Avanços na compreensão da obesidade, Brasil de braços cruzados diante das DCNTs, campanhas e mais | Boletim 174.

04.08.21


ACT Promoção da Saúde

 

Editorial

Uma pesquisa Datafolha nacional, encomendada pela ACT Promoção da Saúde, mostrou que a maior parte da população brasileira é favorável à inclusão de temas relacionados aos produtos que causam danos à saúde na discussão sobre Reforma Tributária, em tramitação no Congresso Nacional. O levantamento também apontou que quanto maior o nível de informação sobre esses produtos em relação aos males que causam, maior é o apoio. O aumento de impostos de produtos nocivos à saúde é visto como positivo por 72% da população, e 75% apoiam a proibição de incentivos e isenções a esses produtos. Vale a pena destacar que o cigarro é o mais claramente identificado pela população como causador de doenças, com 62% dos entrevistados sendo a favor do aumento de impostos destes produtos, seguido pelas bebidas alcoólicas (58%) e pelos agrotóxicos, com 33% de apoio.  

Conscientizar sobre os riscos sempre foi uma das missões da ACT Promoção da Saúde ao longo de nossa trajetória, iniciada há quase 15 anos. Sabemos que as políticas públicas dão resultados e levam a sociedade a mudar comportamento. Políticas como aumento de impostos de cigarros, ambientes livres de fumo, restrição da publicidade em meios de comunicação e pontos de venda, entre outras, levaram à redução do percentual de fumantes na população ao longo das últimas décadas. Não é um trabalho simples, e vários obstáculos surgem durante a jornada, uma vez que as indústrias envolvidas com esses produtos não podem perder mercado. Com a reforma tributária e a maior tributação de ultraprocessados, como as bebidas adoçadas, podemos diminuir o número de pessoas com sobrepeso e obesas. Também podemos ter a criação de um fundo voltado à saúde e à prevenção, com o estabelecimento de uma contribuição incidente sobre fabricação ou importação de tabaco e derivados. A oportunidade é agora e, em médio e longo prazo, isso significa uma população mais saudável e com mais recursos na economia. 

Quem também apoia essa discussão são as sociedades e associações profissionais. Além de reunir as categorias em torno de questões relacionadas à respectivas especificidades, essas organizações cumprem um papel fundamental na defesa por políticas públicas, capazes de alterar os ambientes, combater e prevenir doenças em escala populacional. Por isso, conversamos com a endocrinologista Maria Edna Melo, presidente do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e diretora da Associação Brasileira de Estudos da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso). Ela trata do caráter social da pandemia de Covid-19, que atingiu de forma desigual a população de baixa renda, a que tem o pior consumo alimentar, a que tende a estar mais acima do peso e a que tem mais comorbidades metabólicas.

Foi pensando em encarar a desigualdade, uma das chagas do país, contribuir para entender suas origens e trabalhar para diminuí-la que estabelecemos parcerias com os portais Alma Preta e Notícia Preta, portais especializados na perspectiva da população negra. A ideia é tratar o antirracismo e a diversidade racial desde a apuração das matérias e ampliar a abordagem das doenças crônicas não transmissíveis. Nesta edição, trazemos um artigo do Notícia Preta sobre o porquê do tabagismo ser maior entre a população negra. Já o Alma Preta abordou a taxação de produtos ultraprocessados e a insegurança alimentar, que atinge especialmente a população mais pobre. Nossos canais estão abertos! Se você tiver sugestões de como podemos ampliar essa discussão, entre em contato.

E aguarde novidades: estamos para abrir as inscrições para nosso seminário anual Alianças Estratégias para Promoção da Saúde, que vai ocorrer em setembro, de forma virtual e, no final deste mês, vamos celebrar o Dia Nacional de Controle do Fumo. Acompanhe em nossas redes.

 

Boa leitura,

Anna Monteiro | Diretora de Comunicação

 


 

Entrevista  - Maria Edna Melo, SBEM e Abeso

Conversamos a endocrinologista Maria Edna Melo,  presidente do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), e diretora da Associação Brasileira de Estudos da Obesidade e da Síndrome metabólica (Abeso). Na entrevista, Maria Edna aborda os avanços na compreensão sobre a obesidade, o papel do ambiente no desenvolvimento e agravamento da doença e traz reflexões a respeito dos desafios e oportunidades do trabalho das sociedades médicas na defesa de políticas públicas.

 

Quais têm sido os principais avanços na compreensão da obesidade nos últimos anos?

