Coronavírus e doenças crônicas | Boletim ACT 159
26.03.20
Editorial
Normalmente, ao elaborarmos a pauta do Boletim da ACT, analisamos a programação mensal de eventos, campanhas, a agenda do Congresso Nacional e novidades das ações judiciais que acompanhamos. É quase desnecessário dizer que, neste mês, tudo isso foi completamente suplantado pela evolução do Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, no Brasil e no mundo.
Por isso, optamos por fazer uma edição especial, focada principalmente no Covid-19 e nas doenças crônicas não transmissíveis e seus fatores de risco, nossa pauta de trabalho. Conversamos com especialistas para entender por que pessoas que fumam são mais suscetíveis a complicações, quais cuidados devem ser tomados com relação à alimentação e como evitar o sedentarismo em tempos de isolamento social. Também analisamos questões como o congelamento de gastos com a saúde e como isso pode interferir no combate ao coronavírus. Em época em que as fake news se multiplicam, também achamos essencial desmistificar algumas "teorias", como a de que alguns "super alimentos" poderiam ajudar a prevenir a doença (nossos parceiros do Joio e o Trigo já publicaram um ótimo texto sobre isso - e, spoiler, apenas uma alimentação adequada constante pode, de fato, ajudar no funcionamento do sistema imunológico). Mais ao final do boletim, temos também algumas atualizações sobre tópicos não relacionados com o Covid-19.
A pandemia de coronavírus trouxe muitos medos e incertezas, reações jamais vistas de fechamento de fronteiras, isolamento em massa, mudança abrupta de rotina para bilhões de pessoas em todo o mundo. O desconhecimento, a falta de controle e a vulnerabilidade humana ficaram expostos. Sim, porque no dia a dia muitas vezes vivemos com certa ilusão de controle, que se esvai diante de uma notícia inesperada ou uma doença que se instala.
Agora, toda a humanidade foi atingida de uma vez. Isso nos relembrou que, independente de origem, etnia ou credo, somos todos iguais. E vivemos num único planeta, que seguirá conosco ou apesar de nós. Essa consciência aflige, mas, ao mesmo tempo, desperta. Cooperação mútua, seja entre países ou entre vizinhos, salvam vidas. A solidariedade, tantas vezes em falta, brota tal qual a planta que insiste em aparecer em meio ao concreto. E a solidariedade aplaca a ansiedade. Saúde não é apenas um conceito, e o equilíbrio a nossa volta tem papel fundamental para nosso futuro.
Olhemos para nossos erros e descaminhos como humanidade, para construir novos aprendizados, mas olhemos também para a necessidade de união, da construção de um futuro mais harmônico e respeitoso ao mundo em que vivemos e ao próximo. Que o isolamento de hoje signifique maior união no amanhã.
Boa leitura, fique em casa se puder e lave as mãos com frequência. Ah, e outra mudança pontual: neste mês, o Editorial não foi escrito pela Anna, que está de férias. No mês que vem ela estará de volta.
Mônica Andreis | Diretora Executiva da ACT
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Entrevistas especiais: coronavírus, DCNTs e fatores de risco
O Covid-19 é uma doença muito recente e, portanto, ainda pouco estudada e compreendida. No entanto, experiências anteriores com condições semelhantes (como a SARS, a MERS e o H1N1) e análises preliminares dos primeiros casos documentados já permitem aos profissionais de saúde identificar alguns padrões e fatores que podem influenciar na evolução da doença. Sabe-se, por exemplo, que, de maneira semelhante ao visto nas doenças crônicas não transmissíveis, o tabagismo pode agravar doenças respiratórias (caso do Covid-19) e a alimentação adequada e a prática regular de atividades físicas podem ajudar a fortalecer o sistema imunológico.
