Idec lança campanha em que cobra da Anvisa clareza em rótulos de alimentos ultraprocessados

29.09.20


Brasil247

Este é o título do anúncio publicado nesta terça-feira, 29, na edição impressa do jornal O Globo, que faz parte da campanha que o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável lançaram esta semana e que cobram da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) a inclusão dos triângulos de alerta nas embalagens, principalmente, dos alimentos ultraprocessados.

Estes triângulos indicam se os alimentos têm alto teor de sódio, de açúcar e de gorduras saturadas.

Ilustrado com uma foto em que aparecem uma barrinha de cereais, uma lata de refrigerante e um pacote de batatas fritas, o anúncio lembra que “já são 6 anos esperando” que a Anvisa passe a exigir da indústria alimentícia a aplicação dos triângulos nas embalagens.

“Alimentos ultraprocessados escondem quando há excesso de nutrientes que colocam em risco a nossa saúde, como sódio, açúcar e gosduras saturadas”, informa o texto do anúncio. 

A campanha criada pela agência Repense será veiculada também em sites, mídia exterior e canais de TV por assinatura. 

Desde 2014, as duas entidades tentam aprovar um modelo com advertência nutricional na parte da frente das embalagens de alimentos, o que, certamente, desagrada a indústria de alimentos ultraprocessados. 

A proposta do Idec é pela aplicação de triângulos de advertência sobre o excesso de nutrientes prejudiciais à saúde na parte da frente das embalagens dos alimentos.

Segundo o Idec, “a ciência já provou que a maneira mais eficaz de informar o consumidor sobre as reais características de um produto é exibindo alertas na parte da frente das embalagens”.

O Idec se baseia em cinco argumentos para justificar que “os triângulos são a melhor opção quando o assunto são as novas regras para os rótulos dos alimentos”.

  1. Evidências científicas internacionais. Estudos científicos apontam que o modelo de advertências, como o proposto pelo Idec à Anvisa, é mais eficaz para informar corretamente o consumidor sobre as reais características de um produto – principalmente quando comparado ao modelo do semáforo nutricional, defendido pela indústria de alimentos não saudáveis. Segundo um estudo do Nupens/USP (Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo), em parceria com pesquisadores do Idec e a Universidade Federal do Paraná, os triângulos chamam mais a atenção do consumidor e são percebidos como mais confiáveis e úteis na hora da compra. 
  2. O sucesso dos alertas no Chile. O modelo dos triângulos foi inspirado, em parte, na experiência do Chile, que desde 2016 adota, com bons resultados, um modelo semelhante. Lá, as advertências nas embalagens dos alimentos (que são em forma de octógono) ajudaram a reduzir o consumo de produtos não saudáveis, além de serem facilmente compreendidos por diversos grupos, incluindo os mais jovens. Com o impacto negativo sobre o consumo, diversas empresas anunciaram a reformulação de produtos não saudáveis altos em açúcar, sódio e gorduras - como refrigerantes, cereais matinais, iogurtes e queijos. 
  3. O relatório da própria Anvisa. Após quatro anos de debate, a Anvisa publicou em maio de 2018 um relatório preliminar que diz que o modelo de advertências, como os triângulos, é a opção mais eficiente para informar o consumidor sobre as reais características dos produtos. 
  4. A facilidade de entendimento (acessibilidade). Os triângulos são facilmente identificados e entendidos, sem a necessidade de interpretar muitas informações ao mesmo tempo nem fazer cálculos (ao contrário do que propõe o modelo do semáforo nutricional defendido pela indústria de alimentos não saudáveis). Ou seja, os triângulos podem ser facilmente compreendidos como alertas por crianças, daltônicos e até pessoas não alfabetizadas. Isso porque a presença de um ou mais triângulos já indica ao consumidor que há excesso de algum nutriente crítico para a saúde. Quanto mais triângulos, pior o produto. 
  5. Apoio de nutricionistas, médicos e pesquisadores. Mais de 30 organizações das áreas de saúde, bem-estar e direito do consumidor defendem a proposta apresentada pelo Idec, entre elas a Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva), a Asbran (Associação Brasileira de Nutricionistas), o CFN (Conselho Federal de Nutricionistas), a SBH (Sociedade Brasileira de Hipertensão), a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e o INCA (Instituto Nacional de Câncer). Além disso, especialistas e pesquisadores, referências mundiais no estudo sobre obesidade, diabetes e nutrição em saúde pública de centros como as universidades de São Paulo, de Nova York, de Yale, da Carolina do Norte e de Auckland, já fizeram um apelo às autoridades brasileiras para que esse modelo sirva de guia para as novas regras.

A Anvisa prometeu discutir o assunto numa próxima reunião, dia 6 de outubro.

https://www.brasil247.com/blog/idec-lanca-campanha-em-que-cobra-da-anvisa-clareza-em-rotulos-de-alimentos-ultraprocessados




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