Durante muitos anos, vivemos com o simplismo de que, para combater a obesidade, era necessário comer menos e gastar mais energia, recomendando caminhadas, por exemplo. E a ciência vem mostrando que as causas da obesidade são um quebra-cabeça. A obesidade sempre foi considerada uma questão de escolha individual, de caráter individual, e isso é ruim para os indivíduos e para a sociedade. Uma pessoa não tem obesidade porque quer. A gente tem um sistema alimentar que facilita essa condição. Temos uma população que é biologicamente suscetível à obesidade e essa suscetibilidade se encontra com o sistema alimentar, o que leva a explosão de casos sem perspectiva de controle da doença a curto ou médio prazo. Então, acho que ampliar o conhecimento sobre a obesidade, sair da casinha de que é só fechar um pouco a boca e fazer uma caminhada, esse conhecimento está se disseminando. Mesmo assim, é uma visão ainda restrita. Ampliamos o acesso ao conhecimento sobre a obesidade, mas é preciso avançar ainda mais. 

 

Você poderia falar mais sobre esses dois fatores que estão na causa da obesidade, a predisposição genética da população e os sistemas alimentares?

São questões relacionadas à população mundial, e não somente ao Brasil. A nossa biologia foi selecionada ao longo de milhões de anos, somos a nata do que sobrou da espécie humana. E quem sobreviveu? Quem tem tendência a fazer mais reservas de energias. Ou seja, existe uma vulnerabilidade biológica, mas que varia de indivíduo para indivíduo. E no passado, não existia tanta comida disponível. Um exemplo, mesmo na época em que eu fazia ensino médio, existia uma grande preocupação sobre a disponibilidade dos alimentos, tinha aquela teoria de Malthus, da população crescendo em progressão geométrica e a alimentação em progressão aritmética. E aí veio a indústria alimentícia, bagunçou isso tudo e o que a gente tem hoje é uma disponibilidade muito grande de alimentos hiperpalatáveis, o que nos leva a comer muito mais do que precisamos. 

 

No caso dos hiperpalatáveis, você se refere aos produtos ultraprocessados?

Sim, tem os ultraprocessados e tem os que a gente faz em casa. Mas, de forma geral, os ultraprocessados são de mais fácil consumo porque você não precisa investir tempo no preparo, e é uma alimentação que vai fazer sucesso com a família toda. A gente tem a transformação social, com relação à vida das mulheres. De uma forma geral, as mulheres trabalham fora, cuidam da casa e dos filhos, e esse cuidado da casa demanda tempo. Por mais que existam famílias em que os homens participem, isso não acontece em todas as casas. A gente sabe que isso tem se modificado nessas gerações mais novas, mas ainda fica a cargo da mulher a grande parte do cuidado da casa. Então, imagine uma mulher que acorda às 5 horas da manhã, vai trabalhar até às 17h, pega o transporte, chega em casa e ainda tem que cozinhar. Então, fica mais fácil oferecer um produto ultraprocessado para a família. Porque, aparentemente, o importante é comer - e não o que se come. E, com isso, a gente vai ganhando peso como população. 

 

E qual a importância das políticas públicas na prevenção de doenças como obesidade e diabetes?

Acho que as políticas públicas voltadas para o tabagismo tiveram mais facilidade, pelo fato de o tabaco não ser um produto essencial ou indispensável para a vida. Mas, no caso da alimentação, é uma relação diferente, porque as pessoas precisam comer. E aí entra um dilema entre escolhas individuais e medidas populacionais. Porque é lógico que a gente não precisa comer comida ruim. Nós podemos e devemos comer bem, mas a gente precisa escolher e essa escolha não é totalmente consciente. Algumas pessoas conseguem analisar o alimento e observar se há grande quantidade de açúcar, de gordura ou sal, mas a maioria da população, não. O que eu acho importante colocar hoje é que, com essa questão do liberalismo, as pessoas acham que têm que ser dona das suas escolhas, só que isso não funciona tão bem assim. Quando a indústria produz um alimento, ela cria um produto que vai impactar os nossos sentidos. É um produto desenvolvido para me agradar e não para atender às minhas necessidades. Por isso, eu acho que é diferente.


As medidas têm que ser populacionais sim. A gente entende que a mudança tem que ser ambiental porque, na hora de escolher o alimento, a gente funciona como nosso sistema nervoso central manda. É quase reflexo. Se vemos o alimento disponível, vamos querer. Então, é preciso diminuir o acesso aos alimentos que não são saudáveis e aumentar o acesso da população àquilo que realmente importa: uma alimentação à base de frutas, legumes, verduras, arroz e feijão e proteína. Não tem muito o que inventar. Mas o que a gente vê muito é que frutas, verduras e legumes, por mais que a tenhamos uma diversidade nacional e grande disponibilidade, a gente não tem um estímulo de consumo, ou seja, não é fashion, não faz sucesso. O que faz sucesso é beber refrigerante, tomar achocolatado.