Por se tratarem de temas tão diversos, convidamos seis profissionais para conversar sobre a possível relação entre esses fatores e o Covid-19 e maneiras de cuidar da saúde em tempos tão difíceis e incertos. O doutor João Paulo Becker Lotufo, pediatra do HU-USP e criador do projeto Dr. Bartô e os Doutores da Saúde, falou sobre a influência do fumo e do consumo abusivo de álcool em pacientes com doenças respiratórias; as nutricionistas Ana Maria Maya, Bruna Kulik Hassan, Camila Maranha e Kelly Alves, da equipe da ACT, se uniram para esclarecer o papel da alimentação para a saúde como um todo, com um olhar especial sobre a pandemia pela qual passamos; e, por fim, o professor Ricardo Brandão de Oliveira, coordenador do Laboratório de Vida Ativa da UERJ, mostra como manter um nível adequado de atividade física em épocas de isolamento social.
João Paulo Becker Lotufo (HU-USP)
Várias organizações, como o Inca (Instituto Nacional de Câncer), emitiram alertas sobre a possibilidade de pessoas fumantes serem mais suscetíveis a complicações caso contraiam Covid-19. O senhor concorda com essa avaliação? Se sim, poderia explicar os motivos que levam o tabagismo a ser um fator de risco para quadros mais severos de Covid-19?
Concordo plenamente pois um pequeno estudo publicado no Chin. Med. Journal em fevereiro deste ano demonstrou que, numa pequena amostra de 78 pessoas com Covid-19, comparando a progressão ou piora da doença com o grupo que teve evolução benigna do Covid-19, quem fumava aumentou em 14,28 vezes a chance de estar no grupo onde a doença evoluiu mal, até com óbitos. Os motivos podem ser o processo inflamatório de que o cigarro já causa no pulmão, mas, independente da causa, as estatísticas não mentem.
E com relação a outros produtos de tabaco, como narguilé e cigarros eletrônicos? Eles também apresentam um risco a mais para os pacientes com Covid-19?
Não precisamos de muita técnica para saber que toda fumaça que entra no pulmão, ativa ou passivamente, quer seja por charuto, cachimbo, narguilé ou maconha, é propensa a inflamar a mucosa respiratória. Já o consumo de narguilé ou cigarro eletrônico sem assepsia pode contaminar a todos que estão na roda fumando no mesmo bocal. Isso já aconteceu com o vape, ou cigarro eletrônico.
Existe alguma indicação de que o consumo de bebidas alcóolicas também possa estar relacionado a complicações do Covid-19?
Primeiro, o álcool é o gatilho do cigarro. Segundo, qualquer droga utilizada deteriora o organismo. E álcool é droga. Para o dependente de álcool, ficar em casa é um problema, pois "o bar da esquina" não faz parte de sua casa. Devemos aproveitar o período de confinamento para passarmos o periodo de abstinência.
Ana Maria Maya, Bruna Kulik Hassan, Camila Maranha e Kelly Alves (ACT Promoção da Saúde)
Uma busca rápida na internet mostra diversas receitas e alimentos que supostamente ajudariam na prevenção do Covid-19 e de complicações da doença. Há alguma evidência científica que justifique isso?
Uma busca rápida pela internet nos apresenta diversos alimentos que prometem efeitos milagrosos diversos e, para o corona, não é diferente. Mas não existem protocolos técnicos nem evidências científicas que confirmem a existência de alimentos que contribuam para a melhora do Covid-19. O fato é que devemos manter uma alimentação saudável, para manter o sistema imunológico fortalecido e, assim, a saúde.
O que define uma alimentação saudável?
É uma alimentação rica em alimentos in natura e minimamente processados, seguindo as recomendações do Guia Alimentar para a População Brasileira. O Guia também recomenda que se deve evitar o consumo de alimentos ultraprocessados, como os salgadinhos de pacote, preparações congeladas prontas para o consumo (como lasanhas), refrigerantes, sucos industrializados de caixinha, biscoitos recheados e outros.
