Cozinhar com os filhos é uma das melhores formas de prevenir a obesidade

26.12.18


Uol - Blog da Sophie Deram

Crédito: iStock

Ir para a cozinha pode ser encarado de duas formas. Alguns enxergam como uma obrigação chata, uma verdadeira tortura. Outros, como um momento de relaxamento, quase como uma terapia ao final de um dia cansativo.

Eu faço parte do segundo grupo e acho que não tem nada mais gostoso do que um almoço ou jantar preparado na hora para ser dividido com a família. E é com as famílias mesmo que eu quero falar hoje! Especialmente as que são compostas por crianças e adolescentes, que estão em uma fase importante de desenvolvimento e de consolidação de valores que serão levados para a vida adulta.

Quero falar com você que está buscando implementar uma rotina alimentar de qualidade na sua casa, tanto para instaurar uma relação saudável e de paz com a comida ou até mesmo para prevenir a obesidade. Várias pesquisas já mostraram que cozinhar com os filhos é uma das soluções mais eficazes nesse sentido.

Uma delas, feita por uma universidade canadense, mostrou que crianças que ajudam na cozinha consomem mais frutas e legumes e têm uma preferência maior por alimentosmais naturais.

Um outro estudo longitudinal publicado em maio deste ano procurou mostrar se as habilidades de culinária aprendidas na juventude tinham algum reflexo na vida adulta. E a resposta foi sim! Os participantes foram avaliados 10 anos depois e a maioria demonstrou cozinhar mais em casa, e preferir consumir mais vegetais e menos fast food.

Você pode pensar que criança na cozinha é sinônimo de confusão. Sim, faz um pouco de bagunça, mas introduzir uma educação alimentar desde cedo, a partir de noções básicas de culinária, é um grande presente que você pode dar para o seu filho.

Afinal, saber cozinhar é ter liberdade de escolha: quando ele for adulto vai saber se virar, fazer melhores escolhas, e criar condições para comer mais comida caseira – economizando um dinheirão e ganhando em saúde!

Além disso, quando trazemos as crianças para a cozinha, damos a elas a oportunidade de desenvolver diversas habilidades: Coordenação motora, capacidade de planejamento, organização e concentração, senso de colaboração e criatividade.

Pode até desenvolver uma agilidade maior na cozinha, e também vai ficar esperto desde cedo quanto às noções de segurança dentro de uma cozinha.

O mais importante, no entanto, é essa proximidade com os alimentos.
 Que pode, inclusive, começar antes da cozinha – na feira ou no supermercado.

Para se tornarem adultos conscientes do próprio corpo, e saberem fazer a manutenção da própria saúde, é fundamental estarem desde cedo familiarizados com os alimentos. E entendendo, pouco a pouco, o impacto que eles exercem no nosso organismo.

Mas tudo sem neura, sem radicalismo e sem terrorismo nutricional! Esse aprendizado tem que ser natural e tranquilo, e não encarado como uma obrigação. O importante é incentivar o seu filho desde cedo a apreciar o sabor mais natural das coisas e entender que a comida caseira é uma das melhores formas de manter uma vida saudável.

Você já deve ter visto aqueles programas de TV (nacionais ou internacionais) que mostram crianças que não sabem diferenciar uma batata de um tomate. Isso é real, e é um reflexo do mundo moderno. É fato que, hoje, as criançasficam mais distantes dessas atividades manuais.

Mas, repito: quanto mais estiverem próximos do ambiente da cozinha e de tudo que cerca a refeição antes de ela chegar ao prato, menor a probabilidade de careta diante de alimentos novos e de choradeira na hora de comer.

Elas vão ter prazer de experimentar algo que ajudaram a fazer, porque isso desperta um senso de pertencimento e estimula a curiosidade.

Eu procuro ser gentil com os pais e minha ideia aqui não é puxar a orelha de ninguém. Sei que muitos estão esgotados, fazendo o que podem para criar filhos fortes e saudáveis.

Então, não encare essa dica como um peso ou como uma urgência. Comece aos poucos, cozinhando aos finais de semana ou um dia sim, um dia não, por exemplo. Aproveite as sobras, congele alguns alimentos que possam ser somente esquentados na hora da pressa, divida as tarefas.

Se as crianças forem pequenas, pode começar delegando atividades mais simples e seguras, como lavar folhas ou frutas, organizar legumes em uma assadeira, ou arrumar a mesa, por exemplo. Os maiorzinhos já podem descascar, picar alimentos, ou separar os ingredientes de uma receita.

Para não ficar tão cansativo, escolha receitas simples e práticas, e deixe as complexas para os dias que têm mais tempo. Outra coisa que ajuda bastante é fazer uma pré-organização na cozinha antes de começar o preparo das coisas. Se começar já com a pia cheia de louça a chance de se estressar rapidamente é grande.

É possível que haja um pouco de confusão, sim, mas, se você estiver disposto a encarar isso de frente, pode colher bons frutos no futuro, com um filho menos exigente, mais disposto a experimentar novos alimentos e super colaborativo.

Isso sem falar nas receitas de família que vão ser construídas nesse caminho, algo que todo mundo da casa vai guardar com muito amor. O esforço de agora pode se tornar um hábito apreciado por todos da casa e o resultado serão refeições cada vez mais gostosas na sua mesa.

Bon appétit!

https://nutricaosemneura.blogosfera.uol.com.br/2018/12/26/cozinhar-com-os-filhos-e-uma-das-melhores-formas-de-prevenir-a-obesidade/




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