Número de fumantes passivos dentro de casa cai 42% no Brasil
29.08.17 - O GloboO Globo
Ministério da Saúde comemora dado; Tabagismo passivo é terceira maior causa de morte evitável
RIO — Os brasileiros fumam cada vez menos dentro de casa, reduzindo os riscos de os familiares inalarem a fumaça. Esta foi a conclusão da última edição da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde. Em oito anos, houve queda de 42,5% no número de fumantes passivos nas casas brasileiras. O dado foi divulgado nesta terça-feira, em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Fumo.
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A frequência de fumantes passivos nos domicílios foi mais alta entre os jovens (18 a 24 anos), de ambos os sexos. A pesquisa foi feita por telefone nas 26 capitais e no Distrito Federal e contou com 53.210 entrevistas.
O ministro da Saúde, Ricardo Barros, comemorou a redução e destacou que as ações da pasta não vão parar.
— Continuaremos investindo nessa área e ampliando a divulgação das campanhas. Vamos também orientar as crianças por meio do Saúde na Escola, criando resistência a esse início do vício de fumar que acontece, principalmente, na adolescência — ressaltou.
A queda no número de fumantes passivos em domicílio vem junto com a redução de fumantes no país. Nos últimos 10 anos, houve diminuição de 35% no número de usuários de produtos derivados do tabaco.
MORTES EVITÁVEIS
O tabagismo passivo é causa de doenças e morte. Em 2015, o Ministério da Saúde registrou 17.972 óbitos. Ser fumante passivo significa inalar fumaça de cigarros (ou outros produtos derivados do tabaco) por pessoas que não fumam. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2013, o tabagismo passivo foi a terceira maior causa de morte evitável no mundo, perdendo apenas para o tabagismo ativo e para o consumo excessivo de álcool.
A diretora do Instituto Nacional do Câncer (Inca), Ana Cristina Pinho, destacou a importância do Dia Nacional de Combate ao Fumo.
— A data é para reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população brasileira para os danos sociais, políticos, econômicos e ambientais causados pelo tabaco. Essa foi a primeira legislação em âmbito federal relacionada à regulamentação do tabagismo no Brasil, inaugurando a normatização voltada para o controle do tabagismo como um problema de saúde coletiva e que completa hoje 30 anos — afirmou.
CONTRA ADITIVOS
Durante a comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Ministério da Saúde e o Inca reiteraram o posicionamento a favor da proibição de aditivos em cigarros, usados com o a finalidade principal de facilitar a iniciação de jovens no tabagismo.
Aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação direta de inconstitucionalidade (ADI) contra uma resolução da Anvisa de 2012 que proíbe o uso de aditivos. A indústria do tabaco conseguiu liminar em 2013 para dar continuidade à oferta. Essas substâncias dão sabores mentolados e adocicados aos cigarros e diminuem a aversão à fumaça e ao gosto ruim do tabaco.
Para a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos Não Transmissíveis e Promoção da Saúde, do Ministério da Saúde, Fátima Marinho, é de suma importância o STF proibir essa ação.
— É fundamental acabar com os aditivos, para transformar o produto em uma coisa menos atrativa, menos saborosa. Porque o adolescente que ao aderir o consumo vai se tornar, provavelmente, um adulto fumante — destacou ela.
Ainda não tem data marcada para esse julgamento.
Link: http://bit.ly/FumantePassivo
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