Alerta no combate ao tabagismo

07.08.23


O Globo

Brasil precisa avançar no controle do tabagismo
Brasil precisa avançar no controle do tabagismo — Foto: Ana Branco

O Brasil é um dos países mais avançados do mundo no controle do tabagismo, contando com proibição de consumo de tabaco em locais públicos fechados, de publicidade, promoção e patrocínio de produtos e restrição de venda a menores de idade, além de divulgar advertências sanitárias nas embalagens de cigarro. Tais medidas são recomendadas e referendadas pela Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) da Organização Mundial da Saúde, da qual o país é signatário.

Analisando dados do Global Tobacco Control Progress Hub — ferramenta que monitora o progresso da CQCT criada por ASH Canadá e Instituto para o Controle Global do Tabaco, da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health —, constata-se que o país é o 18º colocado de 180 no ranking de implementação de políticas regulatórias. Nas Américas, é o mais eficaz para controlar a demanda por tabaco em nível nacional. Entretanto ainda precisa avançar.

Os dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), que incluem cigarros eletrônicos, vapes e produtos de tabaco aquecido, podem conter níveis variados de nicotina e tabaco com sabores e outros aditivos potencialmente tóxicos. Por decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sua comercialização, propaganda e importação foram proibidas em 2009 com base no princípio da precaução — determinação mantida em nova avaliação, em 2022.

O estudo Covitel 2023 diz que, embora sejam utilizados diariamente por menos de 1% dos brasileiros, a prevalência de seu uso não diário é maior na população entre 18 e 34 anos — 20,5% têm a curiosidade como motivação, e 11,6% disseram que é porque “está na moda”. Entende-se melhor esse quadro se considerarmos a grande variedade de marketing e de veículos de comunicação disponíveis para esse público.

Estudos da ACT Promoção da Saúde mostraram estratégias de marketing para promover esses produtos nas mídias sociais durante a pandemia de Covid-19 e garantir sua venda, que é proibida, por meio de aplicativos de entrega em três cidades brasileiras. Segundo o Movimento de Denúncia e Fiscalização do Tabaco (Term), plataforma de monitoramento de mídia social da Vital Strategies, o marketing de cigarros eletrônicos na Índia, na Indonésia e no México apresenta os produtos como atraentes e modernos.

Essas técnicas fazem parte da mesma estratégia usada pela indústria do tabaco há décadas, com a participação de celebridades. Do streaming de reality shows a influenciadores digitais, milhões de jovens são alvo do marketing de tabaco e DEFs, sem qualquer tipo de advertência sobre seus danos.

É importante impedir que essas estratégias interrompam o progresso que o Brasil obteve nas últimas décadas para a redução do tabagismo. Isso só pode ser feito com o monitoramento da publicidade e do comércio eletrônico, inspeções regulares e reforçadas nos pontos de venda e parcerias com órgãos de controle de fronteiras para impedir o contrabando desses dispositivos.

*Mônica Andreis é diretora da ACT Promoção da Saúde, Graziele Grilo é líder regional para a América Latina do Instituto para o Controle Global do Tabaco da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, Mariana Pinho é coordenadora do Projeto Tabaco da ACT Promoção da Saúde

 

https://oglobo.globo.com/opiniao/artigos/coluna/2023/08/alerta-no-combate-ao-tabagismo.ghtml




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