monitorACT | Edição 17

16.03.23


ACT PROMOÇÃO DA SAÚDE

 

 

Editorial 

O mercado de consumo se mexe de forma a sempre ter atrativos para seus clientes. Produtos viram modismos, se tornam objeto do desejo ou caem no ostracismo, conforme a época e as estratégias adotadas para torná-los o que são. O que não deveria ser aceito é que empresas ofereçam produtos que ponham em risco a saúde dos consumidores, o meio ambiente e os direitos humanos, e ainda rejeitem ou tentem barrar regulamentações. 

Nesta edição especial do MonitorACT focamos na indústria de bebidas alcoólicas e a interseção que apresenta com as de tabaco e produtos ultraprocessados. Assim,  temos uma infinidade de velhos produtos com novas roupagens e cadeias produtivas problemáticas, inclusive com envolvimento com trabalho infantil e análogo à escravidão.

Em Bebida alcoólica sem álcool, refrigerante sem açúcar, barrinha para bebedeira. E funciona?,  Bruna Kulik Hassan observa a nova onda do mercado de bebidas açucaradas e alcoólicas, incompatível com as consequências de seus produtos: uma vida mais saudável. O setor de cerveja, por exemplo, traz opções com menos carboidratos e calorias, sem glúten ou sem álcool, e foi lançada até a barrinha de cereal que combate a bebedeira. E esses novos produtos chegam acompanhados de pesadas estratégias de marketing, como não poderia faltar. Afinal, eles terão que se tornar objetos do desejo, especialmente de jovens.

Mariana Pinho e Victória Rabetim mostram as  substâncias adicionadas a esses produtos para viciar, no texto Do tabaco ao álcool: o poder de atração dos aditivos para viciar novos consumidores. O papel de aditivos de sabor e aroma para  atrair os consumidores e favorecer a experimentação, e a ajuda da embalagem bonita, cool, é fundamental dentro dessa lógica de ganhar consumidores e fidelizá-los ao produto.

Por fim, também chamamos a atenção para o fato de que empresas que fabricam produtos nocivos vêm investindo fortemente na melhoria de suas imagens, o que já foi abordado em outras edições. Aqui, Laura Cury e Vitória Moraes mergulham na maquiagem que não leva a mudanças estruturais, mas fica bacana na foto: as estratégias de blackwashing. O texto delas, Sankofa: a cerveja da Ambev e o provérbio ganês, mostra a nova marca da empresa, que usa a ancestralidade africana para vender. Mudanças estruturais para valer, não vemos.

 

Boa leitura,

Anna Monteiro

Diretora de Comunicação

 




 

Bebida alcoólica sem álcool, refrigerante sem açúcar, barrinha para bebedeira. E funciona?

Por Bruna Kulik Hassan

 

A nova onda do mercado de bebidas alcoólicas é se adaptar à tendência de busca por hábitos de vida mais saudáveis. Diante disso, grandes empresas do setor de alcoólicos estão se desdobrando na criação de opções mais saudáveis, atrelando a vida mais saudável, muitas vezes, ao mero consumo de poucas calorias. 

Na categoria cervejas, as bebidas alcoólicas mais consumidas no Brasil, as inovações se diversificam entre a criação de opções com menos carboidratos e calorias a opções sem glúten ou sem álcool, e estratégias de marketing que associam esses produtos a um estilo de vida mais saudável. A Stella Artois, da Ambev, lançou sua versão sem Glúten em 2020. A Heineken versão sem álcool, ou “Heineken 0.0”, anunciou parceria com o holandês bicampeão de F1 Max Verstappen, embaixador da cerveja sem álcool e, ao que tudo indica, sem açúcar. Curiosamente, ao entrar no site da marca, as perguntas frequentes sobre a Heineken 0.0 incluem a indagação “Refrigerante Zero é sem açúcar. Cerveja Zero é sem açúcar?” 1

 

Max Verstappen em campanha com a Heineken 0.0

1  A resposta à pergunta: “Assim como a Heineken original, a receita da cerveja Heineken 0.0 não contém açúcar de cana. Entretanto, alguns açúcares são formados pelo processo normal da fermentação do malte de cevada, como em qualquer cerveja. A referência 0.0, neste caso, refere-se ao teor de álcool, conforme legislação vigente no Brasil, que determina como “cervejas 0.0” aquelas com teor de álcool inferior a 0,05%. Esse é o caso da Heineken 0.0, que possui teor alcoólico de no máximo 0,03%.”

