Núcleo da USP vai mapear a alimentação do brasileiro relacionada a doenças crônicas
05.02.20Chico Junior
(Foto: Cecília Bastos/Usp Imagem)
A ideia é ousada: acompanhar, durante 10 anos, a relação entre alimentação e doenças crônicas – como diabetes, hipertensão, obesidade, doenças cardiovasculares e câncer – no Brasil. Mas, partindo de onde partiu, o projeto tem tudo para dar certo. O Estudo NutriNet Brasil é executado pelo Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens/USP), sob a coordenação de Carlos Augusto Monteiro, professor titular do Departamento de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP e coordenador científico do Nupens/USP.
Carlos Monteiro e sua equipe são os responsáveis pela classificação NOVA, “que organiza os alimentos segundo o propósito e a extensão do processamento – e não de acordo com o tipo de nutriente predominante no alimento. Nessa perspectiva, deixam de ser tratados apenas como carreadores de nutrientes e fornecedores de calorias”.
(Na classificação NOVA, que já está sendo usada como referência por pesquisadores no mundo inteiro, os alimentos são categorizados em quatro grupos: In natura e minimamente processados, Ingredientes culinários, Processados e Ultraprocessados).
O NutriNet
Para realizar o estudo, o Nupens espera contar com a participação de, pelo menos, 200 mil voluntários, de todas as regiões do Brasil, que se cadastram pela Internet, inclusive pelo celular, e passam a responder, com frequência a pequenos questionários (enviados por email ou SMS), sobre sua alimentação, sua saúde e outros fatores que podem influenciar o risco de doenças crônicas.
As respostas serão enviadas, com segurança, para o sistema InterNuvem da USP, onde ficarão armazenadas sem que seja possível identificá-las, guardando portanto, o sigilo.
Segundo o Nupens, “a relação entre alimentação e doenças crônicas é extremamente complexa e só pode ser analisada por estudos que acompanhem por longos períodos e detalhadamente as características da alimentação e o estado de saúde de um grande número de pessoas”.
“Estudos deste tipo, realizados em alguns países europeus e nos Estados Unidos, têm identificado padrões de alimentação que, claramente, protegem as pessoas de doenças crônicas, como a chamada ‘dieta mediterrânea’, ou, ao contrário, padrões que aumentam o risco daquelas doenças, como a chamada ‘dieta ocidental’. Entretanto, o conhecimento gerado por um estudo em determinado país nem sempre tem aplicação imediata em outros lugares, uma vez que padrões de alimentação tendem a ser específicos de cada país ou mesmo de cada região de um país”.
“O Estudo NutriNet Brasil irá identificar padrões de alimentação efetivamente praticados nas várias regiões do Brasil e desvendar a relação desses padrões com o risco de obesidade, diabetes, doenças do coração, câncer e outras doenças crônicas que afetam milhões de brasileiros”.
Eu já me inscrevi e estou participando. Se você quiser fazer o mesmo é só acessar: https://nutrinetbrasil.fsp.usp.br/.