Entrevista com Diogo Alves, debate sobre cigarros eletrônicos, Doce Veneno, Vigitel e Covitel | Boletim ACT 181

06.05.22


ACT Promoção da Saúde

 

 

Editorial

 

É simples assim: a indústria produz, a propaganda vende, a sociedade paga. Em uma frase com três sujeitos, a campanha Doce Veneno,  da ACT e da Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável, resume a dinâmica de comercialização das bebidas adoçadas. É um ciclo que começa com incentivos fiscais concedidos aos fabricantes e termina provocando obesidade, diabetes, câncer e complicações cardiorrespiratórias, entre outros problemas de saúde. A campanha se propõe a envolver a sociedade como parte da luta por políticas públicas em prol da melhoria da qualidade de vida da população.

Entre essas políticas públicas está a tributação de produtos que prejudicam a sociedade como um todo, para torná-los mais caros e, portanto, menos acessíveis. Com o cigarro, deu certo, ajudando milhares de pessoas a parar de fumar. Também há evidências positivas de países que aumentaram os tributos de refrigerantes e bebidas adoçadas.   

Políticas públicas de regulação de marketing, preços e impostos também precisam ser adotadas para bebidas alcoólicas, pois chama a atenção seu consumo abusivo na região das Américas e especificamente no Brasil. Tomar muitas doses de bebidas alcoólicas em momentos episódicos curtos, conhecido como binge drink, cresceu 25% no Brasil, segundo pesquisas, que também mostram que mulheres vêm bebendo mais que os homens. Desafios e possibilidades nessa área são o centro da entrevista desta edição, com Diogo Alves, consultor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Destacamos também os índices de saúde da população apresentados pela pesquisa Vigitel e os impactos negativos da pandemia registrados no Covitel, estudo a respeito dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) em tempos de pandemia.

Saber que as DCNTs estão aumentando torna ainda mais importante as medidas regulatórias para frear seus fatores de risco. Por isso, no enfrentamento do tabagismo, é essencial a participação na chamada para contribuições a respeito dos novos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs), aberta pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária até 10 de junho. O objetivo é aprimorar o relatório parcial de análise de impacto regulatório dos DEFs com novas evidências, críticas e sugestões.

Por fim, estamos nos articulando com organizações parceiras para celebrar mais um Dia Mundial Sem Tabaco, data para chamar a atenção para os efeitos danosos do tabagismo para a sociedade. Este ano, o tema escolhido pela Organização Mundial da Saúde foi o tabaco e o meio ambiente. Acompanhe nossas redes sociais e participe.

 

Boa leitura,

Anna Monteiro | Diretora de Comunicação

 


 

 

“É necessário comunicar e conscientizar sobre os efeitos do álcool para a saúde”. Esse é um dos grandes desafios na área de controle de bebidas alcoólicas, como explica o consultor da Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde, Diogo Alves. Para ele, é preciso articular com diversos setores da sociedade, incluindo intervenções com Ministérios da Economia, Cidadania, Justiça e Segurança Pública, entre outros, além de requerer normativas do Poder Legislativo. 

Queria que você falasse sobre a prevalência do uso do álcool. Como estão os dados durante e após o pico da pandemia? 

O álcool, substância psicoativa com propriedades que causam dependência, tem sido amplamente utilizado em muitas culturas durante os séculos. O uso nocivo do álcool também pode resultar em danos a outras pessoas, como membros da família, amigos, colegas de trabalho ou estranhos, sendo um fardo significativo em termos sociais, econômicos e de saúde.  

O álcool está plena e parcialmente relacionado a mais de 200 doenças e lesões – ou códigos CID. Os mais comuns são distúrbios mentais e comportamentais, incluindo dependência ao álcool, doenças não transmissíveis graves, como cirrose hepática, alguns tipos de câncer e doenças cardiovasculares, bem como lesões resultantes de violência e acidentes de trânsito.  

Ao longo dos últimos oito anos, o consumo per capita de álcool nas Américas permaneceu estável, porém o “beber episódico pesado”, ou binge drinking, entre pessoas que consomem bebidas alcoólicas aumentou em 12% no ano de 2020. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) mostra um aumento de 25% entre 2013 e 2019. 

