frutas, legumes e verduras, uma rotulagem nutricional mais adequada aos produtos industrializados, a proibição da publicidade, promoção e patrocínio do álcool (incluindo cervejas em sua definição), entre outros. A atenção primária à saúde cada vez mais estruturada com medidas de informação e controle da hipertensão, da hipercolesterolemia (colesterol alto) e da hiperglicemia são essenciais. Na área de prevenção secundária, dar cada vez mais ênfase ao diagnóstico precoce da doença e de lesões precursoras do câncer de colo de útero, de mama, de próstata, da boca, entre outros. A rede de atenção básica deve estar preparada para diagnosticar e referenciar pacientes que precisem de tratamento e a rede hospitalar de alta complexidade pronta para receber e tratar estas doenças cada vez mais prevalente na nossa população. Finalmente, a reabilitação e o cuidado a pacientes fora de possibilidades terapêuticas atuais serão uma demanda crescente, especialmente considerando-se o envelhecimento da nossa população.
ACT: E sobre o tabagismo, como a sra. vê o momento atual: lei de ambientes livres de fumo aprovada, mas faltando regulamentação por parte do governo; aumento de IPI de cigarros; regulamentação de aditivos. Quais seriam os próximos passos?
VLCS: Vejo o trabalho do Brasil com muito otimismo. Já mostramos a que viemos e temos instituições fortes e de peso trabalhando no tema com resultados que estão entre os melhores do mundo. Mas muito ainda precisa ser feito. De imediato, com urgência, com o advento da nova lei, regulamentar os espaços livres de fumo, sem brechas para qualquer tipo de permissividade para o uso do tabaco em ambientes fechados, seguidas de protocolos de fiscalização bem conhecidos e aplicados pelos fiscais da Vigilância Sanitária.
Também, mesmo com a nova lei, temos que lidar com o marketing da indústria fumageira que continua presente no mercado. Como exemplo, os maços de cigarro ainda continuam sendo outdoors ambulantes e os pontos de venda, mesmo sem publicidade, ainda vão permitir que os maços de cigarros e outros produtos do tabaco sejam colocados ao lado de balas e doces de forma visível para o público infantil. Isto sem contar as campanhas de responsabilidade corporativa social e a publicidade indireta, ainda bastante visível.
Acho que o país merece uma regulamentação complementar, bem mais restritiva e um sistema de monitoramento das estratégias de marketing da indústria fumageira, o que ainda se encontra em fase bastante inicial. Na verdade, os produtos do tabaco merecem ter seu acesso muito mais restringido – a pontos de venda selecionados e com os impostos e preços muito mais altos, bem além do que já foi conquistado pela lei para os próximos cinco anos.
ACT: Mais desafios, não?
VLCS: Novos desafios incluem o combate ao contrabando, ainda longe de ter sido equacionado no Brasil, e que continua sendo usado como argumento da indústria para se contrapor a qualquer regulação. Para começar, temos que apoiar a adoção do protocolo do contrabando na COP5 em Seul, Coréia e depois internalizar suas medidas através da aprovação pelo Congresso Nacional como uma nova lei. Outro desafio essencial é o de apoiar de forma mais plena os plantadores de fumo na diversificação da produção do tabaco com vistas à reconversão em um futuro não distante, o que implica em que mais recursos e maior número de profissionais sejam capacitados e disponibilizados nas regiões fumicultoras. Ganhar o Judiciário para o controle do tabagismo através de informações reais e vencer as ações de litígio é uma outra tarefa prioritária na qual a ACT, a ADESF e a AMB tem estado bastante envolvidas e que merecem protagonismo cada vez maior e apoio, muito apoio.
Vale lembrar o processo da ANVISA, que até hoje está recebendo em juízo as taxas de cadastro das marcas de cigarros. Quem está sentado em cima deste processo de 12 anos? E o Laboratório de Análise de Produtos do Tabaco, aprovado por lei há 13 anos, essencial para a testagem dos produtos do tabaco comercializados no Brasil, o que é feito dele? Com a nova resolução da ANVISA, de proibição de aditivos, precisamos muito dele.