 

A gente costuma pensar o médico nesse lugar do consultório, atendendo o paciente. Mas existem as associações médicas, que reúnem diversos profissionais, e acabam se debruçando sobre as doenças de uma perspectiva distinta. Ainda no tema das mudanças nos ambientes, como as associações médicas veem seu papel na defesa dessas políticas públicas? 

As associações médicas veem sim essa importância e têm interesse em apoiar. Mas, apesar de terem essa responsabilidade social, é importante lembrar que os profissionais da saúde que entram nas diretorias das sociedades médicas - tirando raras exceções - não recebem salário específico por essa atividade, é um trabalho absolutamente voluntário. Então, essas atividades acabam se somando ao consultório e às atividades acadêmicas. Outra questão é que o universo das sociedades médicas é muito grande, elas cobrem muitos assuntos voltados para o próprio exercício da profissão, aspectos inerentes à formação dos profissionais, por exemplo. Para mim, pessoalmente, sempre foi prioridade trabalhar com política pública voltada para prevenção de obesidade - mas percebo que não é um assunto tão amigável para outros colegas, às vezes, por desconhecimento sobre o campo político e das organizações do terceiro setor ou descrença de que essas políticas sejam adotadas.

 

Quais têm sido suas reflexões sobre saúde nesse contexto terrível da pandemia de Covid-19, com mais de meio milhão de mortos só no Brasil?
A Covid-19 mostra o encontro das doenças crônicas não-transmissíveis e infecciosas e chama a atenção para a necessidade de um cuidado global com a nossa saúde, seja com alimentação, seja com a saúde mental. A população de baixa renda, que mais morre e sofre com a Covid-19, é também a que tem o pior consumo alimentar, que tende a estar mais acima do peso, a ter mais comorbidades metabólicas. Então, essa pandemia escancara também o caráter social, que impacta a saúde. São centenas de milhares de mortes, mortes que vêm sendo desprezadas. São tempos muitos difíceis pra gente raciocinar sem paixão, porque é tudo muito profundo, muito ácido e difícil.

 


 

Seminário Alianças Estratégicas

Devido à pandemia de Covid-19, esse ano o  14o Seminário Alianças Estratégicas para a Promoção da Saúde acontecerá novamente de forma virtual. Anote as datas: 28, 29 e 30 de setembro, no período da tarde. 

O encontro é um convite para que organizações e indivíduos da sociedade civil troquem experiências e informações sobre a área da saúde, especialmente a prevenção e o controle das doenças crônicas não transmissíveis.

As inscrições serão abertas em breve. Acompanhe em nossas redes sociais.

 

Cúpula de Sistemas Alimentares


Organizações do terceiro setor e movimentos sociais, entre eles, a ACT Promoção da Saúde, denunciam a captura pelo agronegócio e a indústria de alimentos dos debates preparatórios nacionais que antecedem a Cúpula de Sistema Alimentares. Em resposta, essas organizações têm feito encontros autônomos, organizados pela Conferência Popular por Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. 

A Cúpula de Sistema Alimentares ocorre em setembro, durante a semana de Alto Nível da Assembleia Geral das Nações Unidas, e as propostas pactuadas vão ser relevantes para incidir sobre as discussões e decisões nacionais e internacionais no avanço do combate à fome, à insegurança alimentar e no desenvolvimento agrícola sustentável. 

A despeito do título da série de encontros preparatórios organizados pelo Ministério das Relações Exteriores - Diálogo Nacional Brasileiro, representantes do próprio governo e grandes corporações tiveram predomínio no debate. A diretora-geral da ACT, Paula Johns, levou críticas ao espaço, contrapondo o dilema do modelo agrícola hegemônico diante da enorme quantidade de pessoas em insegurança alimentar, do colapso da biodiversidade e das mudanças climáticas. Também chamou a atenção para o aumento dos preços dos alimentos in natura acima da inflação e destacou pesquisas internacionais sem conflito de interesse que têm adotado a classificação dos alimentos por seu grau de processamento (a NOVA), tal qual o Guia Alimentar da População Brasileira.  Leia o texto completo no Blog da ACT.