Isso nos revela que o consumo de bebidas alcoólicas aumenta cada vez mais e de forma ainda mais nociva. Concomitante a esse cenário, há um fator agravante, à medida que os índices de ansiedade, medo e depressão passaram a ser mais notificados durante a pandemia da Covid-19. De acordo com pesquisas regionais da Opas/OMS, houve um aumento de 25% dos relatos desses males e, só no Brasil, 40% da população relatou problemas relacionados à ansiedade nesse período. Sabe-se que o álcool é um instrumento que as pessoas usam para lidar com emoções e, por isso, o consumo aumentou. No entanto, o impacto da pandemia no uso de álcool e os danos relacionados a longo prazo permanecem desconhecidos. 

O que sabemos é que o uso nocivo do álcool mata. Nas Américas, são mais de 300 mil mortes anuais. Se essas tendências continuarem aumentando, mais de 1 milhão de pessoas morrerão devido ao álcool nas Américas em 2026.  Isso se traduz em sofrimento para várias famílias, impactos no desenvolvimento dos países e sobrecarga nos sistemas de saúde. 

Devemos nos atentar a alguma coisa em especial nesse contexto?

Sim. Na faixa etária de 20 a 39 anos, aproximadamente 13,5% do total de mortes são atribuíveis ao álcool. São pessoas no auge de sua vida. Além disso, o que se observa é que a região das Américas é a segunda região que mais consome álcool, após a Europa. Também é a segunda região que as mulheres mais consomem e a primeira com taxas de transtornos relacionados ao álcool para mulheres. Ainda de acordo com a PNS, enquanto o consumo entre homens teve um leve aumento, entre mulheres foi em mais de 25%. 

Quais as prioridades regulatórias para a Opas? 

A Opas/OMS tem o objetivo de reduzir a carga causada pelo uso nocivo do álcool na saúde e, assim, salvar vidas, prevenir lesões e doenças e melhorar o bem-estar dos indivíduos, das comunidades e da sociedade em geral. 

Como secretariado dos Ministérios da Saúde, a Opas/OMS desenvolve com os Estados membros intervenções custo-efetivas para o uso nocivo do álcool, bem como a criação, compilação e divulgação de informações científicas sobre o uso e a dependência do álcool e suas consequências sanitárias e sociais. Entre as opções mais efetivas, baseadas em evidências, estão:

- Regular e restringir a disponibilidade de álcool, ou seja, como as pessoas têm acesso a bebidas alcoólicas (inclusive adolescentes e jovens);

- Restringir ou proibir a propaganda de bebidas alcoólicas;

- Reduzir a demanda por meio de mecanismos de tributação e preços.

Muitas dessas medidas geram impactos no público jovem, que seria o que mais consome álcool. 

Quais os desafios para a agenda regulatória do álcool no país? 

Os desafios são muitos. É necessário comunicar e conscientizar sobre os efeitos do álcool para a saúde. Adicionalmente, como é um problema que causa impacto em várias áreas, como social e econômica, sua resolução também passa por uma abordagem multissetorial, requerendo envolver e articular intervenções com Ministérios da Economia, Cidadania, Justiça e Segurança Pública, entre outros, além de requerer normativas do poder legislativo. 

Quais as oportunidades que você enxerga em médio/curto prazo? O relatório mais recente da Movendi traz novos insights? Quais os destaques?  E a relação do álcool com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estão sendo trabalhados?

Há muitas oportunidades para se reverter esse cenário. Recentemente, a Movendi lançou um relatório sobre como o álcool impacta a consecução da Agenda 2030. Logo, ao se implementar de forma efetiva programas e políticas de controle de álcool, também se apoiariam os Estados membros a atingirem os ODS, pois esse desafio de saúde pública causa impacto em praticamente todos os 17 ODS. Além disso, neste ano, os Ministros de Saúde do globo se reunirão em Genebra para aprovar uma nova estratégia global para redução do uso nocivo de álcool, com inúmeras intervenções custo efetivas. Trazendo para um recorte nacional, recentemente, o Ministério da Saúde revisou seu Plano Nacional de Doenças e Agravos não Transmissíveis, com metas específicas para álcool e outras enfermidades correlatas, para as quais o álcool é fator de risco. 

