Consumo excessivo de bebida alcoólica pode prejudicar sistema imune

08.04.20


Folha de São Paulo

O consumo de bebida alcoólica interfere na possibilidade de contrair o coronavírus? Há um limite de ingestão de álcool acima do qual a pessoa fique mais suscetível ao contágio?

O consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode resultar em prejuízos diversos ao organismo, afetando inclusive o sistema imunológico, conforme explica Helio Vannucchi, médico e professor titular sênior da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

Especialista em alcoolismo, ele explica que a OMS (Organização Mundial da Saúde) estabelece como aceitável o consumo diário de uma dose para mulheres e duas doses para homens. A recomendação geral de especialistas para pessoas saudáveis é não ultrapassar 30 gramas de etanol por dia, quantidade que o sistema enzimático tem capacidade para metabolizar.

No Brasil, o teor alcoólico da cerveja é de cerca de 3,5% a 5%, o que significa que pode ter até 18 gramas de etanol. No caso do vinho, a concentração é de 11% –que pode variar conforme a uva e região de origem– o que corresponde a 10 gramas. Já em bebidas destiladas, esse teor chega a 45% no caso do uísque e 40% na cachaça, o equivalente a 25 gramas.

"Quem costuma beber diariamente mais de duas latas de cerveja ou duas doses de destilado, como uísque ou cachaça, deve ser informado de que o nível de álcool presente nessas quantidades está acima do recomendado pela OMS e pode causar danos ao organismo", afirma Vannucchi.

O médico explica que o excesso o etanol compromete o sistema nervoso, podendo causar alterações psíquicas ou comprometer movimentos, reflexos e coordenação, eleva os batimentos cardíacos, aumenta a pressão arterial, causa lesões no sistema digestivo e compromete o pâncreas e o fígado, principal órgão afetado, podendo ocasionar acúmulo de gordura, que pode evoluir para cirrose ou mesmo câncer.

Além dessas patologias, o consumo em excesso também interfere no sistema imunológico. "Ocorre interferência no funcionamento das células como leucócitos, monócitos e outras muito importantes no sistema imunitário. Verifica-se igualmente a existência de alterações dos níveis de citocinas, que sinalizam a atividade do sistema imune", diz.

No caso da infecção pelo novo coronavírus é preciso considerar ainda que o alto grau de estresse geral certamente influencia a resposta imunológica, acrescenta Vannucchi. (Géssica Brandino)

https://aovivo.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/03/17/5890-veja-perguntas-e-respostas-sobre-coronavirus-e-mande-suas-duvidas.shtml#post400038




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