Escolas não conseguem comprar alimentos suficientes para merenda na rede estadual do RJ

28.04.22


Brasil de Fato, Jéssica RodriguesAs escolas estaduais do Rio de Janeiro estão enfrentando dificuldades em distribuir merenda para todos os estudantes. Com o retorno das aulas presenciais em um cenário econômico de crise no país e a volta de milhões de fam

As escolas estaduais do Rio de Janeiro estão enfrentando dificuldades em distribuir merenda para todos os estudantes. Com o retorno das aulas presenciais em um cenário econômico de crise no país e a volta de milhões de famílias à miséria, mais estudantes estão se alimentando na escola, segundo dados do Cadastro Único do Governo Federal (CadÚnico).

No entanto, a verba repassada pelo governo às escolas para a compra dos alimentos não é suficiente para acompanhar o aumento da demanda.

Uma professora da rede estadual de ensino do Rio de Janeiro que não quis se identificar explica, em entrevista para o programa Central do Brasil, uma parceria do Brasil de Fato com a rede TVT, que o valor repassado pelo governo é muito baixo. Segundo a docente, antes da pandemia eles conseguiam atender a todos os alunos porque um número menor se alimentava na escola, agora existem estudantes que têm apenas a merenda escolar como refeição no dia.

“Hoje, pós pandemia, a quantidade de alunos que a gente tem no colégio almoçando e lanchando aumentou bastante. A escola é obrigada a fracionar os alimentos, ou seja, é obrigada a colocar uma quantidade menor de alimentos no prato do aluno para que todos consigam comer e com isso eles ficam com fome”, relata.

De acordo com a professora ela, uma prática comum que a escola vem adotando para tentar suprir a demanda de merenda é a substituição de alimentos por outros mais baratos, o que acaba interferindo na qualidade da refeição.

A diretora da Escola de Nutrição da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e membro do Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição Escolar (Cecane), Alessandra Pereira, alerta que a situação de insegurança alimentar representa um grande risco para as crianças e jovens.

“A curto prazo temos o problema da fome que causa problemas de aprendizagem. Um estudante com fome não vai conseguir se ater a aula, se ater ao conteúdo. E a longo prazo esses problemas vão se somando a vários outros, desde comprometimento do crescimento, comprometimento cognitivo, a gente pode estar falando de aumento de um quadro de anemia”, explica.

Reajuste

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Educação do Estado do Rio (Seeduc) que respondeu em nota que o Governo do Estado reajustou a tabela com os valores da alimentação por estudante. O aumento será de 11% a partir de maio. A resolução foi publicada no Diário Oficial na última terça-feira (26).

Porém, o presidente da Associação dos Diretores de Escolas Públicas do Estado do Rio (Aderj), Almir Morgado, explica que o reajuste feito pelo governo ainda é muito baixo e insuficiente para as escolas comprarem a quantidade de merenda necessária para todos os estudantes.

“Nas escolas de horário parcial o valor por estudante atualizado com o reajuste do governo está em R$ 0,76. Qualquer pessoa pode pressupor que R$ 0,76 é realmente um valor muito baixo para adquirir todos os alimentos necessários para a elaboração do cardápio balanceado”, argumenta Almir.

O presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado Flavio Serafini (Psol), sugere que o reajuste deva ser de pelo menos 30% para garantir a qualidade e a quantidade das refeições.

“A gente continua mobilizando para que esse valor seja maior. O ano letivo vai até dezembro, mas as escolas não recebem o valor de alimentação para o mês de dezembro. Se elas já estão estranguladas para garantir a alimentação hoje, como elas vão garantir até o final do ano?”, questiona Serafini.

https://www.brasildefato.com.br/2022/04/28/escolas-nao-conseguem-comprar-alimentos-suficientes-para-merenda-na-rede-estadual-do-rj#:~:text=Porém%2C%20o%20presidente%20da%20Associação,necessária%20para%20todos%20os%20estudantes




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