 


 

Anvisa recomenda manutenção da proibição de DEFs

A área técnica da Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou, em abril, um relatório como parte do processo de revisão da norma que proíbe a venda de Dispositivos Eletrônicos para Fumar, incluindo os cigarros eletrônicos e os produtos de tabaco aquecido. Elaborado pela Gerência-Geral de Registro e Fiscalização de Produtos Fumígenos Derivados ou não do Tabaco (GGTAB), o relatório destacou que uma possível liberação dos DEFs seria “tecnicamente inviável e potencialmente lesiva à saúde pública” e, portanto, recomendou que a proibição seja mantida, além de ações adicionais como campanhas educativas e aprimoramento na fiscalização de vendas ilegais. Depois, a Anvisa abriu um processo de Tomada Pública de Subsídios (TPS) para receber comentários e contribuições ao relatório, "que irá até 10 de junho.

 

Vape: o cigarro eletrônico é tão nocivo quanto o comum? - Blog do São  Bernardo

 

A ACT publicou uma nota em apoio às conclusões do relatório, que está de acordo com diversas evidências científicas que comprovam os malefícios causados pelos DEFs aos consumidores. Liberar a venda poderia causar um aumento na iniciação do tabagismo por jovens, como aconteceu nos Estados Unidos, e ameaçar os avanços obtidos pelo Brasil na redução da prevalência nas últimas décadas.

Em paralelo, a Fiocruz lançou uma campanha e uma petição virtual em apoio à proibição dos DEFs. A manifestação já conta com mais de 8 mil assinaturas.


 

Dia Mundial Sem Tabaco discute danos do tabaco ao meio ambiente

Em 2022, o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, vai discutir os danos causados pelo tabaco ao meio ambiente - desde a produção, em que são usados agrotóxicos em grande quantidade e os próprios agricultores sofrem com condições insalubres, até o descarte, já que as bitucas são uma das principais formas de poluição marítima e os filtros são feitos de microplástico. 

 

 

O site oficial da Organização Mundial da Saúde para a campanha destaca que “a indústria do tabaco está lucrando enquanto destrói o meio ambiente e precisa ser responsabilizada”. A página também alerta que a indústria tenta desviar o foco por meio de doações e ações voluntárias que causam pouco (ou nenhum) impacto real.

Ao longo do mês de maio, e especialmente na última semana, serão realizados vários eventos e debates sobre o tema. 

 

Contrabando de cigarros no Brasil

Contrabando de cigarros há 32 anos no Brasil: há solução?”: Este foi o tema do debate promovido pelo Correio Braziliense, em abril, com apoio da ACT Promoção da Saúde. Durante o evento, transmitido ao vivo, os especialistas Jorge Antônio Rachid, Tania Cavalcante, Roberto Iglesias e José Ângelo Divino fizeram um panorama do problema e explicaram porque baixar impostos não é a solução. O Protocolo para Eliminar o Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco, do qual o Brasil é signatário, propõe medidas mais efetivas, como ações de fiscalização e vigilância de fronteiras, e que não prejudicam a saúde pública. O Protocolo também destaca a importância da cooperação internacional - no caso brasileiro, principalmente com o Paraguai, origem de grande parte dos produtos contrabandeados.

 

Desvendando as entrelinhas do contrabando de cigarros - ACT

 

A moderação do encontro ficou a cargo de Vicente Nunes, editor executivo do jornal. O debate pode ser assistido na íntegra no YouTube do Correio Braziliense e deu origem a uma série de reportagens:

 


 

Prêmio Marcos Moraes 

Estão abertas as inscrições para a edição 2022 do Prêmio Marcos Moraes de Pesquisa e Inovação para o Controle do Câncer, da Fundação do Câncer. 

 

 

O Prêmio Marcos Moraes é um reconhecimento ao trabalho de pessoas, instituições científicas, hospitalares ou do Terceiro Setor que desenvolvem pesquisas, ações de promoção da saúde e prevenção do câncer, diagnóstico, tratamento e desenvolvem trabalhos em cuidados paliativos. As inscrições para a premiação são gratuitas e podem ser feitas até 22 de maio. 

O médico Marcos Moraes, um dos grandes oncologistas do país, foi diretor do Instituto Nacional de Câncer, presidente da Academia Nacional de Medicina e idealizador da Fundação do Câncer.

