Tabagismo custa US$ 2 trilhões por ano à economia mundial

08.03.18


Agência EFE

EFE/Angel Diaz

O consumo de cigarro custa por ano US$ 2 trilhões à economia mundial, o que representa cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme um relatório apresentado nesta quinta-feira na Conferência Mundial sobre Tabaco e Saúde (WCTOH).

O tabaco é, além disso, a causa de 7 milhões de mortes por ano (5,1 de homens e 2 de mulheres), sendo que quase 900 mil delas são por culpa da fumaça de terceiras pessoas, de acordo com dados da 6ª edição do “Atlas do Tabaco”, elaborado pela Associação Americana do Câncer (ACS) e pela Organização de Saúde Vital Strategies.

A grande maioria das mortes (80%) acontece em países de baixa ou média rendas e, no total, no mundo há 1,1 bilhão de fumantes.

“Em países como a Indonésia quase 90% da população poderia estar exposta a fumaça de outras pessoas”, apontou, durante a apresentação do relatório, Neil Schluger, coautor do documento, na Cidade do Cabo, onde acontece o fórum.

O estudo insiste, além disso, em como as grandes empresas da indústria do cigarro apontam deliberadamente aos países menos desenvolvidos para maximizar os seus lucros, aproveitando a falta de regulamentação e a capacidade que têm de influenciar governos, agricultores e setores de população vulnerável.

“África e o Oriente Médio estão num ponto de inflexão para evitar números de epidemia”, assinalaram os responsáveis da 17ª da WCTOH, que tem a participação da Organização Mundial da Saúde (OMS), em comunicado.

Na região da África Subsaariana, o consumo aumentou 52% entre 1980 e 2016, graças a estratégias agressivas de mercado e ao crescimento populacional.

“O Atlas do Tabaco” foi um dos assuntos centrais do segundo dia da WCTOH, que acontece até amanhã na Cidade do Cabo como o principal fórum de seu tipo em nível mundial. Impulsionada pela OMS e outras instituições afins, estima-se que passarão pelo evento 2 mil pessoas de mais de 100 países, entre cientistas, profissionais da saúde, funcionários, políticos e membros de organizações civis.

Durante o dia também foram abordados outros assuntos, como a regulação impositiva, os efeitos nos jovens, a relação entre tabagismo e outras doenças, como Aids e tuberculose, nos ambientes de baixos recursos, e o uso de substitutos tecnológicos ao cigarro tradicional. Diferentes especialistas alertaram dos riscos que estas novas soluções tecnológicas trazem quando não há uma legislação apropriada nem estudos suficientes para determinar o seu impacto no humano.

“Temos uma longa história com empresas que anunciaram produtos supostamente mais seguros, mas que de fato não eram. A comunidade de controle do tabaco está muito alerta e é muito consciente e verdadeiramente quer mais pesquisas”, explicou à Efe Kelly Henning, diretora de Saúde Pública da Fundação Filantrópica Bloomberg, que também organiza o evento.

Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, a conferência também lançou uma mensagem para pedir que a luta contra o tabagismo tenha perspectiva de gênero. No painel “Mulheres, desenvolvimento e controle de tabaco”, especialistas lembraram que, dado que não há mulheres nas principais cúpulas de decisão e pesquisa, corre-se o risco de passar por cima da população feminina e dos seus problemas específicos.

Lorena Greaves, do Centro de Excelência para a Saúde das Mulheres da Colúmbia Britânica, no Canadá, por exemplo, afirmou que a luta contra o tabagismo deve “evitar estereótipos de gênero” que fazem com que, atualmente, sejam destacados temas como “a saúde do feto” para as mulheres, o que as transforma em “potes reprodutivos”, diferentemente dos alertas feitos para os homens.




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