No Brasil, 45% dos bebês com menos de 6 meses têm leite materno como alimento exclusivo

04.08.20


Terra

SÃO PAULO - Entidades de saúde do Brasil e do mundo recomendam que bebês sejam alimentados somente com leite materno até o sexto mês de vida. Após esse período, a indicação é que a amamentação continue por dois anos ou mais junto com a introdução de outros alimentos. No País, 45,7% das crianças menores de seis meses e 53,1% com até um ano e três meses puderam manter as orientações. É o que mostram dados preliminares do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), feito pelo Ministério da Saúde e apresentado nesta terça-feira, 4.

No comparativo com edições anteriores da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS), o ministério mostra que os índices de amamentação cresceram no Brasil. Segundo a PNDS de 2006, 37,1% das crianças menores de seis meses eram exclusivamente alimentadas com leite materno, o que representa, atualmente, um aumento de 8,6 pontos. No grupo com até um ano de vida, o acréscimo é de 4,6 vezes na prevalência.

A pesquisa avaliou 14.505 crianças menores de 5 anos, entre fevereiro de 2019 e março de 2020, de todas as partes do Brasil. Neste primeiro momento, apenas os números nacionais foram divulgados, mas a pasta espera compartilhar dados detalhados por região e Estado ainda este ano. O levantamento aponta ainda que 60% das crianças menores de quatro meses estão em aleitamento materno exclusivo no País, ante 45% em 2006. Além disso, 60,9% com menos de 2 anos foram amamentadas na análise atual, contra 56,3% na pesquisa de 14 anos atrás.

"Os resultados mostram que o Brasil avançou nesse indicador, mostrando a importância das políticas públicas e importância de continuar investindo para proteger a amamentação", disse Gisele Bertolini, coordenadora geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde. O secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara Medeiros Parente, comentou que as regiões Norte e Nordeste têm menor taxa de amamentação. "Isso preocupa porque é para esses Estados que a amamentação traria melhores benefícios", disse.

Gisele acrescentou que os índices melhoraram em todas as regiões do País, mas outras análises serão realizadas para entender as diferenças regionais. O estudo é apresentado no dia em que a pasta lança a campanha nacional de incentivo à amamentação, que começa nesta terça-feira e segue até o dia 17 de agosto. As ações fazem parte da Semana Mundial do Aleitamento Materno.

Parente falou dos benefícios do leite materno, não apenas para os bebês, mas também para as mães. O alimento reduz em até 13% a mortalidade infantil por causas evitáveis em crianças menores de 5 anos, diminui as chances de alergias, infecções e obesidade, por exemplo, além de diminuir a chance de a mulher desenvolver câncer de mama e de ovário.

"É importante, ano a ano, a gente ir aumentando a taxa de amamentação no Brasil, porque a cada pontinho, mais mortes vamos evitar", disse Parente, que destacou a necessidade de apoiar as mulheres que, por algum motivo, não consegue amamentar os filhos. Nestes casos, especialistas destacam a importância dos bancos de leite.

Amamentação na pandemia de covid-19

Maria Dilma Teodoro, diretora substituta do Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, reforçou que a recomendação do ministério é que a amamentação seja mantida em caso de infecção pelo novo coronavírus, principalmente pelos benefícios do leite materno para a saúde das crianças e porque ainda não há comprovação de que a transmissão ocorra por meio do aleitamento materno.

Uma recomendação diferente poderia ocorrer em casos de bebês que nasçam com alguma imunodeficiência, por exemplo. Em caso de dúvidas, a orientação é buscar um profissional da saúde.

Amamentação na América Latina

Embora os números brasileiros sejam animadores, a representante da Organização Pan-Americana da Saúde no Brasil (Opas), Socorro Gross, disse que os dados em toda a América Latina não são tão positivos. Segundo ela, apenas um a cada dois bebês usufrui do aleitamento materno na primeira hora de vida. Além disso, 40% chegam a seis meses de amamentação exclusiva e 30% recebem o leite da mãe até os dois anos de idade.

"Sem dúvida, para a saúde pública, amamentar é a intervenção com mais custo-efetivo e o maior ato de amor que nós mães podemos fazer e pais podem apoiar, e as famílias também", disse Socorro. Ela reforçou os benefícios do aleitamento materno, que vai proporcionar uma geração "com melhor saúde, menos obesidade, mais forte e mais inteligente". A representante da Opas destacou que, embora o aleitamento seja de pouco custo, não é um ato simples. "Amamentar tem dor, tem medo, muito cansaço. É um ato que requer muito apoio da sociedade."

Fernando Cupertino, representante do Conass, avalia que dois grandes êxitos do sistema de saúde público brasileiro são a luta contra o tabagismo e o aleitamento materno. "Pudemos criar uma cultura de promoção do aleitamento materno. Fomos além e criamos os bancos de leite", disse ele, que destacou a exportação da iniciativa e importância dos bancos de leite na luta pela redução da mortalidade infantil em países africanos, principalmente.

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/no-brasil-45-dos-bebes-com-menos-de-6-meses-tem-leite-materno-como-alimento-exclusivo,f1f3f6c613be74a2a0ce7a70c9bd9178wu87lak0.html




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