 

Campanha Doce Veneno 

Propagandas atraentes e preço baixo são estratégias das indústrias de bebidas açucaradas para atrair o consumidor e esconder os malefícios que esses produtos podem provocar para a saúde. 

 

 

Só no Brasil, tais bebidas já causaram mais de 1,3 milhão de casos de diabetes tipo 2, além de estarem associadas à obesidade, ao AVC e a outras doenças, de acordo com estudo realizado em 2020 pelo Instituto de Efectividad Clinica e Sanitaria (IECS). Os problemas de saúde pública trazidos pelo consumo de bebidas açucaradas fazem o SUS gastar R$ 3 bilhões por ano.

Estes dados serviram de base para a campanha Doce Veneno, que mostra o que a propaganda não quer que você saiba. No site oficial, apresentamos soluções em políticas públicas que ajudam a tornar os ambientes favoráveis à alimentação saudável.

 

Vigitel 2021

O Ministério da Saúde apresentou os dados da Pesquisa Vigitel 2021, que mapeia 

informações sobre fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis a partir do contato telefônico com pessoas acima de 18 anos de capitais e do Distrito Federal.  

Houve redução de 32% no percentual de tabagismo nos dez últimos anos (de 13,4% em 2011 para 9,1% em 2021), mas a prevalência de fumantes parece estar estagnada desde 2017. Os dados mostram que tabagismo é maior entre homens (11,8%) do que entre mulheres (6,7%). O percentual de fumantes diminuiu com o aumento da escolaridade e foi particularmente alta entre homens com até oito anos de estudo (15,7%).

O tabagismo passivo em domicílio (6,9%) e no trabalho (5,4%) parecem não ter sofrido grandes alterações e, de maneira geral, acometem mais os homens do que as mulheres. 

O percentual de usuários de cigarros eletrônicos mantém-se estável desde 2019 (2,33%): em 2020 registrou 2,54% e, em 2021, 2,24%. Um recorte feito pelo Instituto Nacional de Câncer mostra que, entre pessoas com idade de 18 a 24 anos, o percentual de usuários de cigarros eletrônicos é maior (6,1%) do que na população geral da pesquisa e reduziu em comparação ao ano de 2020 (7,0%).

Quase 60% da população apresentou excesso de peso e mais de 22%, obesidade. Mais de um quarto referiu ter diagnóstico médico de hipertensão, e 9,1% de diabetes.

 

Ministério da Saúde inicia coleta de dados para o Vigitel 2021 — Português  (Brasil)

 

O consumo abusivo de bebidas alcoólicas nos últimos 30 dias foi de 18,3%, sendo maior em homens (25,0%) do que em mulheres (12,7%). Em ambos os sexos, essa frequência diminuiu com a idade a partir dos 35 anos e aumentou com o nível de escolaridade.  

Na atividade física, os índices também não estão bons. A frequência da prática de atividade física no tempo livre foi de 36,72%, um pouco menor que no ano de 2019, pré-pandemia (38,99%).  A inatividade está chegando a 73% entre os que têm mais de 65 anos. 


 

Covitel: os impactos da pandemia 

Entre o período pré-pandemia e o 1º trimestre de 2022, houve um aumento de 91,8% entre os brasileiros que avaliam negativamente seu estado de saúde, relatando que está ruim ou muito ruim. Índices que vinham melhorando nos últimos anos, como o tabagismo, tiveram a tendência positiva interrompida, se mantendo estagnados. 

 

Brasil registra 67 mortes por covid-19 e média móvel sobe 26% | Brasil |  Valor Econômico

 

Esses são alguns dos achados do Covitel, Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas Não Transmissíveis em Tempos de Pandemia, desenvolvida pela Vital Strategies e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) a partir da articulação e financiamento da Umane, cofinanciamento do Instituto Ibirapitanga e apoio da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco).

A redução da prática de pelo menos 150 minutos de atividade de intensidade moderada por semana aconteceu ao mesmo tempo em que os hábitos alimentares pioraram, com a diminuição do consumo de verduras e legumes e aumento de ingestão de álcool, por exemplo. Outro indicador que se destaca é relacionado à saúde mental: houve um aumento de 41% no diagnóstico médico de depressão.  