Também contamos ainda com mais de 20 milhões de fumantes que precisam ter acesso a informação e tratamento. Mas não necessariamente medicamentos, que têm consumido a maior parte dos recursos do governo, sem resolver a dependência para um grande número de fumantes. Precisamos de campanhas de esclarecimento pela grande mídia, maior ênfase na capacitação dos profissionais de saúde da rede, desde a sua graduação com ênfase na abordagem comportamental, e mais investimentos no Disque Parar de Fumar, reservando remédios para quando outras formas de abordagem falharem.
Finalmente, pesquisa, ensino, monitoramento e vigilância epidemiológica e sanitária precisam investimento constante, sem o qual não faremos escolhas bem informadas.
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Estudo de custo: Intitulado Carga das Doenças Tabaco Relacionadas para o Brasil, a ACT lançou o maior estudo já feito no Brasil sobre custos das doenças causadas pelo fumo. Analisou dados de 2008 referentes a 15 doenças relacionadas ao tabaco e atualizou os valores monetários para 2011. O estudo está disponível em: http://www.ACTbr.org.br/uploads/conteudo/721_Relatorio_Carga_do_tabagismo_Brasil.pdf
Artigo 5.3: A ACT preparou um novo fact-sheet sobre a interferência da indústria do tabaco nas políticas de saúde pública, abordando o artigo 5.3 da Convenção Quadro. Ele pode ser acessado em http://www.ACTbr.org.br/uploads/conteudo/717_industria_2012.pdf.
Rio + 20: A ACT estará presente na Rio+20, evento internacional sobre sustentabilidade, que acontecerá no Rio de Janeiro em junho. Nos dias 18, 20 e 22, estará com um estande na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo. No dia 19, participará de um evento que discutirá o tabaco, da produção ao consumo, como uma cadeia de dependência, também no Aterro do Flamengo. Também no dia 19, a diretora-executiva da ACT, Paula Johns, participará de evento sobre saúde na economia verde, no Riocentro.
Relatório paralelo sobre a CQCT 2011: Como acontece desde 2006, a ACT preparou seu relatório paralelo sobre a implementação da Convenção Quadro em 2011, apresentando os pontos em que foi possível avançar e os desafios que precisam ser alcançados. O relatório está disponível em http://www.ACTbr.org.br/uploads/conteudo/716_fact_sheet_relatoriosombra2011.pdf
Rede Unida: A ACT palestrou, em 8 de maio, no Rio de Janeiro, de evento da Rede Unida, sobre controle social e políticas públicas de controle do tabagismo.
A Responsabilidade Civil da Indústria de Tabaco: A advogada Clarissa Homsi participou de um debate sobre responsabilidade civil da indústria do tabaco, na PUC – Rio, em 15 de maio.

Dia de Respirar: A diretora-executiva da ACT, Paula Johns, fez uma apresentação sobre as estratégias da indústria do tabaco, em 1o de junho, na UFRJ, no evento intitulado Dia de Respirar.

Eventos de 31 de maio: A ACT participou de evento comemorativo do Dia Mundial sem Tabaco, no Mackenzie e no MASP, em São Paulo, em 31 de maio, com distribuição de material informativo. Em 28 de maio, a vice-diretora Mônica Andreis esteve em simpósio da Secretaria Estadual de Saúde.

Campanha para José Carlos Carneiro: Em parceria com a plataforma de crowdfunding Catarse.me (http://catarse.me/pt), a ACT continua a campanha pela compra de uma cadeira de rodas para José Carlos Carneiro. A campanha agora faz parte dos projetos de financiamento coletivo do portal. Agradecemos muito a todos que colaboraram até o momento.