Na esteira das campanhas de estilo de vida saudável, outra ação da Heineken denominada “0.0 Álcool - 0.0 Barreiras” conduzida em janeiro deste ano no Rio de Janeiro buscava premiar a prática de responsabilidade ao dirigir. A ação consistia em conceder isenção tarifária aos motoristas ao passar pelo pedágio na Rodovia Via Lagos com uma embalagem de Heineken 0.0 em mãos.

Entre as bebidas focadas no público jovem, o caminho da vida saudável pega outra direção. Outras formulações líquidas combinam álcool e açúcar, como é o caso dos drinks prontos para beber da Beats, da gigante Ambev. A figura abaixo mostra o açúcar como o segundo ingrediente da Beats Gin e Tônica, em sequência à água gaseificada. Os ingredientes são dispostos em ordem decrescente de acordo com sua quantidade. 

 

Fonte: Site do Pão de Açúcar 

 

A despeito de conterem ou não açúcares, bebidas alcoólicas estão dispensadas de ter em seus rótulos uma tabela de informação nutricional, conforme previsto na Resolução da Diretoria Colegiada - RDC nº 429, de 8 de outubro de 2020 e Instrução Normativa - IN nº 75, de 8 de outubro de 2020, que traz a nova norma de rotulagem nutricional de alimentos em vigor desde outubro de 2022. Assim, é facultativo incluir tabela nutricional em bebidas alcoólicas, e apenas a declaração do valor energético total é suficiente nestes casos, segundo prevê a norma. A nova rotulagem nutricional frontal, que traz alegações em formato de uma lupa na frente dos rótulos de alimentos embalados que contiverem alto teor de açúcar adicionado, sódio e/ou gordura, é vedada para bebidas alcoólicas. No caso da Beats, o consumidor só saberá que existe açúcar adicionado ao produto se olhar com bastante atenção a lista de ingredientes, mas não saberá sua quantidade.  

Mesmo que os consumidores não saibam se a Beats contém açúcar adicionado ou não, para equilibrar um possível excesso de ingestão de álcool a marca anunciou para o carnaval de 2022 o lançamento da “On By Beats”, uma barrinha de cereal que tem a capacidade de reduzir até 20% a absorção de álcool do organismo. Desta forma, a Ambev vende um pacote dois em um. Um produto que embriaga e outro para “desembriagar”. Combinação perfeita entre Big Alcohol e Big Food.

Acompanhando as inovações dessas gigantes do setor, não será surpresa que surjam bebidas alcoólicas sem álcool e com açúcar - ou seriam bebidas açucaradas? - prometendo mil efeitos funcionais que deixam as pessoas mais dispostas, mais felizes, mais incríveis, mais equilibradas, e uma profusão de outros atributos que as transformem em super-heroínas vivendo no Éden. Voltando à Terra, caso as bebidas alcoólicas sem álcool e com açúcar entrem no mercado, estariam dispensadas das regras de rotulagem nutricional? Resta acompanhar e monitorar o futuro dessas bebidas.

 


 

 Do tabaco ao álcool: o poder de atração dos aditivos para viciar novos consumidores

Mariana Pinho e Victória Rabetim

 

Como se não bastasse a infinidade de aditivos alimentares presentes nos alimentos ultraprocessados que invadem as prateleiras dos mercados e quitandas, os aditivos presentes nos produtos de tabaco utilizados para atrair jovens ao tabagismo, temos também aditivos de sabor e aroma em bebidas alcoólicas.

As bebidas alcoólicas aromatizadas entraram no mercado por volta dos anos 1980: Smirnoff Ice, Bacardi Silver entre outros, que são um híbrido de álcool e aromatizantes. Antes disso, as bebidas alcoólicas mais comuns eram a cerveja tradicional, o vinho e os destilados.