 

IPI de refrigerantes

Manual do Mundo - Conheça uma fábrica de refrigerante %

A ACT publicou uma nota pública apoiando o decreto nº 11.052, de 28 de abril de 2022, que zerou a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre xaropes concentrados de refrigerantes e outras bebidas adoçadas. Com esse decreto, a maior parte das empresas fabricantes de bebidas adoçadas, que estão instaladas na Zona Franca de Manaus (ZFM), deixa de receber um benefício fiscal bilionário, chamado de “crédito ficto (ou presumido) de IPI”. Apesar de a alíquota do IPI já ser zero para a compra de produtos fabricados na ZFM, as empresas adquirentes desses produtos, em sua maioria localizadas fora da ZFM, têm direito ao crédito tributário respectivo como se houvessem pago o referido imposto. Ou seja: quanto maior a alíquota do IPI dos concentrados, maior é o crédito dado às indústrias, que pode ser aproveitado até mesmo na cadeia produtiva das bebidas alcoólicas.  

 

Cide Refrigerante

A ACT participa de mobilização em apoio ao PL 2183/2019, que cria a Cide Refrigerantes. O projeto de lei está para ser votado na Comissão de Assuntos Sociais do Senado (CAS). Para apoiar basta acessar www.doceveneno.org.br, clicar na petição, e será enviada uma mensagem para os endereços de e-mail dos senadores e senadoras integrantes da comissão.

 

Um jeito fácil de entender quanto açúcar você está consumindo

 

A Cide Refrigerantes é uma contribuição com alíquota de 20% que será cobrada especificamente de importadores e produtores de bebidas açucaradas, e cujos recursos serão destinados ao Fundo Nacional de Saúde, para que sejam utilizados no Sistema Único de Saúde.  


 

ACT na reunião de acionistas da PepsiCo

A reunião de acionistas da PepsiCo, no último dia 4, contou com uma presença inusitada: Paula Johns, diretora-geral da ACT, fez uma apresentação sobre a resolução por mais transparência no apoio da empresa a ações políticas corporativas, junto com a Corporate Accountability International e um grupo de investidores ativistas, a Harrington Investors. 

A abordagem de Paula foi a respeito dos esforços da PepsiCo em impedir ou atrasar políticas públicas de saúde. Um dos exemplos citados foi o livro lançado recentemente, O Sabor do Açúcar, em parceria com a Papel Social, que investigou a cadeia produtiva de refrigerantes e trouxe à tona casos de violação de direitos humanos, como trabalho escravo, e de destruição do meio ambiente. 

 

 

Como exemplo específico, Paula relatou o lobby da Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes (Abir) contra a proibição da venda de refrigerantes em escolas e pela manutenção dos subsídios da Zona Franca de Manaus. A Pepsi é membro da Abir, da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos  (Abia) e da Rede Rotulagem, coalizão criada para acompanhar as discussões da Agência Nacional de Vigilância Sanitária sobre rotulagem nutricional frontal, mas que sempre apoiou modelos muito aquém do defendido pelas evidências e pela comunidade de saúde nacional e global.


 

A Que Custo?

O novo livro de Nicholas Freudenberg, A que custo? O capitalismo (moderno) e o futuro da saúde, publicado pela Editora Elefante, com apoio de O Joio e O Trigo e da ACT Promoção da Saúde, já está nas livrarias.

Professor da City University de Nova York e há quatro décadas  trabalhando com formulação de políticas públicas de saúde, Freudenberg analisa o poder acumulado pelas corporações e se propõe a investigar as mais diferentes áreas para apontar como as grandes empresas se tornaram o maior problema de saúde pública da atualidade. O autor deixa evidente que é preciso superar o sistema capitalista, que tem representado uma ameaça à nossa própria existência e ao planeta. 

 

 

O livro tem apresentação da diretora-geral da ACT Promoção da Saúde, Paula Johns, que destaca o adoecimento da sociedade contemporânea, exemplificado com a crise climática, o colapso da biodiversidade, o aumento das doenças crônicas não transmissíveis, os problemas de saúde mental, o surgimento de pandemias, o recrudescimento de racismos, violência e guerras, e a ausência de um planeta B.  Já o prefácio é do economista Ladislau Dowbor, consultor de várias agências das Nações Unidas e estudioso das alternativas ao capitalismo. Para ele, é um dos livros mais lúcidos sobre nossos desafios e caminhos, escrito de forma a fugir das simplificações ideológicas.