 

Braços cruzados diante das mortes por DCNTs

No retrato do Brasil sob os holofotes do relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil da Agenda 2030, vemos um país parado ou em retrocesso na maioria das metas que compõem os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, pactuados pelas Nações Unidas. Publicado em julho, o Relatório Luz indica que a situação não é diferente diante das metas relacionadas à saúde, em especial a de redução da incidência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como cânceres, obesidade, hipertensão e diabetes. Só essas duas últimas já acometiam mais de 30% da população em 2019. O dado é da pesquisa Vigitel mais recente, do ano anterior à pandemia da Covid-19, na qual estas comorbidades trariam ainda mais riscos. Naquela altura, em 2019, as DCNTs já eram causas de 72% das mortes. 

A crise sanitária, que demandou isolamento social,  somada à crise política, que não deu respostas consistentes, também agravaram o consumo abusivo de álcool e tabaco, que já vinham crescendo. Outro dado preocupante a ser destacado na pesquisa é o aumento em 5,63% na taxa de mortalidade de mulheres gestantes e puérperas (especialmente as negras), comparado ao crescimento geral de mortes por conta da Covid-19. Os dados também mostraram queda para 45% no índice de cobertura vacinal e aumento de mortes de crianças indígenas. Mesmo diante do grave contexto, conforme destacou o relatório, R$22,8 bilhões da dotação orçamentária autorizada em 2020 para o SUS ficaram sem uso.

Antes de desanimadoras, as informações consistentes que compõem o Relatório Luz oferecem caminhos para travar o retrocesso e acelerar o desenvolvimento sustentável, antes que seja tarde demais. 

Veja mais no Blog da ACT.

 

NÃO às iscas do tabaco

Desde meados de julho, painéis em bancas de jornal nos locais de maior circulação da cidade do Rio de Janeiro alertam os moradores sobre uma armadilha da indústria do tabaco para crianças e adolescentes: a exposição de cigarros e outros derivados de tabaco perto de doces, brinquedos ou qualquer produto que capte a atenção dos mais novos. Essa exposição em qualquer estabelecimento comercial é proibida desde 2018 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

A campanha é feita pela Prefeitura do Rio e pela Vital Strategies, com apoio da ACT, e compõe a Parceria para Cidades Saudáveis, com suporte da Bloomberg Philanthropies e da Organização Mundial da Saúde. 

Além dos 16 pontos na capital fluminense, a campanha também é veiculada nas redes da ACT, da Superintendência de Promoção da Saúde, da Vigilância Sanitária da cidade e da Secretaria Municipal de Saúde carioca.

Viu um cigarro perto de bala? É contra a lei! Ligue para #1746 

 


Políticas públicas para frear a obesidade

Quando se constata a curva crescente de brasileiros gravemente acima do peso considerado saudável, atualmente, cerca de 40 milhões, segundo o IBGE, há a certeza de que a obesidade não é um caso isolado e que é urgente avaliar e mudar os determinantes sociais e comerciais para prevenir uma condição que é fator de risco para uma série de doenças. A provocação foi levantada pela coordenadora de ação e estratégia da ACT, Marília Albiero, durante o Webinar "Obesidade: soluções urgentes para esta grave epidemia", do Fórum DCNTs, no último dia 27. 

O evento reuniu diversos especialistas, entre médicos, nutricionistas, psicólogos e tomadores de decisão, para debater ações multissetoriais de prevenção e de tratamento das pessoas que já vivem com obesidade. "Somente com um conjunto de medidas integradas que foquem desde a prevenção ao tratamento, do indivíduo aos elementos sistêmicos como o sistema alimentar, teremos alguma possibilidade de controlar esta epidemia de obesidade, tão agravada com a pandemia de Covid-19. Entretanto, estas medidas têm que atuar simultaneamente com a mesma intensidade, relevância e prioridade", afirma Marília.

 

Artigo do mês

Entre as tradições de origem africana e indígena, a fumaça feita através da queima de ervas, inclusive do tabaco, encontra o sagrado na limpeza espiritual, na cura de feridas e de dores e até na proteção contra maus espíritos. Mas, no artigo que resulta de uma parceria da ACT com o portal Notícia Preta, Thais Bernardes destaca a 'virada de chave' da entrada da indústria do tabaco para o consumo massivo e desregrado de um produto cheio de substâncias nocivas e aditivos químicos, além da própria nicotina. 

A jornalista defende uma reflexão mais aprofundada para entender a causa e provocar uma mudança na alta porcentagem de tabagismo entre a população negra e mais pobre, doença que é a principal causa de morte prematura em todo o mundo. 