Os aditivos de sabor e aroma tem um papel muito claro: atrair os consumidores e favorecer a experimentação. Em outras palavras: produto projetado para ajudar na transição de jovens novatos a bebedores regulares. São também estratégias de marketing, afinal a adição de substâncias nas bebidas alcoólicas está sempre refletida na embalagem, e, a embalagem é, sem sombra de dúvida, um elemento importante de marketing que influencia na decisão de compra.

 

As cervejas com sabores já têm até apelido: são cervejas “terpenadas”. Acontece que certas bebidas alcoólicas aromatizadas podem conter, além dos compostos naturais das bebidas, substâncias sintéticas adicionadas e ingredientes isolados de ervas e especiarias. Quando artificiais, o processo de obtenção das fórmulas de aromas e fragrâncias geralmente são segredos comerciais nas indústrias de aromas e fragrâncias. Há registros de mais de 1300 componentes de aromas para bebidas alcoólicas. Uma explosão de sabores que causa estragos à saúde.

O fato de haver segredo comercial a respeito das formulações dos aditivos resulta em falta de transparência sobre a real composição dos produtos. Aromas e sabores produzidos artificialmente são substâncias químicas que podem oferecer muito além do prazer explosivo causado pelo sabor da manga, por exemplo. Podem trazer risco à saúde e induzir o consumidor a um pensamento distorcido pela estratégia de marketing: “essa bebida tem fruta, frutas têm vitaminas e fazem bem, logo essa bebida me oferece algum benefício”. Vale lembrar que nenhuma bebida alcoólica, com ou sem aditivos, traz benefício.

Lá em 2010, a  Food and Drug Administration, agência americana equivalente à Anvisa nos EUA, fez um alerta a quatro empresas de que a cafeína adicionada às suas bebidas de malte era um “aditivo alimentar inseguro”, e eram passíveis de apreensão por lei federal. Podemos ver que o tema é antigo, presente em vários lugares do mundo e que ameaça a saúde global.

 

(Zelus Beer/Reprodução) https://exame.com/casual/novas-cervejas-de-atleta-bebem-na-fonte-dos-energeticos/

Assim como nos cigarros, os aditivos também são incorporados com finalidades diversas, para além de conferir aroma e sabor - o uso de corantes é o exemplo mais fácil de ocorrer à memória. Também tem a cerveja para atletas, com “eletrólitos, trigo sarraceno e pólen de abelhas para amenizar o dano da desidratação ao corpo”, como destacou uma matéria da Exame, tema comentado em artigo nosso na Edição 15 do MonitorACT

As informações sobre compostos não aromatizantes são menos extensas do que as de componentes do aroma. Por vezes, aditivos utilizados no processo de cultivo ainda podem ser encontrados nas bebidas. O uso de fungicidas contendo arsênico em vinhedos pode resultar em níveis elevados de arsênico em uvas e vinhos, e isso refletir em níveis elevados da substância cancerígena no sangue dos consumidores, como demonstrou um estudo pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), da Organização Mundial da Saúde, em 1988.

Outro exemplo, ocorreu nos Estados Unidos. Achados mostram que a indústria manipulou as substâncias das cervejas e interferiu em processos de classificação, para que as bebidas “supersized alcopops” - com alto teor de álcool vendidas a baixo preço - continuassem como cervejas e não destilados. 

“O processo de produção dos fabricantes e os esforços de lobby da indústria parecem ter subjugado e moldado a aplicação da lei federal para permitir que as bebidas alcoólicas aromatizadas permaneçam erroneamente classificadas como cerveja, o que torna esses produtos mais baratos e acessíveis aos jovens. Esta é uma preocupação significativa de saúde pública porque: (a) a acessibilidade e o preço são os dois principais fatores associados ao consumo de álcool por adolescentes e (b) esses produtos são formulados e comercializados para serem atraentes para bebedores novatos ou iniciantes”.

Vale lembrar que nos cigarros comercializados no Brasil, os aditivos estão proibidos pela Anvisa desde 2012. No entanto, por questionamentos judiciais provocados por entidades que defendem os interesses da indústria do tabaco, existe um imbróglio que inviabiliza sua entrada em vigor, lamentavelmente. Na ocasião da resolução, o Brasil foi o primeiro país no mundo a proibir, dentre os aditivos, o mentol. A não entrada em vigor da norma acaba dando espaço para o absurdo que foi a promoção de um cigarro eletrônico com vitaminas. Ah, mas isso é tema para outro artigo, mas já foi comentado no mesacast do Ciência Suja sobre aditivos em tabaco.