Os ultraprocessados têm mais tempo de prateleira, mas a saúde perde com seu consumo. Em isolamento, há cada vez mais relatos da associação da ansiedade ao aumento do consumo alimentar. Além disso, pesquisas relacionam o comer compulsivo com a ansiedade. Pela elevada palatibilidade e muita publicidade, os alimentos ultraprocessados estimulam o consumo em excesso. Assim, é importante que se evite comprá-los.
Como, então, manter uma alimentação saudável em tempos tão difíceis como o momento atual?
É possível manter uma alimentação saudável em tempos de coronavírus. Os alimentos in natura e minimamente processados podem ser comprados, higienizados e armazenados por mais tempo. Mantenha o estoque abastecido, evitando idas contínuas e diárias ao mercado. É importante entender que estocar não é fazer compras excessivas, o que pode desabastecer os mercados e elevar o preço para todos. Prepare sua comida, congele o que achar necessário e compre de pequenos agricultores.
Manter um estilo de vida saudável é essencial, especialmente durante esse período de surto do Covid-19. Além de manter os hábitos alimentares saudáveis, as pessoas devem se manter fisicamente ativas, deixar de fumar, evitar o consumo de álcool e ter bons hábitos de sono. Também é importante ter estratégias para manutenção da saúde mental, evitar contato com pessoas doentes e, para aqueles que tomam medicamentos de uso contínuo, mantê-los na periodicidade e forma corretas. Mesmo pessoas que já mantêm hábitos saudáveis devem seguir as orientações preventivas e protetivas dadas pelos órgãos de saúde responsáveis.
Do ponto de vista das políticas em alimentação e nutrição, existe algo que possa ser feito para auxiliar no combate ao novo coronavírus?
Ainda não existem comprovações científicas quanto à existência de alimentos e/ou nutrientes que ajudem no combate ao Covid-19. Mas, na perspectiva da alimentação e nutrição, há iniciativas que podem ser efetivas para minimizar impactos do vírus, como a manutenção dos equipamentos públicos de Segurança Alimentar e Nutricional: oferecimento de alimentação às populações mais vulneráveis; fortalecimento do Programa Nacional de Alimentação Escolar, com o objetivo de garantir alimentação para milhares de crianças que dependem do alimento oferecido nas escolas; e o Programa de Aquisição de Alimentos, além de outros programas que incentivem a produção da agricultura familiar e promovam o escoamento dos alimentos produzidos. Novas formas de reabestecimento das populações e entrega de gêneros foram realizadas em outros contextos e podem ser aplicadas no cenário nacional.
Caso nada seja feito pelo governo, e dependendo da extensão dos impactos do Covid-19 a longo prazo, isso pode impactar negativamente a produção de alimentos: com baixa demanda e redução do poder aquisitivo da população, os produtores podem ter que reduzir a produção e isso levar ao desabastecimento.
Já estamos vendo desafios, em termos de logística, envolvendo o movimento de alimentos (não ser capaz de mover alimentos do ponto A ao ponto B), e o impacto da pandemia no setor pecuário, devido à redução do acesso à alimentação animal e matadouros com capacidade reduzida (devido a restrições logísticas e escassez de mão-de-obra), semelhante ao que aconteceu na China. Os bloqueios nas rotas de transporte são particularmente obstrutivos para as cadeias de suprimento de alimentos frescos e também podem aumentar a perda e o desperdício de alimentos. As restrições de transporte e as medidas de quarentena provavelmente impedirão o acesso dos agricultores aos mercados, restringindo suas capacidades produtivas e impedindo-os de vender seus produtos. A escassez de mão-de-obra pode atrapalhar a produção e o processamento de alimentos, principalmente em culturas que demandam muito trabalho.
O que pode ser feito para assegurar a segurança alimentar dos alunos que dependem das refeições feitas nas escolas enquanto elas estão fechadas?