 


 

ACT Legal

 

Campanha #SóAcreditoVendo


Onde estão os R$ 300 bilhões anuais que deixam de ser arrecadados pelo governo com benefícios fiscais concedidos a grandes empresas? A campanha #SóAcreditoVendo, lançada em julho, quer que estas informações, que envolvem dinheiro público, estejam transparentes e acessíveis. Só assim é possível verificar se esses recursos realmente estão retornando para a sociedade em melhorias promovidas pelas empresas, como deveria ser. Ao lado da ACT, o Inesc, a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, a Fian Brasil e a Purpose realizam a mobilização.

A ACT também está de olho nas grandes corporações de bebidas adoçadas na Zona Franca de Manaus, que estão entre as que recebem boas vantagens fiscais. Enquanto isso, no Brasil, não há políticas públicas efetivas para a redução do consumo destes produtos. Ao contrário: o Estado subsidia o consumo de bebidas notoriamente nocivas à saúde, gerando distorções tributárias que contribuem para que o preço final de um suco natural seja mais caro do que uma lata de refrigerante e, ao final, um produto não saudável seja consumido em larga escala. Incentivos à Bebidas Açucaradas fazem mal à saúde e aos cofres públicos.

A campanha apoia o Projeto de Lei 162/2019, que vai autorizar a publicação de quais são as empresas que deixam de pagar impostos. O projeto já foi aprovado no Senado e agora está em tramitação na Câmara dos Deputados. 
 

Tirem a Coca-Cola do nome da estação de metrô Botafogo 

Na última semana de julho, a ACT Promoção da Saúde apresentou uma denúncia ao Ministério Público do Rio de Janeiro para investigar se foi realizada dentro da legalidade a cessão onerosa dos direitos de nome da estação de metrô Botafogo Coca-Cola. É o primeiro caso de venda de Naming Rights em estações de metrô do país.

A ACT ainda protocolou um pedido para oferecer subsídios à deliberação sobre o tema, como Amicus Curiae, no processo regulatório que tramita na Agência Reguladora de Serviços Concedidos de Transportes do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp), buscando contribuir para o entendimento dos Conselheiros e Conselheiras do órgão. 


Aos dois pedidos, ainda foram anexados o parecer sobre o caso elaborado pelo procurador de justiça aposentado João Lopes Guimarães Jr. e o manifesto da sociedade civil contrário à venda do nome de um espaço público para promover a marca de uma empresa que fabrica produtos reconhecidamente nocivos à saúde. O  site da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável também disponibiliza um abaixo-assinado online.


 


 

Notícias

 

Crianças chegam a ser expostas a 1 anúncio a cada 3 minutos

Portal Lunetas, 21/7/21

Crianças estão cada vez mais na internet, mas a televisão ainda é um meio de entretenimento relevante, dos 5 canais de TV a cabo mais assistidos no Brasil em 2020, 2 são de programação infantil. Contudo, nem sempre esses espaços são seguros para a infância.

 

Cresce uso de cigarro eletrônico por jovens, embora a venda seja proibida

Veja, 8/7/21

Custou, mas o cigarro saiu de moda. Soterrado por uma avalanche de evidências científicas de seus malefícios para a saúde, o produto deixou de ser símbolo de poder, liberdade e glamour, parou de aparecer pendurado na boca de celebridades e foi caindo em desuso no mundo todo. Eis que agora surge das cinzas o vape, cigarro eletrônico de aparência moderninha e sabores atraentes que influenciadores digitais brasileiros divulgam. 

 

Por mais saúde, dois terços dos brasileiros aceitariam impostos em bebidas açucaradas, aponta pesquisa

Folha de S. Paulo, 7/7/21

Em prol de uma população mais saudável, dois terços dos brasileiros (67%) se dizem favoráveis ao aumento de impostos para bebidas açucaradas, como refrigerantes e sucos, e 74% são contrários à existência de incentivos fiscais para esses produtos. Os dados são de uma nova pesquisa Datafolha, encomendada pela ONG ACT Promoção da Saúde.  

 

 

 

 

Boletim ACT 173

Diretoria: Paula Johns (Diretora Geral), Mônica Andreis (Diretora Executiva), Anna Monteiro (Diretora de Comunicação), Daniela Guedes (Diretora de Campanhas e Mobilização), Fabiana Fregona (Diretora Financeira), Adriana Carvalho (Diretora Jurídica)

Editoração: Anna Monteiro

Redação: Anna Monteiro, Rosa Mattos, Emily Azarias

ACT Legal: Adriana Carvalho e Ladyane Souza

Mídias sociais: Victória Rabetim

Produção gráfica: Ronieri Gomes




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