 


 

Sankofa: a cerveja da Ambev e o provérbio ganês

Laura Cury e Vitória Moraes

 

Para chegarmos na essência deste artigo, precisamos voltar ao ano de 2020, marcado por muitos acontecimentos históricos, como o Brexit, o início de uma pandemia provocada por um vírus desconhecido e uma onda de manifestações por justiça racial mundo afora. Desde o assassinato de George Floyd, um estadunidense negro morto por um policial branco, em Minnesota, o debate sobre racismo e desigualdade racial tomou grande proporção em vários países. Meses depois  do acontecimento, o brasileiro João Alberto de Freitas foi agredido e asfixiado por dois seguranças em uma das unidades do Carrefour, em Porto Alegre. 

A crescente pressão popular por medidas de enfrentamento ao racismo fez com que governos e empresas se mobilizassem em relação à pauta. Assim, um grupo de corporações de diferentes setores, contemplando a indústria de alimentos e bebidas ultraprocessadas e bebidas alcoólicas, como Ambev e Mc Donald’s, por exemplo, se uniu no Movimento pela Equidade Racial (Mover), que tem por objetivo ser uma ferramenta de combate ao racismo, com ações que atuem na redução do cenário da desigualdade racial no Brasil.

Acompanhamos crescentes compromissos de ampliação da diversidade étnico-racial nos espaços institucionais, e uma maior quantidade de rostos negros e de simbologias que remetem às expressões da cultura afro-brasileira em peças de marketing e publicidade, além do patrocínio de eventos idealizados por e para pessoas pretas. Muitas vezes trata-se, porém, de estratégias de blackwashing, uma espécie de maquiagem, sem mudanças realmente estruturais, para tornar mais atrativo o que está sendo feito em termos de equidade racial, assim como o já conhecido greenwashing, que engloba as práticas de sustentabilidade ambiental. No blackwashing, a empresa se posiciona publicamente em campanhas de marketing e em ações de responsabilidade corporativa como defensora da diversidade e dos direitos raciais. Entretanto, na maior parte das vezes, tal diversidade não se vê refletida em seus quadros, especialmente em cargos de maior poder, como confirmam alguns estudos e reportagens. Uma matéria recente de   O Joio e O Trigo, em conjunto com o Alma Preta Jornalismo, mostrou que pessoas negras ainda são minoria em cargos de liderança, além de receberem menores salários. As empresas podem até expor anseios para alcançar a equidade racial, mas suas metas tendem a ser pouco explicativas e os documentos que tratam da pauta, vagos.  

Quando ações de fato acontecem, é preciso atentar ao impacto delas, pois muitas vezes são pífias quando comparadas à dimensão do problema e não tocam na raiz do problema. Caso contrário, trata-se apenas da tal maquiagem, onde as empresas se aproveitam de causas importantes à sociedade para ganhar engajamento e investimentos, mas pregam essas atitudes apenas da porta para fora, mostrando que esta é apenas mais uma das estratégias utilizadas com o intuito de melhorar suas respectivas imagens perante a sociedade e vender mais.

Um exemplo recente disso aconteceu com a indústria do álcool. Em janeiro deste ano, foi anunciado o lançamento de mais uma cerveja da Ambev no mercado brasileiro: a Sankofa, que também é o nome de núcleo de estudos da Fundação Oswaldo Cruz.” A palavra Sankofa tem origem num provérbio ganês: “Não é tabu voltar atrás e buscar o que esqueceu”. Criada pelo Bock, grupo de afinidade dos funcionários da Ambev que fomenta discussões e ações práticas voltadas para questões étnico-raciais, em conjunto com a cervejaria Implicantes, a cerveja “nasceu para celebrar a luta antirracista e trazer a ancestralidade africana para o foco. Segundo Rozilene Sá, mestre-cervejeira da Ambev e integrante do Bock, e líder das ações da criação da nova cerveja, “Sakofa é potência, é sobre voltar e pegar o que se perdeu, pois é conhecendo o passado que podemos desenvolver um futuro melhor".