Um exemplo do que pode ser feito é repassar o dinheiro da alimentação para as famílias que recebem o Bolsa Família, como está sendo feito no Distrito Federal, como medida de resposta ao Covid-19. Já em Florianópolis, a prefeitura anunciou a criação do “cartão-merenda escola” que vai pagar uma cesta básica mensal para os alunos em situação de vulnerabilidade da rede municipal de ensino, durante a suspensão das aulas.
Cada estado/município pode adotar estratégias diversas, o importante é não deixar as crianças sem uma alimentação adequada e saudável. É preciso considerar que essas famílias contavam com a garantia da alimentação desses alunos e que, na atual situação de demissões e risco de suspensão de salários, as famílias se encontram em situação de vulnerabilidade social ainda maior. Os governos locais, regionais e federais precisam prever mecanismos para que elas consigam se manter adequadamente nos seus domicílios, sem que seus direitos básicos, como a alimentação, sejam feridos. É preciso garantir que as necessidades alimentares emergenciais sejam atendidas, ajustar programas de proteção social, ampliar o suporte nutricional, apoiar a gestão e prevenção da desnutrição e ajustar os programas de alimentação escolar para continuar entregando comida, mesmo quando as escolas estão fechadas.
Ricardo Brandão de Oliveira (UERJ)
Como podemos manter o nível de atividade física em tempos de quarentena e isolamento social?
Em tempos de isolamento social, manter-se ativo pode exigir soluções criativas! Isso inclui tecnologias digitais que permitem que você seja ativo em sua casa, e não na academia ou no estúdio de ioga. Muitos ótimos aplicativos estão disponíveis. Pergunte ao Google!
Seja criativo e tire proveito das novas possibilidades geradas pelo COVID-19. Enquanto trabalha em casa, aproveite para interagir mais com seu parceiro, filhos e/ou animais de estimação. Escolha a sua música favorita, aumente o volume e dance com a sua família. A dança é uma ótima forma de se exercitar, além de ser muito divertida! Brinque com seus filhos, sente-se no chão com eles e aproveite para alongar seu corpo. Use o seu tempo extra para programar exercícios durante o dia enquanto estiver em casa. Organize-se!
Exemplos de exercícios em casa incluem caminhar na própria casa ou até o supermercado, quando for estritamente necessário, carregar mantimentos, fazer faxina, subir escadas, sentar-se e levantar-se usando uma cadeira ou chão, realizar agachamentos, abdominais e flexões. Tudo conta! Descubra o que funciona para você e respeite seus limites. Sua meta é tentar realizar ao menos 30 minutos de atividade física por dia e fugir do sofá! Cuidado com o tempo excessivo de tela, evite muita televisão, vídeogames e celulares. É difícil, mas não é impossível!
E lembre-se, a atividade física regular é uma grande aliada no gerenciamento do estresse e da ansiedade.
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Mais organizações e profissionais da saúde alertam para possíveis complicações de Covid-19 devido ao tabagismo
Embora o Covid-19 tenha surgido há pouco tempo, análises preliminares e históricos de outras doenças respiratórias indicam que pessoas que fumam podem ser mais suscetíveis a complicações da doença. Por isso, assim como o doutor Lotufo na entrevista deste boletim, várias organizações e profissionais da área da saúde vêm alertando a esse respeito, como o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o Secretariado da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT), o doutor Drauzio Varella, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a organização Campaign for Tobacco-Free Kids, entre muitos outros.
Segundo o Secretariado da CQCT, dois dos possíveis motivos para essa vulnerabilidade são as mudanças estruturais nas vias respiratórias causadas pela fumaça do tabaco e pelos componentes dos produtos e os efeitos causados no sistema imunológico, pois o fumo enfraquece as células de defesa do corpo e a produção de anticorpos.
