É saudável para o país a mudança nos rótulos de produtos processados

03.05.22


O globo

É sensata a preocupação com os índices de obesidade no país. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), ela aumenta o risco de várias doenças, onera os sistemas de saúde e se tornou um dos cinco maiores riscos de mortalidade no mundo.

Como mostrou reportagem do GLOBO, dados do Ministério da Saúde (apenas das capitais) mostram que, desde 2006, a cada ano 360 mil brasileiros com mais de 18 anos passaram a sofrer com o excesso de peso. A maior parte se tornou obesa. Em 2021, 57% dos moradores das capitais tinham sobrepeso. A julgar pelos números, não se trata de problema sazonal. Dos 16 anos em que é feita a pesquisa do ministério, em 13 foi constatado aumento dos índices. Em apenas três eles ficaram estáveis.

A escolha não envolve apenas aspectos nutricionais. Uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais mostrou que, em 1995, alimentos saudáveis eram baratos: custavam em média 53% dos processados. Em 2017, já atingiam 70%. A previsão era que os processados se tornassem mais baratos somente em 2026. Com a aceleração da inflação e eventos climáticos que prejudicam as safras, já se trabalha com a possibilidade de que isso aconteça ainda neste ano.

Claro que a escolha entre comprar um produto natural ou um processado sempre deve caber ao cidadão. Mas o Estado não pode abrir mão de seu papel de promover políticas públicas que tornem essas escolhas mais transparentes e contribuam para melhorar a saúde da população. Não adianta a indústria alegar que as informações já estão na embalagem se só podem ser lidas com lupa. O consumidor precisa saber o que leva para casa, de modo a arcar com os riscos de suas decisões. “A rotulagem frontal de advertência já é adotada noutros países, como Chile, Uruguai e México, com bons resultados”, afirma Paula Johns, diretora-geral da ONG ACT-Promoção da Saúde. “Poderia ser melhor, se tivéssemos adotado o modelo recomendado pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), mais rigoroso.”

A medida não encerra o assunto. A ingestão de alimentos industriais nas cantinas das escolas também deveria merecer atenção dos governos, pelo efeito nocivo na saúde das crianças. Não faltam projetos de lei para discipliná-la, incentivando a venda de alimentos naturais e desestimulando a oferta de processados nesses ambientes. Mas eles permanecem entalados no Legislativo graças à pressão da indústria alimentícia. A luta por uma alimentação saudável deveria ser tarefa de todos, especialmente de políticos sob escrutínio de seus eleitores.

https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/e-saudavel-para-o-pais-mudanca-nos-rotulos-de-produtos-processados.html




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