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O IMPACTO SOCIOAMBIENTAL DA PRODUÇÃO AO CONSUMO DE PRODUTOS DE TABACO
A Comissão Nacional de Implementação da Convenção Quadro (Conicq) preparou um artigo sobre o impacto socioambiental do tabagismo para a Rio + 20, em que ressalta o artigo 18 da CQCT, sobre proteção ao meio ambiente e à saúde das pessoas. O documento mostra o quanto o fumo contribui para o desmatamento, a precariedade sanitária e a vulnerabilidade social, em todos os países onde há fumicultura. Além disso, o texto também aborda a poluição do ar causada pelo tabagismo, o descarte das guimbas e os riscos de incêndio. O artigo pode ser acessado na íntegra no site do Inca: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/observatorio_controle_tabaco/site/home/
CURSO DE INVERNO: políticas de controle do tabagismo
Estão abertas as inscrições para o curso de inverno promovido pela Fiocruz, que é aberto a qualquer grau universitário e para quem tem interesse nas áreas de saúde pública, economia e saúde, vigilância sanitária, direito, administração pública, comunicação em saúde, diplomacia em saúde e jornalismo. Mais informações pelo site: http://www.sigass.fiocruz.br/pub/programa/disciplina.do?codP=1&codPeriodo=700&page=2
5a Conferência Latino-americana sobre Câncer de Pulmão
Estão abertas as inscrições para o evento, que acontecerá no Rio de Janeiro, de 25 a 27 de julho. São esperados mais de 1000 participantes da América Latina. Mais informações e inscrições no site: http://www.lalca2012.org/welcome.html
XV SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE TABACO, ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS
Estão abertas as inscrições para o evento, que acontecerá entre 29 de novembro e 1o de dezembro. Este ano, o simpósio se unirá ao Congresso Latino Americano da Kettil Bruun Society (KBS), a maior associação para pesquisa em epidemiologia do álcool no mundo, reunindo os melhores cientistas da área. Mais informações e inscrições no site: http://www.metodorio.com.br/kbs2012/ |
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BRASIL GASTA R$ 21 BI COM TRATAMENTO DE DOENÇAS RELACIONADAS AO TABACO
O Estado de S. Paulo, 31/05/2012
Levantamento da Aliança de Controle do Tabagismo se refere apenas a 2011 e resulta da análise de dados de 15 enfermidades, como doenças cardíacas e câncer de pulmão.
http://www.ACTbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=2182
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INDÚSTRIA DO TABACO PROMOVE ATAQUES CADA VEZ MAIS AGRESSIVOS
Veja on Line, 30/05/2012
Às vésperas do Dia Mundial sem Tabaco, representantes do órgão reforçam importância de iniciativas contra tabagismo entre jovens.
http://www.ACTbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=2180
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PESQUISA MOSTRA QUE QUASE METADE DOS JOVENS JÁ PROVOU CIGARRO
Correio da Bahia, 03/06/2012
Um estudo realizado pelo Sistema Global de Vigilância do Tabaco (Vigescola) na capital baiana observou que 46% dos adolescentes já experimentaram o cigarro e que 9,5% deles fumam habitualmente.
http://www.ACTbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=2186
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SEGUNDO ESTUDO DE ÓRGÃO LIGADO À OMS, TIPOS DA DOENÇA LIGADOS AO TABAGISMO E OBESIDADE VÃO CRESCER EM PAÍSES MAIS RICOS (2/6/2012)
Veja on line, 02/06/2012
O número de casos de câncer no mundo deverá aumentar em 75% até 2030, segundo o IARC, órgão ligado à OMS). Essa taxa pode chegar a 90% em países mais pobres.
http://www.ACTbr.org.br/comunicacao/noticias-conteudo.asp?cod=2187
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A Inflação do Cigarro
Em maio foram divulgados os índices de inflação ao consumidor pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontando os cigarros como principal vilão da subida dos preços no mês de abril. De acordo com o IBGE, o avanço de 0,64% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em abril ficou concentrado em três itens: cigarros, salários de empregados domésticos e remédios, que contribuíram com 0,24 ponto percentual do total do IPCA, correspondendo por 38% do indicador.