Especificamente no caso do narguilé, há um risco adicional: pelo fumo comumente ocorrer de maneira coletiva, com as pessoas compartilhado um mesmo bocal, a chance de transmissão de microorganismos nocivos à saúde, como vírus e bactérias, é muito grande. Além disso, a água presente no mecanismo pode facilitar a sobrevivência deles. Por esses motivos, países como Irã, Paquistão e Qatar proibiram o uso em bares, restaurantes e cafés, e a ACT prepara uma recomendação à Vigilância Sanitária pedindo que a mesma medida seja adotada no Brasil.
Como bem destacou o doutor Drauzio, se você é fumante e deseja parar, a hora exata é agora.
Covid-19 e doenças crônicas
Doenças crônicas como o câncer, a diabetes e as doenças cardiorrespiratórias já eram um dos principais problemas de saúde pública do mundo, e agora elas também parecem estar associadas a complicações mais frequentes do Covid-19. Aqui no Brasil, dados da última pesquisa Vigitel, do Ministério da Saúde, mostram um cenário preocupante:
- 24,7% da população brasileira tem diagnóstico de hipertensão;
- 7,7% tem diagnóstico de diabetes;
- 9,3% dos adultos são fumantes;
- 55,7% dos adultos tem excesso de peso;
- 19,8% são obesos;
- 44,1% não alcançaram um nível suficiente de prática de atividade física;
- 17,9% fizeram uso abusivo de álcool nos 30 dias antecedentes à pesquisa.
Diversas associações da área da saúde e que trabalham especificamente com doenças crônicas, como a Sociedade Brasileira de Diabetes, a Fundação do Câncer, a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a Associação Médica Brasileira e o Instituto Nacional de Câncer, vêm reunindo informações e alertando sobre os cuidados redobrados que pacientes com condições prévias devem tomar.
A pandemia do coronavírus vem impactado severamente a vida das pessoas e nossa forma de ver o mundo. O momento é de crise, mas também uma oportunidade para refletirmos e agirmos, a longo prazo, na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis. Muitas delas podem ser evitáveis, e queremos, mais do que nunca, saúde para todas e todos os brasileiros.
Para enfrentar coronavírus, entidades recomendam revogação da Emenda Constitucional 95/2016
Revogar imediatamente a Emenda Constitucional 95/2016, que estabeleceu o congelamento de investimentos em várias áreas, incluindo a saúde, é uma das recomendações do Conselho Nacional de Saúde (CNS) no contexto do combate ao novo coronavírus. De acordo com a nota, a Emenda Constitucional retirou verbas da saúde, acumulando prejuízo ao SUS, entre 2018 a 2020, de R$ 22,48 bilhões. Ao longo de duas décadas, os danos são estimados em R$ 400 bilhões a menos para o sistema de saúde. A ACT Promoção da Saúde é conselheira eleita do CNS.
Outras entidades, como a Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), também se manifestaram a favor da revogação da medida.
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GT da Sociedade Civil pela Agenda 2030 divulga nota de preocupação sobre veto aos ODS no Plano Plurianual do governo
O Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030), do qual a ACT faz parte, divulgou uma nota de preocupação sobre o Veto nº 61/2019 da Presidência da República, que excluiu a persecução das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Plano Plurianual 2020-2023.
Para os especialistas do GT Agenda 2030, o veto é grave, pois indica que o governo federal não tem interesse em manter, e muito menos ampliar, políticas sociais e ambientais sustentáveis. “Esse desprezo pelo compromisso assumido em 2015, ao lado de outros 192 países, já havia sido manifestado com a extinção da Comissão Nacional dos ODS, por meio do Decreto nº 9.759, de 11 de abril de 2019, que acabou com centenas de colegiados da administração pública federal”, lembra a nota. Mais informações sobre o caso podem ser encontradas em artigo no blog da ACT.
Apoie o Prato Cheio, podcast do Joio e o Trigo
A primeira temporada do podcast Prato Cheio, dos nossos parceiros do site O Joio e o Trigo, foi um sucesso, e agora sua ajuda é necessária para a continuação do projeto - o único especializado em investigações sobre alimentação do ponto de vista político.