 

 

 

 

O consumo de álcool, no Brasil, principalmente da cerveja, a bebida alcoólica mais consumida por aqui, é fortemente estimulado pelas fabricantes através de ações de publicidade e marketing, além da interferência na tomada de decisões políticas. Segundo o Vigitel para a População Negra 2018, a discriminação racial é um dos fatores de risco para o desenvolvimento do alcoolismo, observado nos números que apontam maior porcentagem na frequência de consumo abusivo de álcool entre pessoas negras quando comparadas à população branca. Já o Covitel 2022 aponta que houve uma redução significativa do consumo de bebida alcoólica durante a pandemia de Covid-19 entre homens de 35 a 44 anos, de menor escolaridade, com cor da pele preta e parda. Assim, pode-se supor que, ao lançar a Sankofa, a Ambev esteja de fato buscando recuperar um mercado consumidor reduzido.

A empresa anunciou que o lucro das vendas da nova cerveja será revertido para a organização Abraço Campeão, que desenvolve o potencial dos jovens da comunidade do Complexo do Alemão por meio de artes marciais, educação e desenvolvimento pessoal. 

Devemos lembrar que, no Brasil, a iniquidade racial é fruto do sistema opressivo escravocrata que foi a força motriz de diversas importantes atividades econômicas, como o plantio de cana-de-açúcar, a extração de ouro e pedras preciosas, a criação de gado e o plantio de café, por quase quatro séculos. A iniquidade está baseada na herança histórica do trabalho escravo.

Porém, a escravidão, agora com roupagem moderna, continua entre nós, mesmo após o decreto da Lei Áurea, em 1888. Constantemente sabemos de casos de trabalho análogo à escravidão, com o exemplo mais recente acontecendo em algumas das vinícolas mais importantes do país, a Aurora, Salton e Cooperativa Garibaldi, na região sul do país. Em fevereiro, fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego flagraram mais 200 homens contratados para colheita de uva vivendo em condições degradantes, inclusive com torturas e castigos.

Em março de 2021, uma ação da Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, ligado ao Ministério da Economia, libertou 23 estrangeiros em situação análoga à escravidão, a serviço da Ambev, do grupo Heineken e de uma transportadora terceirizada contratada por ambos. De acordo com relatório produzido pelo Ministério da Economia, as cervejeiras “falharam” e agiram com “cegueira deliberada ao ignorar a devida verificação do cumprimento” das leis envolvendo a transportadora, visando o lucro “em detrimento de normas de proteção do trabalho”

Para além de regimes de trabalho e quadros de funcionários, vale ainda ressaltar que essas empresas lucram com um sistema que é estruturado na exploração, na opressão e na pobreza, além de se beneficiarem de políticas liberais de austeridade, que prejudicam principalmente os grupos mais vulneráveis da sociedade, como as pessoas negras. A Ambev já economizou R$ 2,8 bilhões em impostos no país, e mais recentemente foi acusada por uma dívida de R$ 30 bilhões, devido à sua atuação na Zona Franca de Manaus. Dar subsídios fiscais a empresas ou produtos que causam danos à saúde e à sociedade é um absurdo. Os governos precisam aumentar os tributos desses produtos e torná-los menos acessíveis à população. Assim, também arrecadariam mais recursos, que deveriam ser atrelados ao sistema de saúde e usados em prevenção dos fatores de risco das doenças crônicas não transmissíveis, assim como em práticas de promoção efetiva da equidade racial. É esta a proposta que defendemos na reforma tributária 3S: saudável, sustentável e solidária.

Por que vale a pena reparar a dívida histórica com brasileiros afro-descendentes, mas não evitar que tenhamos a mesma situação com pessoas da atualidade? A Ambev se valeria da aplicação real de sua própria marca de cerveja para “voltar atrás e buscar o que esqueceu”, ressignificando o presente e construindo [outro] futuro.

 


 

Ficha Técnica

Revisão e edição: Anna Monteiro

Arte: Ronieri Gomes

Equipe de monitoramento

Anna Monteiro

Bruna Hassan

Denise Simões

Fabiana Fregona

Laura Cury

Mariana Pinho

Marília Albiero

Sarah Fernandes

Victoria Rabetim

Vitória Moraes




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