Faça de sua casa uma academia e combata o sedentarismo

17.04.20


Gauchazs

internet não perdoa, mesmo em tempo de uma ameaça mundial. Nela, circulam memes sobre a comilança do isolamento e também da limitação de movimentação – vide a piadinha sobre fato de o deslocamento diário se resumir a uma caminhada da sala para o quarto, com algumas passagens pela cozinha. 

 

Brincadeiras à parte, as restrições impostas pelo coronavírus trazem preocupações que vão além da doença. O sedentarismo é uma delas. Entidades médicas e a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) defendem a prática semanal de 150 minutos de exercícios. Os benefícios da atividade regular vão desde redução da taxa de mortalidade até a diminuição no risco de desenvolver problemas cardiovasculares e metabólicos. Mas como manter o corpo ativo e fugir do sedentarismo com tantas restrições? 

As soluções existem, porém, dependem da boa vontade e dedicação de cada indivíduo. O médico Mário Wiehe, professor da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade do Rio Grande do Sul (PUCRS), reforça que idosos e pessoas com comorbidades, neste momento, devem evitar sair de casa. 

— Eles não devem combater o sedentarismo fora de suas residências. Esse é um ponto crucial. O isolamento para o grupo de risco deve ser seguido de forma rigorosa. Para isso, podem fazer exercícios dentro das suas casas ou no pátio do edifício — diz. 

A indicação é para caminhadas ou exercícios leves dentro dos apartamentos, preferencialmente seguindo as orientações de um profissional já conhecido. 

— Tem de ter a conscientização de que não são férias. Precisamos manter a atividade profissional remotamente e as atividades físicas dentro do possível. Em seu contexto adaptado é preciso fazer algum tipo de exercício de forma disciplinada. Então, cresce a importância do profissional de educação física ou fisioterapeuta, em alguns casos — defende o médico, que também é presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul (Socergs). 

Como fazer? 

O treinador Gabriel Hoerlle, da GH Centro de Treinamento, tem enviado treinos aos seus alunos através do WhatsApp. Pelo aplicativo, ele também orienta que a turma crie uma rotina, mesmo dentro de casa a fim de fugir das armadilhas da preguiça: 

— A parada total é ruim tanto para quem era atleta ou mantinha uma rotina de atividades quanto para quem não fazia nada, pois antes essa pessoa saía para trabalhar e agora não. É o que eu chamo da lei do ocioso: quanto mais tu ficas sem fazer nada, mais vontade de não fazer nada tu tens. Peço para que os alunos mantenham uma rotina: acordar hora tal, almoçar em horário X e, também, que estabeleçam um momento para treinar. Se não estipular uma hora para isso, a pessoa não vai treinar. 

Prática deve  ser diária

E para não ceder aos encantos do sofá não precisa muito. O professor de educação física recomenda itens básicos para fazer sua academia caseira. São eles: cabo de vassoura, mochila, sacolas de supermercado com mantimentos e cadeira. 

Embora a individualização seja fundamental, o treinador recomenda que a prática seja feita diariamente, com duração de 30 a 40 minutos, e sem necessidade de alta intensidade. 

— Se a pessoa não quiser fazer todos os dias, que faça de três a quatro vezes. O exercício melhora o humor, o sono. A pessoa vai se sentir melhor após a atividade — afirma. 

O importante, diz Hoerlle, é buscar profissionais habilitados e capacitados. Prefira aqueles que já o conhecem para prescrever treinos individualizados e fuja das dicas de blogueiros ou dos treinamentos genéricos. Outro conselho do profissional é começar com moderação para não se machucar ou ficar dolorido a ponto de se afastar das atividades por muito tempo. 

Nove exercícios

O professor Gabriel Hoerlle dá dicas de atividades adaptadas:

Afundo – Em pé, dê um passo à frente com uma das pernas. Flexione o joelho da frente e desça. O joelho de trás deve descer em direção ao chão.

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Agachamento – Deixe uma cadeira à disposição. Posicione-se em frente a ela, com as pernas abertas a uma distância um pouco maior do que a largura do quadril. Sente-se estendendo os braços para frente. Cuide para não deixar que os joelhos façam uma rotação para dentro.

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal O treinador Gabriel Hoerlle demonstra exercíciosGabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Agachamento búlgaro – Segue uma ideia semelhante ao afundo, no entanto, a perna de trás fica com o peito apoiado na cadeira. Desça lentamente sem deixar o joelho dianteiro ultrapassar a linha do pé.