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Vamos fazer esse bolo crescer!
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ACT Legal
Desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) havia decidido que a Souza Cruz, a Phillip Morris e suas matrizes estrangeiras teriam até o final de março para apresentar sua defesa em ação ajuizada pela União/Advocacia-Geral da União (AGU), proposta em maio/2019 e tramitando na 1ª Vara Federal de Porto Alegre, que cobra o ressarcimento dos gastos federais com o tratamento de 26 doenças relacionadas ao tabagismo e tabagismo passivo.
As empresas brasileiras se recusaram a receber a notificação da ação em nome das estrangeiras, como foi determinado em primeira instância, alegando que são apenas subsidiárias e que as citações deveriam ser endereçadas diretamente a suas matrizes - a British American Tobacco PLC e Philip Morris International.
A AGU defende que as empresas brasileiras são os braços operacionais de suas controladoras internacionais e que têm plenas condições de receber a notificação por suas matrizes. Assim, não há a necessidade de fazer essa citação no exterior, já que essas empresas estão presentes no Brasil através de suas subsidiárias, comercializando o mesmo produto que vendem ao redor do mundo. Há precedentes do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que consideram válida a citação dessa forma.
As empresas recorreram ao TRF1 e pleitearam a suspensão do prazo para apresentação da defesa até a solução da controvérsia, o que não foi permitido pelo desembargador relator em março/2020. No entanto, o prazo para apresentar a defesa, 31 de março, acabou por ser suspenso por conta da COVID-19, enquanto perdurarem as medidas preventivas e emergenciais.
Rotulagem no Uruguai
A rotulagem nutricional frontal por advertências no Uruguai, aprovada em 2018, teve sua implementação adiada por meio de um Decreto que aumentou para 120 dias, a partir de 1º de março de 2020, o prazo para o início da vigência medida. O Decreto também criou uma comissão governamental para avaliar a harmonização com a regulação do Mercosul sobre o tema.
O modelo de rotulagem nutricional frontal adotado pelo Uruguai é similar ao do Chile, com o uso de octógonos com mensagens de advertências para a presença de excesso de gorduras, gorduras saturadas, sódio e açúcar em alimentos ultraprocessados.
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Artigo do mês
- A chama acesa do coronavírus: a relação entre a pandemia de covid-19 e a epidemia do tabagismo (Renata Domingues Balbino Munhoz Soares para Estadão, 21/03/2020)
Notícias
- Diabetes aumenta risco de complicações do novo coronavírus em até três vezes (Globo, 17/03/2020)
- Alimentação de 85 milhões de alunos latino-americanos em risco pelo coronavírus (FAO) (UOL, 17/03/2020)
- Vape e cigarro aumentam risco de infecção grave por coronavírus (Tecmundo, 18/03/2020)
- Ambev embala ação de marketing como filantropia e vende patrocínios em garrafas de álcool em gel (The Intercept Brasil, 20/03/2020)
- Saúde alerta: uso do narguilé ajuda a disseminar o coronavírus (Metrópoles, 21/03/2020)
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Boletim ACT 159
Diretoria: Paula Johns (Diretora Geral), Mônica Andreis (Diretora Executiva), Anna Monteiro (Diretora de Comunicação), Daniela Guedes (Diretora de Campanhas e Mobilização), Fabiana Fregona (Diretora Financeira), Adriana Carvalho (Diretora Jurídica)
Editoração: Anna Monteiro
Redação: Juliana Cenoz Waetge, Mônica Andreis, Rosa Mattos
Revisão: Juliana Cenoz Waetge
ACT Legal: Adriana Carvalho, Joana Cruz, Maria Paula Russo Riva
Mídias sociais: Victória Rabetim
Produção gráfica: Ronieri Gomes