Com o reajuste dos preços das marcas da Souza Cruz, a partir de 6 de abril, os cigarros apresentaram uma alta de 15,04% no IPCA do mês, e responderam por 0,12 ponto percentual do índice. Já os remédios e salários dos empregados domésticos tiveram alta no IPCA de 1,58%, e 1,86%, respectivamente.
O IPCA colhe informações de preços mensalmente nas regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além do Distrito Federal e do município de Goiânia. A cesta de produtos procura corresponder ao consumo das famílias com rendimentos de 1 e 40 salários-mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos. Os índices são primeiramente calculados para cada região estimativas dos movimentos de preços referentes a cada produto pesquisado (comparação entre dois meses consecutivos). É a partir da agregação dos índices regionais que se obtém a variação de preços nacional, para cada subitem e geral. Os dados para o IPCA de abril foram coletados no período de 29 de março a 27 de abril.
Discute-se qual a relevância de se incluir o cigarro no cálculo dos índices de preços produzidos por diferentes instituições (além do IBGE, outras instituições também produzem índices de preços) quando a prevalência de fumantes chegou perto de 15% do total da população brasileira. Não seria a hora de serem revistos os componentes das cestas de produtos para que reflitam a realidade atual? Desta forma, os reajustes de preços não seriam vistos pela equipe econômica e pela população como um risco ao cumprimento das metas de inflação. Nem utilizados pela indústria e seus aliados como argumento para postergação dos reajustes em impostos, como os aumentos do IPI previstos na lei 12.546 e decreto 7.593/2011.
A própria equipe técnica do IBGE conhece o sobrestimado impacto de um aumento no índice dos cigarros, como afirmou em entrevista a coordenadora de índices de preços do instituto, Eulina Nunes dos Santos: “Dos três maiores impactos do IPCA, podemos afirmar que os dos itens remédios e cigarro são pontuais. Empregados domésticos encarecem em função do salário mínimo e da escassez de oferta desse tipo de profissional”. Ou seja, o aumento em um mês não gera impacto nos índices dos meses seguintes caso não haja novos aumentos, levando a uma diluição no índice acumulado para 12 meses. De fato, segundo o IBGE, o acumulado em 12 meses está em trajetória de declínio.
Essa discussão não é apenas brasileira, diversas regiões que estão buscando aumentar seus impostos e preços dos produtos derivados do tabaco enfrentam tais polêmicas. No caso brasileiro, pela nossa história econômica recente (o plano real está atingindo a maioridade este ano), ainda somos um país temeroso em relação ao fantasma inflacionário. Porém, as metodologias utilizadas pelo IBGE são internacionais, trazendo uma resistência adicional à adoção de mudanças. É possível que a retirada de certos itens que não refletem a realidade de consumo dos brasileiros, mas será necessária a construção de bons argumentos que possam ser apresentados ao Banco Central e instituições que produzem os índices, que no momento não estão claros do ponto de vista econômico.
São fundamentais maiores estudos e entendimento da construção dos pesos de tais índices e de metodologia estatística para que se apresente o caso. Pois no momento, a utilização do chamado “índice cheio” é mais crível para a construção das metas de inflação do que o uso de apenas alguns itens dos mesmos. O que é uma pena para o Controle do Tabagismo e que pode afetar a busca da continuidade dos aumentos de preços e impostos de produtos derivados do tabaco após 2015. |
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O CUSTO DAS DOENÇAS TABACO RELACIONADAS PARA O PAÍS
A ACT lançou, no Dia Mundial Sem Tabaco, o maior estudo já feito no Brasil sobre custos das doenças relacionadas ao tabagismo, que analisou dados de 2008 referentes a 15 doenças causadas pelo tabaco e atualizou os valores monetários para 2011.
