Como o fumo amplia o risco de câncer de mama

03.03.11 - Revista Época


Revista Época

Fumar aumenta o risco de câncer de mama em mulheres na pós-menopausa em 16%, segundo pesquisa americana. Fumantes passivas também devem se preocupar
LAURA LOPES
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Fumantes, ex-fumantes e fumantes passivas: todas têm risco de desenvolver câncer depois da menopausa

Fumo + pós-menopausa = + % câncer. A fórmula da frase que abre esta reportagem poderia ser apenas uma brincadeira se o seu conteúdo não fosse tão grave. Um grupo de pesquisadores de nove universidades e centros de pesquisa dos Estados Unidos descobriu que o risco de uma mulher fumante na pós-menopausa de desenvolver câncer de mama é 16% maior do que aquela que nunca fumou na vida. O estudo, publicado no site do British Medical Journal, também diz que mulheres que tiveram grande exposiçãatilde;o ao fumo passivo, quando crianças ou adultas, também podem ter um risco excessivo de ter câncer de mama. Até então, esse dado sobre as fumantes passivas era controverso na literatura científica.

Os pesquisadores, liderados por Juhua Luo, da Universidade da Virgínia do Oeste, e Karen Margolis, da Fundação de Pesquisa HealthPartners, de Minneapolis, usaram o estudo Womens Health Initiative Observational, de 1993 a 1998, para determinar ligações entre fumantes, fumantes passivos e câncer de mama. Foram analisados dados de 80 mil mulheres, com idades entre 50 e 79 anos, que passaram por 40 centros clínicos nos Estados Unidos. Durante 10 anos, 3.250 casos de câncer de mama invasivos foram identificados nessas mulheres.

A elas foi perguntado sobre hábitos de fumo, se fumavam ou eram ex-fumantes, quando haviam começado o hábito, quantos cigarros fumavam por dia, quando haviam parado (para as ex-fumantes), entre outras questões. As perguntas para as fumantes passivas incluiam se elas viviam em residências com algum fumante, quando crianças ou adultas, e se haviam trabalhado em ambientes com fumo liberado.

Os resultados mostraram que, depois da menopausa, a mulher fumante tem 16% mais chance de desenvolver câncer de mama, e, a ex-fumante, 9%. O maior perigo está entre as que fumam depois dos 50 anos, ou entre as que começaram a fumar na adolescência. O risco de desenvolver este tipo de tumor continua 20 anos depois de a mulher parar de fumar.

A pesquisa também sugere que, entre as mulheres que se expuseram ao fumo de forma passiva, aquelas que, por exemplo, passaram 10 anos quando crianças e 20 quando adultas ao lado de fumantes em casa, e 10 anos em ambiente com cigarro no trabalho, têm um risco 32% maior de ter câncer de mama se comparadas àquelas que não tiveram contato com fumantes.

Apesar dos resultados, os autores ressaltam que a ligação entre o câncer de mama e o tabagismo passivo ficou restrito a pessoas com maior tempo de contato com o cigarro alheio e, por isso, mais pesquisas são necessárias para confirmar estes resultados.
Obesidade e câncer

Um estudo publicado no Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention, da Associação Americana para a Pesquisa do Câncer, descobriu uma ligação entre mulheres obesas, atividade física (ou a falta dela) e câncer de mama triplo-negativo, um subtipo de câncer de mama caracterizado pela falta de estrógeno, progesterona e HER2, um receptor. Esse tipo de doença representa de 10% a 20% de todos os cânceres e infelizmente está associado a um prognóstico extremamente pobre.

"O câncer de mama não é apenas uma doença. É uma combinação complexa de muitas doenças", diz Amanda Phipps do Centro de Pesquisa para o Câncer Fred Hutchinson. "Encontrar uma associação com o câncer de mama triplo-negativo é muito bom porque, biologicamente, este subtipo é muito diferente de outros cânceres de mama".

Epidemiologistas têm notado a ligação entre obesidade e maior risco de desenvolvimento de câncer de mama durante a pós-menopausa, assim como a atividade física e a redução do risco. A relação entre tecido adiposo e estrogênio era uma das suspeitas para elevar esse risco, uma vez que, ao ficar mais velha, a mulher diminui a produção desse hormônio.

Phipps e seus colegas analisaram dados de 155.723 mulheres. Eles avaliaram o índice de massa corporal (IMC) e frequência da atividade física entre as 307 mulheres que tiveram câncer de mama triplo-negativo e 2.610 mulheres que tiveram câncer de mama com receptor de estrogênio positivo – outro subtipo. As mulheres com maior IMC apresentaram 35% mais risco de ter câncer da mama triplo-negativo e 39% mais do subtipo receptor de estrogênio positivo. Aquelas que praticavam exercícios frequentemente tiveram uma redução no risco de 23% e 15%, respectivamente.
 



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