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Agachamento sumô – Providencie duas sacolas com alimentos para servir de peso. Coloque-as em um cabo de vassoura. Para fazer o exercício, abra bem as pernas com as pontas dos pés voltadas para fora. Segure o cabo de vassoura com as sacolas em frente ao corpo. Desça como se fosse sentar, projetando os glúteos para trás. Retorne à posição inicial. 

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Apoio – Apoie braços e pés no chão. Os braços devem estar na largura dos ombros. Flexione os braços e desça em direção ao chão. Para iniciantes, pode-se apoiar os joelhos no chão. 

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Desenvolvimento – Sentado, pegue uma sacola em cada mão. Levante os braços na altura dos ombros, fazendo um ângulo de 90°. Estenda os braços e retorne à posição inicial. 

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Remada curvada – Coloque uma mochila com algum peso dentro em um cabo de vassoura. Em pé, abra as pernas, flexione levemente os joelhos e projete os glúteos para trás, mantendo as costas retas. Segure o “peso” em frente ao corpo e traga ele em direção ao tronco, flexionando os braços.

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Remada curvada supinada – Faça o mesmo processo anterior, dessa vez, com as palmas das mãos voltadas para cima. 

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Rosca direta – Usando cabo de vassoura e sacolas, flexione os cotovelos puxando o peso em direção ao peito.

 

Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal Gabriel Hoerlle / Arquivo Pessoal

Orientações básicas

  • Faça os exercícios com oito a 15 repetições. Nos exercícios unilaterais, faça o mesmo número de repetições para cada lado. 
  • Execute os movimentos no seu ritmo. 
  • Quando começar a sentir dificuldade, o melhor é parar. 
  • Respeite o seu limite.

Atenção à respiração

Ansiedade e estresse são alguns dos efeitos do isolamento social pelo qual passamos nesse momento. Além das atividades de força e aeróbicas, outro exercício é aliado nesse período: o pilates. Trabalhando bastante a respiração, ele atua auxiliar no alívio às tensões provocadas pelas horas a fio sentados em uma cadeira. 

— São exercícios de mobilidade que a gente faz para distensionar a musculatura. As pessoas ficam muito tempo sentadas, ou com o celular, com os ombros para frente. São exercícios de respiração, equilíbrio — explica a professora de educação física Roberta Ortega. 

Antes das aulas da modalidade, os alunos são convidados a fazerem uma pausa para focar exclusivamente na entrada e saída do ar dos pulmões. 

— Só o ato de fazer isso vai diminuir a frequência cardíaca. Quando estão ansiosas, as pessoas têm níveis de frequência alterados. Fazendo isso, ameniza a ansiedade e, consequentemente, o estresse também. Pode-se fazer quando e onde quiser: sentado, deitado. Importante é perceber o movimento do tórax, sentir que ele está abrindo e fechando como se fosse uma sanfona. 

Como fazer

Posicione os quatro dedos das mãos na frente das costelas e os polegares para trás. Inspire pelo nariz em quatro tempos e solte o ar pela boca em seis tempos. A ideia de colocar as mãos sobre as costelas é justamente para sentir que elas se expandem ao inspirar e se “encolhem” ao expirar.

Quando o isolamento acabar

Ainda que não seja possível precisar uma data para o fim da limitação de circulação, a retomada das atividades físicas, quando for possível, deve ser feita com cautela. O médico Mário Wiehe indica que todos deem um passo para trás nas cargas e metas antes de avançar novamente:  

— Não queira, em uma semana, perder cinco quilos ou voltar a correr 10 quilômetros. É preciso ter humildade e bom senso. Nesse sentido, é muito importante a orientação dos profissionais de educação física.  

O educador físico Gabriel Hoerlle sugere que o retorno seja focado naquelas atividades que mais dão prazer: 

— Não precisa ser atleta. Mas fazer alguma atividade que tenha prazer. Gosta de tênis? Vá jogar. Gosta de futebol? Jogue. Quer um treino diferente? Peça ao seu professor na academia.

https://gauchazh.clicrbs.com.br/fique-bem/noticia/2020/04/faca-de-sua-casa-uma-academia-e-combata-o-sedentarismo-ck92sgd6g0064014q96dufm6s.html




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