Intitulado Carga das Doenças Tabaco Relacionadas para o Brasil, o estudo concluiu que o custo total atribuível ao tabagismo para o sistema de saúde no Brasil foi de R$ 20.685.377.897,00, ou seja, quase R$ 21 bilhões. Considerando que o setor do tabaco pagou, em 2011, R$ 6,3 bilhões em impostos federais, segundo a Receita Federal, o país gasta cerca de três vezes e meia mais do que arrecada com cigarros e outros produtos de tabaco. Esse montante equivale a 0.5% do PIB do país em 2011. E equivale a 1/6 da projeção de crescimento de toda a economia brasileira em 2012 (estimado em 2,99%). Para se ter uma ideia do que este custo representa, basta ver o orçamento total destinado ao Fundo Nacional da Saúde, gestor financeiro dos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS)pelo Ministério da Saúde em 2011,R$ 68 bilhões. 30% desse valor são gastos com doenças tabaco relacionadas anualmente no país, apenas considerando-se os custos diretos associados ao tratamento.
O valor gasto, de R$ 21 bilhões, poderia, ainda, suprir o déficit de saneamento básico no país, que exige investimentos da ordem de R$ 12 bilhões anuais, durante 20 anos consecutivos, segundo cálculos do departamento de saúde ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP. Também poderia ser usado para o orçamento do PAC, que em 2011 foi de R$ 43,5 bilhões, sendo R$ 12,7 bilhões para o programa Minha Casa, Minha Vida.
O estudo também concluiu que 130.152 do total de mortes ocorridas em 2008 foram atribuídas ao tabagismo. São muitas mortes potencialmente evitáveis através da adoção de políticas públicas eficazes de saúde. O impacto dessas mortes pode ser mais bem entendido se o compararmos com algumas tragédias. As chuvas de janeiro de 2011, em Teresópolis, mataram cerca de 500 pessoas. Em Santa Catarina, em 2008, mais de 120 pessoas morreram também devido às chuvas. O acidente aéreo com a TAM, ocorrido em São Paulo em 2007, matou 199 pessoas. O tabagismo equivale a 260 tragédias com temporais em Teresópolis e 1083 em Santa Catarina, além de 435 acidentes aéreos por ano.
Em outras palavras, é uma catástrofe silenciosa, que atinge apenas as vítimas e suas famílias, mas não causa a estupefação vista nos demais acidentes.
Os dados desse estudo são uma verdadeira calamidade para o país e deixam claro que o tabaco causa um enorme prejuízo não só à saúde, mas também à economia. Ao mesmo tempo em que paga os impostos que são obrigatórios – apesar de alardear o fato como se fosse algo excepcional -- a indústria do tabaco faz todo tipo de pressão para evitar regulamentações de seus produtos, como aconteceu no período de discussão da proibição dos aditivos e da propaganda em pontos de venda, e anos antes, durante a tramitação da Convenção Quadro.
Na área de saúde, “brinca-se” que se a indústria ou seus grupos de frente estão gritando contra alguma medida, é sinal de que essa medida é boa para a saúde.
Além pressionar para evitar ou atrasar medidas de regulamentação, a indústria continua a desenvolver estratégias de marketing para vender mais cigarros para públicos alvos específicos, como jovens e mulheres, muitas vezes disfarçadas de programas de responsabilidade social.
Com esse estudo nas mãos, mostrando que pelo menos R$ 21 bilhões são gastos anualmente apenas com tratamento de doenças que poderiam ser evitadas, é mais do que hora de cobrarmos ações ainda mais efetivas de controle do tabagismo e que a Convenção Quadro seja cumprida. |
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Ficha Técnica
Realização: ACT - Aliança de Controle do Tabagismo
Apoio: IUATLD – TFK
Jornalista responsável: Anna Monteiro - anna.monteiro@actbr.org.br |
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