 

 

Em abril, o Blog da ACT destacou novas campanhas e ações da ACT e parceiros, como o lançamento do jogo Doce Bagaço, que apresenta de maneira lúdica as violações ambientais e de direitos humanos na cadeia de produção do açúcar, a petição da Fiocruz contra a liberação de cigarros eletrônicos e a campanha Não Engula Essa, uma parceria entre a ACT e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) sobre os impactos que a indústria de refrigerantes causa à saúde e ao ambiente.

Além disso, o Blog também teve textos sobre vendas ilegais de bebidas alcoólicas e cigarros eletrônicos a menores de idade realizadas por aplicativos de delivery, problema que vem preocupando pais e professores, e os malefícios à saúde causados por refrigerantes diet ou zero - que, diferente do que a indústria tenta fazer parecer, não têm nada de saudáveis.


 

Artigo do senador José Serra, sobre desafios atuais do tabagismo, publicado em O Estado de S. Paulo.

Embora estejamos em ano eleitoral, é importante lembrar que diversos projetos essenciais para melhorar a qualidade de vida da população continuam a tramitar no Congresso Nacional e não deveriam ser engavetados até que comece a nova legislatura, em fevereiro do próximo ano. Sobretudo no caso de temas ligados à saúde pública, como o combate ao tabagismo.

Em 2015, apresentei um projeto de lei (PL) que reúne algumas das principais medidas para o controle do tabagismo no País, incluindo a proibição do uso de aditivos de sabor em cigarros, o fim da propaganda de fumígenos no ponto de venda, a adoção de embalagens padronizadas sem elementos gráficos para atrair jovens e a tipificação como infração de trânsito o fumo em carros com passageiros menores de idade. Com essa combinação de propostas, o projeto tornou-se o mais abrangente da área, até então. Apesar da aprovação pelo Senado em 2019, a matéria permanece parada na Câmara dos Deputados.

Leia na íntegra aqui

 


 

 

Com menor peso corporal, crianças podem estar mais expostas ao potencial tóxico de aditivos alimentares

Bori Agência, 28/4/22

Na última década, a ciência vem apontando o aumento da compra de alimentos industrializados, especialmente os ultraprocessados, no Brasil e no mundo, muitas vezes com estratégias de marketing voltadas a crianças. Usualmente, esses produtos têm, entre seus ingredientes, aditivos alimentares, que são substâncias adicionadas para alterar sabor, cor, aroma e para aumentar a duração dos alimentos, entre outros fins tecnológicos. 

 


 

Dieta adequada derruba risco de diabetes mesmo com predisposição genética

Folha de S. Paulo, 27/4/22

A combinação de uma dieta desequilibrada, incluindo grandes quantidades de açúcares e gorduras, em indivíduos com predisposição genética eleva o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em até 119%. Por outro lado, em pessoas com risco genético elevado para desenvolver diabetes, uma dieta equilibrada, com frutas, legumes e vegetais crus e baixo consumo de ultraprocessados, reduziu em 30% o risco da doença.

 

 

Cigarro mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, diz OMS

GP1, Estadão Conteúdo, 23/4/22

Há não muito tempo atrás, fumar era considerado legal. Para ser visto como alguém descolado, que acompanhava as tendências, bastava andar com um cigarro entre os dedos. Ao menos era isso que mostravam as propagandas que somente foram proibidas nos anos 2000. Hoje, o tabagismo é entendido como uma doença causada pela dependência química da nicotina e, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano.

 


 

Boletim ACT 180

Diretoria: Paula Johns (Diretora Geral), Mônica Andreis (Diretora Executiva), Anna Monteiro (Diretora de Comunicação), Daniela Guedes (Diretora de Campanhas e Mobilização), Fabiana Fregona (Diretora Financeira), Adriana Carvalho (Diretora Jurídica)

Editoração: Anna Monteiro

Redação: Anna Monteiro, Juliana Waetge, Rosa Mattos, Emily Azarias

Mídias sociais: Victória Rabetim

Direção de arte: Ronieri Gomes




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